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José Pinheiro: “Estamos atentos a outras tecnologias”

Para se fazer a industrialização da fileira do eólico offshore são necessárias as tecnologias maduras, “e são duas ou três, que estão prontas para competir em mar aberto de uma forma concorrencial e transparente”.

24 de Setembro de 2021 às 17:00
Luís Vieira
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Há cerca de dez anos deu-se início à instalação do primeiro parque eólico flutuante da Europa, instalado a 20 quilómetros ao largo de Viana do Castelo, tendo começado a produzir em julho de 2020 e num ano o Windfloat Atlantic produziu em 3.800 horas 75 gigawatt-hora (GWh). "Depois de dez anos de estudo e desenvolvimento dentro do que é a inovação chegou-se a bons resultados. Nem sempre tudo corre como o previsto mas temos sido capazes de passar os obstáculos", disse José Pinheiro, country manager da Ocean Winds. Garantiu que neste momento estão focados na aprendizagem que decorre do projeto WindFloat Atlântico para incorporar esse conhecimento no desenvolvimento do produto offshore flutuante.

O parque com tecnologia Windfloat é composto por três plataformas flutuantes que sustentam turbinas com capacidade instalada de 25 megawatt (MW), ligado a um cabo de 18 quilómetros, instalado a 100 metros de profundidade no fundo do mar, com capacidade para receber 200 MW de energia renovável, e que, neste momento, produz 25 MW.

O parceiro tecnológico Principle Power, da qual a EDP Renováveis é acionista, é um veículo para "incorporar essas ideias não só para que a tecnologia fique mais eficiente do ponto de vista operacional mas também do ponto de vista da industrialização, porque temos de passar desse produto mais à medida para um produto standard e fazer a curva de aprendizagem". Sublinhou que é importante "a incorporação do conhecimento adquirido para melhorar o produto, o offshore flutuante, que nos permite ter alguma ambição mas com os pés assentes na terra para perspetivar mais megawatts no futuro.

Como explicou José Pinheiro é um trabalho contínuo de agregação de dados e de trabalho com a cadeia de fornecimento específica para chegar a um produto mais industrializado. Confessou que não conseguia tangibilizar o investimento futuro, mas "estamos atentos ao contexto energético em Portugal e sempre que houver oportunidades para investimento estamos preparados para isso porque conhecemos bem a área em que estamos".

Tecnologia conhecida

A tecnologia do parque ao largo de Viana do Castelo, que é Windfloat, em termos de maturidade encontra-se no patamar mais alto, o chamado TRL-9, e é a tecnologia que conhecem melhor, considera José Pinheiro. "Mas há outras tecnologias e sobre as quais estamos atentos, no entanto estamos num momento de desenvolvimento tecnológico de um setor em que diferentes players têm diferentes conceitos e em percursos diferenciados, o que acontece em todas as áreas e é normal que algumas tecnologias morram pelo caminho".

Para se fazer a industrialização da fileira do eólico offshore são necessárias as tecnologias maduras, "e são duas ou três, que estão prontas para competir em mar aberto de uma forma concorrencial e transparente, capaz de trazer a tecnologia para níveis de custo nivelada de energia".

Considera que em termos de hidrogénio não são competitivos comparando com as renováveis convencionais, onshore, mas pode "ser uma excelente forma de entregar a matéria-prima que o hidrogénio verde precisa, mas a médio prazo, quando a curva de aprendizagem tecnológica e de industrialização permitir que o offshore flutuante seja também competitivo e entregue a eletricidade para formar hidrogénio para que seja competitivo do ponto de vista económico".