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“Já se discute o 5G em Lisboa mas no Vale do Minho nem 3G conseguimos ter”

Parte dos fundos comunitários deveriam ser para infraestruturas nos territórios de baixa densidade, além de privilegiarem uma economia sustentável de que a agricultura é um sistema-chave.

06 de Outubro de 2020 às 12:00
José de Figueiredo defende linhas de apoio “claras e ágeis”.
José de Figueiredo defende linhas de apoio “claras e ágeis”. DR
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“Em termos da Agrogarante, pelo efeito das linhas covid-19 teremos feito até agora 600 ou 700 milhões de euros de financiamento, quando, normalmente, fazemos 250 milhões de euros por ano”, afirmou José de Figueiredo, presidente da Agrogrante.

As linhas de covid-19 tiveram alguns problemas iniciais provocados pelo modelo de distribuição, mas depois de corrigida essa fase inicial, agora os processos são mais simples e mais ágeis. “Há uma grande concentração em setor primário puro, e abrangendo pequenos produtores, o que quer dizer que estão a ser apoiados pela banca”, constatou José de Figueiredo.

Este gestor financeiro refere que “os setores agrícola e agroindustrial estão na moda, e nos últimos anos o financiamento teve um aumento significativo e o setor financeiro revelou maior propensão para financiar projetos e, mesmo na pandemia o setor financeiro continuou a fazer chegar dinheiro às empresas agrícolas”.

José de Figueiredo salientou ainda que “houve um conjunto de oportunidades de financiamento que teve a ver com a viragem da produção nacional que estava dirigida para os mercados internacionais para o mercado interno”.

Deu ainda o exemplo das plataformas eletrónicas, os marketplaces, que se dedicaram aos pequenos produtores de base local, como perecíveis e legumes, e estes passaram a ter mais mercado e a chegar ao consumidor final. “Permite que o risco e o financiamento possam acercar-se deste circuito porque como tem mais acesso a mercados têm mais valor. Com o encurtamento das cadeias a margem de quem produz na origem pode aumentar em vez de se concentrar no final das cadeias longas”.

Mais infraestruturas

Portugal terá cerca de 45 mil milhões de euros para os próximos 10 anos, divididos entre 13 e 15 mil milhões de subvenções do Next Generation EU e 30 mil milhões do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027, que vão privilegiar a economia sustentável. “Os novos financiamentos comunitários permitem financiar projetos com os novos trends, que acompanhem a tendência mundial para as preocupações da nutrição, comida saudável, saber a origem dos produtos, preocupações ambientais e sustentáveis”, afirma José de Figueiredo.

Para Manoel Baptista, presidente da ADRIMinho e presidente da Câmara Municipal de Melgaço, nos territórios de baixa densidade é fundamental, para a sua competitividade, que com os financiamentos comunitários se traduzam em infraestruturas essenciais como a rodoviária, a tecnológica.

“Já se discute o 5G em Lisboa mas nos nossos territórios nem 3G conseguimos ter. A fibra ótica tem de chegar às populações destes territórios. Estamos a fazer um circuito de 16 trilhos e queremos carregar a informação digital para ser lida por QR Code e não podemos. Como é que podemos atrair projetos turísticos, indústrias se depois não temos cobertura digital,” contou Manoel Baptista.

José de Figueiredo defende que as regras aprovadas em Bruxelas para a utilização dos fundos deste pacote financeiro “sejam claras, ágeis e que permitam uma decisão rápida e uma utilização não burocrática e centrada nos resultados. Um segundo aspeto é que se tenha confiança nas pessoas, para centrar mais os meios públicos no controlo da aplicação e dos resultados. Confio nas pessoas e quem faz um projeto é sério e depois quem se portar mal é penalizado”.