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Martin Jakubowski: “Não há planos para o hidrogénio verde”

Fala-se que só em 2030 ou em 2035 poderá haver hidrogénio verde, mas para Martin Jakubowski poderia falar-se em 2025, porque bastava que houvesse “a vontade política concreta, não meras palavras de que sim, de que vai ser”.

24 de Setembro de 2021 às 18:00
Martin Jakubowski, que interveio por videochamada, diz que o hidrogénio é uma oportunidade para o país. Luís Vieira
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Martin Jakubowski criou a SeaWind Ocean Technology em 2004, que então tinha o nome de Blue H Technology, e em 2007 colocou a primeira eólica flutuante no mar Adriático em Itália. "Durante estes 17 anos, só nos últimos 2 a 4 anos algumas coisas mudaram mas pouco. Mas no último ano a SeaWind está a falar com quatro dos dez maiores grupos energéticos mundiais. Agora estão todos a descobrir o futuro do eólico para produzir hidrogénio verde, a que eu chamava blue por causa do mar", disse Martin Jakubowski, chairman da SeaWind Ocean Technology.

Acrescenta que são todos grupos petrolíferos não há utilities que produzam energia elétrica. Referiu que grande parte das construtoras automóveis está a derivar para a mobilidade elétrica e vão deixar de fazer motores de combustão e passar para os motores elétricos ou de hidrogénio para os veículos pesados, os aviões ou os navios.

A ideia destes players é seguir os planos da SeaWind em várias partes do mundo. Mas segundo Martin Jakubowski o problema atual é que a política não está preparada. "O desenvolvimento económico quase sempre foi puxado pela indústria, raras vezes pela política, e esta hoje está bem longe de realizar o potencial que o hidrogénio verde tem no mercado, mas os políticos não estão a ter a capacidade de dar as respostas".

Falta vontade política

Na sua opinião não há planos de desenvolvimento tendo como ponto de chegada o hidrogénio verde. "Não podemos fazer planos eólicos flutuantes com milhares de megawatts instalados que vão sobrecarregar redes sem pensar em desenvolver ao mesmo tempo o hidrogénio verde", considera Martin Jakubowski.

Fala-se que só em 2030 ou em 2035 poderá haver hidrogénio verde mas na sua opinião poderia falar-se em 2025, porque bastava que se fizesse "muito mais, mas falta a vontade política concreta, não meras palavras de que sim, de que vai ser". Acrescenta que "os planos de investimento no Norte de Portugal seriam muito maiores se houvesse uma visão política. Para o hidrogénio falta um plano como o da França, da Alemanha ou da Holanda porque sem um plano concreto: como e onde vamos produzir, como vai ser transportado. Tudo isto falta em Portugal, sem o plano não vai haver o desenvolvimento do eólico flutuante, que podia existir no Norte de Portugal e Galiza, "que neste aspeto considero que é uma única região", afirma. "Sem plano e sem visão, o que se pode fazer? Se houver, podemos fazer um investimento muito elevado", concluiu Martin Jakubowski.

"O hidrogénio é uma grande oportunidade para Portugal, mas para isso é necessário que crie um quadro normativo e faça um plano completo de desenvolvimento dos parques eólicos offshore para a produção de energia elétrica como um subproduto, primariamente para o hidrogénio, e depois para a rede", afirma Martin Jakubowski.