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"Com o eclodir da pandemia a partir de março de 2020, o mercado passou por muita volatilidade, as cotações caíram bastante em todos os mercados, depois recuperaram, os volumes mantiveram-se sempre muito elevados, como aconteceu neste primeiro trimestre de 2021, acima dos valores pré-pandemia, e a volatilidade, sobretudo a partir do verão de 2020, reduziu ligeiramente, mas continua a ser mais elevada do que era o momento pré-pandémico", assinala Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon.
Na sua opinião, a volatilidade reflete o conjunto de incertezas significativas que existem e os mercados antecipam, às vezes, as expectativas para a evolução da economia. Mas as perspetivas de crescimento económico mostram que a recuperação poderá ser rápida, com as últimas estimativas para a economia portuguesa divulgadas pelo Banco de Portugal a apontarem para um crescimento de 3,9% e para 2022 de 5,2%.
Isabel Ucha revela que durante este período e com esta tendência contínua houve um aumento significativo de investidores nos oitos mercados de capitais onde a Euronext está presente. Tem a perceção de que esta onda de investidores, que entrou no mercado atraída pela volatilidade e pelo contexto específico em que se vive, "vai permanecer", até porque o contexto de investimento, designadamente com as taxas de juro tão baixas, também incentiva a mais investimento em ações.
Revisão do Código
As empresas nacionais cotadas como a EDP, a EDP Renováveis, a Mota-Engil, a Flexdeal, a Sonae, fizeram aumentos de capital e, diz Isabel Ucha, "estão a aproveitar este contexto favorável do mercado, que tem estado muito aberto quer a entradas de empresas quer aos financiamentos subsequentes, e as empresas cotadas têm aproveitado esse contexto para o fazer". Nos últimos dois anos entraram seis novas empresas em Portugal como a Raize, Flexdeal, Merlin, Ores Portugal e Ktesios.
Sobre as condições de mercado assinalou que a revisão do Código dos Valores Mobiliários, que está agora em curso, vai trazer algumas simplificações nos próximos meses e medidas propostas no âmbito do grupo de trabalho criado pelo Governo depois do relatório da OCDE sobre o mercado de capitais publicado no ano passado.
Considera que o peso dos critérios de sustentabilidade nas decisões de investimentos "é movimento que está a acelerar e está-se a tornar incontornável na gestão das empresas". Acrescenta que "há uma grande força de cidadania e dos investidores a pressionar no sentido de alteração das políticas de investimento para a adoção de critérios e investimentos mais sustentáveis".