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Negócios Iniciativas | Políticas públicas partilhadas na água, energia, transportes

“Somos ibéricos, queremos crescer, independentemente de ser em Portugal, na Ibéria ou até em outras geografias”, defendeu Luís Rebelo da Silva, da Bondalti.

08 de Abril de 2025 às 15:00
Bruno Colaço
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Foto em cima: Paulo Morgado, Luís Rebelo da Silva, Gonçalo Rebelo de Almeida e Helena Garrido debateram os desafios e as soluções da iberização.

"São as empresas que criam valor, são as empresas que criam desenvolvimento também social. Estamos, pois, focados no aconselhamento, na simplificação das operações diárias e no financiamento dos seus projetos. Desenvolvemos soluções inovadoras, que respondem e antecipam necessidades, tendências e também conjunturas. Acreditamos firmemente que o crescimento das empresas é o motor da economia", afirmou Alberto Ramos, CEO do Bankinter Portugal, na abertura da 3ª edição da Conferência Glocal dedicada aos desafios da Iberização, uma iniciativa do Bankinter em parceria com o Bridgewater, com o apoio do Negócios.


Segundo Alberto Ramos, esta conferência "é mais uma expressão do nosso compromisso em apoiar as empresas em Portugal, habilitando-as com conhecimentos e ferramentas necessárias para que possam tomar decisões cada vez mais informadas. Temos a ambição de apoiar as empresas a prosperar, a crescer de forma sólida e responsável, a posicionarem-se e alcançarem o sucesso num mercado cada vez mais competitivo e global, mesmo contra a vontade de alguns. Acreditamos que a partilha de boas práticas, a troca de experiências e a aprendizagem contínua são cruciais para o desenvolvimento sustentado das empresas, promovendo sinergias".

Alberto Ramos, CEO do Bankinter Portugal.

Esta conferência foi um espaço para explorar as oportunidades comerciais que o mercado espanhol oferece para o crescimento das empresas portuguesas. Está na sequência das conferências que o Bankinter, que está em Portugal desde 2016, realizou em 2023, em Guimarães, com um debate sobre novas conexões empresariais, e, em 2024, em Ílhavo, com temáticas como a inovação, aceleradores e novas formas de financiamento.

"Portugal teve sempre, em relação a Espanha, uma espécie de síndrome de não absorção, que é típico de um país de menor dimensão em relação a um país maior", afirmou Paulo Morgado, que é sócio da Antas da Cunha ECIJA e lidera a área de Technology Transactions, e partner da Bridgewhat, que está há onze anos em Madrid, no painel "Desafios e Soluções de Iberização" durante a conferência, "Glocal: Os Desafios da Iberização", organizada pelo Bankinter e pelo Negócios.

Paulo Morgado realçou que esta sua vivência lhe permite apurar duas diferenças culturais entre espanhóis e portugueses, que são uma maior propensão dos espanhóis para o coletivo e a assertividade. A perspetiva mais coletiva na sua forma de estar reflete-se, por exemplo, no mundo empresarial, "em que há muito mais consórcios de espanhóis que se associam, há muito mais empresas que crescem através das instituições que cooperam". Paulo Morgado considera que "o espanhol aprende com os erros que faz ao tentar implementar, o que contribui para uma certa assertividade que existe no mundo dos negócios".

Em 2024, o grupo Vila Galé começou a operar o Vila Galé Isla Canela com 300 quartos, que, como diz Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Vila Galé, marcou a entrada na liga dos grandes destinos turísticos a nível mundial, que no ano passado recebeu 94 milhões de turistas internacionais, enquanto recebeu 20 milhões, "é a primeira liga, quer em termos de dimensão, quer da variedade de mercados emissores e de segmentos, na qual estamos a concorrer com players do mundo inteiro e com marcas espanholas muito fortes". Este passo é estratégico porque o crescimento do turismo a nível mundial se vai basear no mercado asiático e, à semelhança do que acontece com Itália ou com França, Espanha vai estar entre os primeiros países recetores. O Vila Galé tem como objetivos, em Espanha, criar uma rede de dez a doze hotéis nas cinco ou seis principais cidades e nas principais zonas turísticas.

A química e as águas

A Bondalti entrou em 2001 com a compra de uma empresa em Pontevedra. Em 2017, a legislação europeia obrigava à reconversão da tecnologia, mas como não havia condições, compraram uma empresa que estava a ser descontinuada em Torrelavega, na Cantábria, no polígono industrial da Solvay, e fizeram a reconversão com o início de produção em 2021. Investiram 60 milhões de euros e são o principal produtor no segmento de cloro-álcalis no mercado ibérico. Em 2021, adquiriu o grupo espanhol Aguas Alfaro, um dos principais operadores espanhóis no setor do tratamento de águas residuais e processos industriais, que deu origem à Bondalti Water Solutions. Entretanto, lançaram uma OPA sobre a Ercros.

José Luis Vega, diretor de Banca de Empresas e membro da Comissão Executiva do Bankinter Portugal.

"Somos ibéricos, queremos crescer, independentemente de ser em Portugal, na Ibéria ou até em outras geografias. Temos sentido sempre o apoio do governo central e dos regionais e a vontade de quererem investidores na indústria, geradores de emprego e de riqueza", considerou Luís Rebelo da Silva, administrador executivo da Bondalti. Em relação aos apoios, afirma que em Espanha talvez sejam mais rápidos "na parte de licenciamentos do que aqui em Portugal".

Paulo Morgado referiu-se à necessidade de haver políticas públicas concertadas entre Portugal e Espanha em termos de gestão hídrica, porque se partilham rios como o Tejo, o Douro e o Guadiana, que vêm todos de Espanha, até pelo cenário de escassez de água, energia e transportes, em que "os espanhóis investiram no comboio de alta velocidade e nós investimos em autoestradas em duplicado".

No encerramento, José Luis Vega, diretor de Banca de Empresas e membro da Comissão Executiva do Bankinter Portugal, considerou que "o Bankinter, presente nos dois países, se tem posicionado como um parceiro estratégico neste processo, sempre ao lado das empresas. A nossa experiência e a qualidade do nosso acompanhamento ao longo destes nove anos em Portugal refletem-se no crescimento notável no número de empresas que escolhem o nosso banco como seu parceiro. O volume de financiamento concedido tem sido de forma consistente, demonstrando a confiança que depositamos nas nossas empresas portuguesas."