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Nova PAC: Europa cerceia desenvolvimento científico

Esta nova tecnologia de manipulação dos genes, “que é extraordinária”, diz Divanildo Monteiro, poderá ter condicionantes na Europa.

21 de Setembro de 2021 às 18:00
David Cabral Santos
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"Muita da mão de obra, como engenheiros zootécnicos, agrícolas, florestais, não trabalha diretamente na agricultura mas em empresas prestadoras de serviços, associações, porque ou os familiares têm o património que é a terra ou então não há possibilidades de serem agricultores", disse Divanildo Monteiro, professor auxiliar e diretor do departamento de Zootecnia da UTAD. Os territórios que foram abandonados não são opção porque não têm água, e, por outro lado, "com uma estrutura fundiária do século XIX não é possível fazer uma agricultura do século XXI, com exceção do Alentejo".

O professor da UTAD fez ainda um inventário sumário dos principais desafios da agricultura portuguesa e europeia e, sobretudo, o que pode ser o impacto da Nova PAC. Esta prevê a entrada de 10 mil milhões de euros para a agricultura portuguesa no próximo quadro comunitário mas "podem prejudicar os agricultores portugueses". "O Ministério da Agricultura americano prevê que a agricultura europeia passe a produzir menos 45% de cereais por causa do Green Deal", revelou Divanildo Monteiro. Acrescentou que a aposta europeia no Green Deal ou no "farm to fork" vai condicionar fortemente a competitividade da agricultura europeia.

Há uma sistemática aposta das entidades europeias em cercear algum desenvolvimento. Divanildo Monteiro, Diretor do departamento de Zootecnia da UTAD 

"Gosto de pertencer à Europa porque acho que estamos no topo de desenvolvimento das sociedades, mas a Europa não pode, com estas opções, condicionar a competitividade global. Há uma sistemática aposta das entidades europeias em cercear algum desenvolvimento científico. Já não falo nos organismos geneticamente modificados, mas refiro, por exemplo, na nova tecnologia de manipulação de genes. O mundo vai usar, é uma tecnologia extraordinária, mas a Comissão Europeia já está a ver ali algumas condicionantes e é óbvio que a Europa vai perder", referiu Divanildo Monteiro.

Na sua opinião era importante que se clarificasse o que é sustentável, e que se tirasse a carga negativa que o termo intensivo tem. "Em muitas situações o intensivo é mais sustentável do que extensivo mas a sociedade acha que não. É muito importante que se perceba que se produzir o dobro do produto na área mais diminuta, pode-se deixar a restante área para ecossistemas naturais. Não vou transformar todo o território em baixas produtividades com agricultura do tipo orgânico ou outras componentes mais rebuscadas", disse Divanildo Monteiro.