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Henrique Martins é presidente da SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) desde abril de 2013. Trabalhou como médico no Centro de Bem-Estar Social de Queluz de 2006 a abril de 2013 e como médico especialista de Medicina Interna desde abril de 2011 até abril de 2013 no Hospital Francisco Ferreira. Doutorado em Gestão pela Judge Business School, University of Cambridge, é professor na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e na Católica Lisbon School of Business and Economics.
Quais são os principais desafios e necessidades em termos de registos electrónicos (como por exemplo os registos Oncológicos, Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, Registo Nacional de Doentes Reumáticos)?
De facto, em Portugal, quer nas instituições do SNS, quer em algumas sociedades científicas, já são disponibilizados vários tipos de registos. Essa heterogeneidade é o principal desafio, tornando necessária uma arquitectura global que ligue a identificação do doente, com a identificação do tipo de doença rara/pouco frequente, aos sistemas que já hoje existem (ex: SIVIDA para doentes com HIV/SIDA) e, também, aos sistemas de prescrição electrónica. Essa arquitectura nacional deverá ser o primeiro passo, e é nisso que a SPMS está, actualmente, a trabalhar. Depois, há que migrar e ir aproximando iniciativas como os diferentes RORs (Registos Oncológicos Regionais), convergindo-os no Registo Oncológico Nacional (RON). O mesmo acontece na área dos registos de cardiologia, reumatologia e dermatologia, alguns dos quais estão organizados junto de sociedades científicas e são registos parciais ou carecem de abordagem nacional obrigatória.
O que está a ser feito para transformar o Big Data, a recolha de dados em conhecimento e aplicações? A tecnologia para um novo modelo e indicadores baseados em resultados e ganhos para saúde?
Estamos na fase de garantir que é possível obter dados estruturados e organizados sobre os utentes do SNS. Depois, com a respectiva autorização, queremos colocá-los em formatos exportáveis e reutilizáveis pelas instituições de investigação, como as universidades, Direcção-Geral de Saúde, INSA, ou até mesmo outras investigações em colaborações internacionais. No caso dos dados abertos, iniciado com dados - não pessoais -, através da área da transparência no Portal do SNS, deu início a uma nova era de partilha de dados entre o Ministério da Saúde e o exterior.
Devia-se investir cada vez mais em tecnologias de informação aplicadas à saúde? Que futuro para o Big Data na saúde em Portugal? Este investimento permite mais ganhos em saúde e redução de custos no futuro?
Um banco/sector financeiro investe em média internacional 3-8% do seu orçamento anual em IT/SI. O investimento público no sector da saúde em Portugal atingiu este ano (2016) o seu máximo de há 5 anos, mas está ainda abaixo dos 0,3%, ou seja, deveríamos investir pelo menos 5 a 10 vezes mais em tecnologias de informação. Há que ter capacidade de gerir esse investimento, caso contrário iremos apenas gastar dinheiro. Essa gestão passa por ter normas evidentes, arquitectura dinâmica, mas clara, e infraestruturas (PCs, redes e hardware), capazes de dar resposta. Por fim, gastos avultados em "data scientists", estudiosos das áreas da análise de dados e investigadores clínicos, deverão ser vistos como parte do investimento em sistemas e tecnologias de informação, isto se o que se pretende é ter algo mais do que dados e informação, ou seja, se se pretender ter e produzir conhecimento.
Quais são os principais desafios e necessidades em termos de registos electrónicos (como por exemplo os registos Oncológicos, Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, Registo Nacional de Doentes Reumáticos)?
De facto, em Portugal, quer nas instituições do SNS, quer em algumas sociedades científicas, já são disponibilizados vários tipos de registos. Essa heterogeneidade é o principal desafio, tornando necessária uma arquitectura global que ligue a identificação do doente, com a identificação do tipo de doença rara/pouco frequente, aos sistemas que já hoje existem (ex: SIVIDA para doentes com HIV/SIDA) e, também, aos sistemas de prescrição electrónica. Essa arquitectura nacional deverá ser o primeiro passo, e é nisso que a SPMS está, actualmente, a trabalhar. Depois, há que migrar e ir aproximando iniciativas como os diferentes RORs (Registos Oncológicos Regionais), convergindo-os no Registo Oncológico Nacional (RON). O mesmo acontece na área dos registos de cardiologia, reumatologia e dermatologia, alguns dos quais estão organizados junto de sociedades científicas e são registos parciais ou carecem de abordagem nacional obrigatória.
O que está a ser feito para transformar o Big Data, a recolha de dados em conhecimento e aplicações? A tecnologia para um novo modelo e indicadores baseados em resultados e ganhos para saúde?
Estamos na fase de garantir que é possível obter dados estruturados e organizados sobre os utentes do SNS. Depois, com a respectiva autorização, queremos colocá-los em formatos exportáveis e reutilizáveis pelas instituições de investigação, como as universidades, Direcção-Geral de Saúde, INSA, ou até mesmo outras investigações em colaborações internacionais. No caso dos dados abertos, iniciado com dados - não pessoais -, através da área da transparência no Portal do SNS, deu início a uma nova era de partilha de dados entre o Ministério da Saúde e o exterior.
"Gastos avultados em 'data scientists' deverão ser vistos como parte do investimento em sistemas e tecnologias de informação"
"Estamos na fase de garantir que é possível obter dados estruturados e organizados sobre os utentes do SNS".
"Estamos na fase de garantir que é possível obter dados estruturados e organizados sobre os utentes do SNS".
Devia-se investir cada vez mais em tecnologias de informação aplicadas à saúde? Que futuro para o Big Data na saúde em Portugal? Este investimento permite mais ganhos em saúde e redução de custos no futuro?
Um banco/sector financeiro investe em média internacional 3-8% do seu orçamento anual em IT/SI. O investimento público no sector da saúde em Portugal atingiu este ano (2016) o seu máximo de há 5 anos, mas está ainda abaixo dos 0,3%, ou seja, deveríamos investir pelo menos 5 a 10 vezes mais em tecnologias de informação. Há que ter capacidade de gerir esse investimento, caso contrário iremos apenas gastar dinheiro. Essa gestão passa por ter normas evidentes, arquitectura dinâmica, mas clara, e infraestruturas (PCs, redes e hardware), capazes de dar resposta. Por fim, gastos avultados em "data scientists", estudiosos das áreas da análise de dados e investigadores clínicos, deverão ser vistos como parte do investimento em sistemas e tecnologias de informação, isto se o que se pretende é ter algo mais do que dados e informação, ou seja, se se pretender ter e produzir conhecimento.