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"Ter mais técnicos tem sido importante, mas para ser um país que tivesse o melhor vinho do mundo tinha de ter melhor I&D em termos de vinho frente aos outros países. As grandes empresas agrícolas em Portugal vão buscar a tecnologia e os avanços a outros países", salientou Luís Mira, secretário-geral da CAP. O que não implica que Portugal não tenha hoje boas condições para as culturas mediterrânicas, que podem ser comprometidas pelos "ziguezagues do Governo", como lhe chamou Luís Mira. Fez-se o investimento público no Alqueva mas depois surgiu uma resolução de Conselho de Ministros a pôr limitações às culturas intensivas, como o olival.
Criticou ainda o facto de haver olhares sobre o mundo rural e a floresta de responsáveis políticos, como o ministro do Ambiente, como se aqueles fossem parques temáticos ou urbanos para se passear. "A exploração agrícola ou florestal precisa de ser sustentável mas as empresas têm de ganhar dinheiro. Se a sustentabilidade não for económica, não existe", disse Luís Mira.
"Tudo o que é matéria florestal no programa de PRR aponta para uma floresta parque temático ou florestal mas quando acabar o PRR quem é que põe o dinheiro? O OE tem capacidade para manter aquela quantidade de dinheiro? Ou o ministro do Ambiente descobriu a pólvora e nos territórios onde não está ninguém porque a terra é má e não tem condições, vai agora ter gente? Vão para lá enquanto houver dinheiro…". Concluiu dizendo que "o PRR é mais uma recuperação da máquina do Estado do que das empresas".
O Green Deal e o "farm to fork" são ambições europeias, o que segundo Luís Mira não é um problema para os agricultores portugueses. "Estes conseguem responder ao que outros fazem e até mais, porque se pagam os combustíveis e a eletricidade mais cara, o IVA mais elevado e estamos na ponta da Europa", assevera Luís Mira.
Para o secretário-geral da CAP, "o problema da Europa é outro, está refém do clima e do ambiente, a Comissão Europeia impõe essas regras e tem esse sonho, mas depois importa produtos de outros lados do Mundo, que não fazem em termos climáticos o que se faz na Europa".
Num olhar para Portugal, Luís Mira disse que para sermos eficientes basta que "haja meios para fazer esta revolução digital na agricultura com os sensores, a gestão dos dados e conseguimos ser mais sustentáveis e produzir mais e proteger mais o ambiente e ser economicamente eficientes".