Outros sites Medialivre
Notícia

José Couto: “98% dos automóveis construídos na Europa têm componente portuguesa”.

“Enquanto na Europa a indústria automóvel está num planalto, estagnada, em Portugal cresce-se 7%”, disse José Couto, presidente da AFIA - Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.

09 de Agosto de 2021 às 14:48
José Couto, da AFIA, alertou para as dificuldades geradas pela falta de acessibilidades.
José Couto, da AFIA, alertou para as dificuldades geradas pela falta de acessibilidades. Ricardo Jr
  • Partilhar artigo
  • ...

Em Portugal o setor de componentes automóveis tem crescido em média 7% por ano nos últimos 10 anos, o que "cria curiosidade nos meios internacionais". "E isso é importante porque enquanto na Europa a indústria automóvel está num planalto, estagnada, em Portugal cresce-se 7%", disse José Couto, presidente da AFIA - Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.

Este crescimento deve-se ao facto de o setor automóvel ter mostrado mais competitividade, com 38% de produtividade neste setor em relação à indústria transformadora portuguesa. Mas os trabalhadores também recebem mais do que as outras indústrias, "porque a ligação é feita em função da produtividade". Há uma grande ligação da indústria ao sistema tecnológico e científico para que a investigação se traduza num valor económico. "Outro dia fui a uma universidade em que tinham 12 projetos mas nenhum estava ligado à indústria", contou, lembrando a importância da contratualização com as instituições de projetos mobilizadores.

Os números do setor

José Couto destacou que a importância não está apenas na instalação das empresas de componentes automóveis mas no conjunto de empresas que prestam serviços a este cluster o que implica a sua requalificação, dotando-se de sistemas de garantia de qualidade e de higiene, avaliação de riscos. "Ao mesmo tempo que estão a trabalhar para a indústria automóvel estão a valorizar-se empresas mais resistentes, mais competentes." Salientou ainda que "98% dos automóveis construídos na Europa têm uma componente portuguesa". Viana do Castelo é o quarto concelho em número de empresas e de volume de negócios e empregabilidade, mas o terceiro nas exportações, o que significa que as empresas que aqui se localizaram tinham já um perfil internacional.

A AFIA identificou cerca de 360 empresas que produzem componentes e que são identificadas pelas atividades mas não pelo código, mas há têxteis que exportam 80% da sua produção para a indústria automóvel. "Não pertencem a um CAE que está tradicionalmente ligado à indústria automóvel, são empresas têxteis que fabricam para a indústria automóvel portanto é um conjunto de empresas que contribuem com 13% do VAB nacional, que representam 17% das exportações e que têm uma relevância do ponto de vista da comparação tem quase 6%. Acho muito importante porque é um numero que é significativo e das quais menos de 40% são empresas estrangeiras", considerou José Couto.

"Estamos cada vez mais longe dos centros das fábricas, que são os clientes e vão receber os componentes, porque não temos transportes para chegar rapidamente e em tempo. No quadro da descarbonização e da mobilidade pode ser um constrangimento." Está planeada para a região uma futura ligação ferroviária de alta velocidade a Vigo, o que permitirá às empresas ficarem mais perto de chegar a uma plataforma logística e a menor custo.