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Emílio Rui Vilar: Costa Silva é “o CEO que todos os acionistas gostariam de ter”

António Costa Silva é muito mais que um académico, um engenheiro com provas dadas no terreno e um gestor que lidera equipas de sucesso, um homem com uma cultura invulgar, e um cidadão preocupado com um futuro sustentável e um escritor na ficção e na poesia, considerou o chairman da CGD, Emílio Rui Vilar.

29 de Setembro de 2020 às 14:30
Emílio Rui Vilar, atual chairman da Caixa Geral de Depósitos Pedro Catarino
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Em meados de 2002, Emílio Rui Vilar, atual chairman da Caixa Geral de Depósitos, tinha sido eleito há pouco tempo para assumir a presidência da Fundação Calouste Gulbenkian, e procurava um gestor executivo da Partex, que então detinha os interesses da fundação na indústria do petróleo e do gás. Nessa altura António Costa Silva estava então em Paris, no Institut Français du Pétrole. Convidou-o para liderar a Partex e ele aceitou. "Trabalhou comigo diretamente dez anos, hoje, dezoito anos volvidos sobre esse nosso encontro no verão de 2002, e com muitas mudanças no mundo e na indústria do petróleo e do gás, António Costa Silva continua à frente da Partex", disse Emílio Rui Vilar.

Professor no Instituto Superior Técnico, a sua carreira profissional começou em 1980, na Sonangol, em Angola, passou pela Companhia Portuguesa de Serviços em Portugal e depois seguiu-se a Compagnie Générale de Geophysique, coordenando então projetos de exploração e prospeção no Médio Oriente, no México e na Rússia, e o Institut Français du Pétrole, em Paris, onde foi responsável por equipas técnicas que realizaram projetos de engenharia de reservatórios e de operações de petróleos e gás da Argélia ao México, da Venezuela à Arábia Saudita e ao Irão.

António Costa Silva "foi o CEO que qualquer acionista gostaria de ter" Emílio Rui Vilar
"Como presidente executivo da Partex, conduziu o sucesso de diversificação das geografias de operação do grupo, a renovação de importantes concessões e o reforço das capacidades técnicas da companhia. Foi o CEO que qualquer acionista gostaria de ter", elogiou Emílio Rui Vilar. Recordou que testemunhou "o respeito e a consideração pelas posições técnicas por ele defendidas face a Governos e autoridades de geografias e culturas tão diversas como Abu Dhabi, o Cazaquistão, o Sultanato de Omã, Argélia, Angola ou Brasil, e também por parte, não só dos Governos e das autoridades como dos representantes das majors do petróleo como a Shell, a BP, Total, ou a Exxon Mobil".

Mercado a mais

No seu discurso, Emílio Rui Vilar centrou-se ainda sobre a visão estratégica para o Plano de Recuperação Económica da Década 20/30 elaborado por António Costa Silva por solicitação do primeiro-ministro, António Costa. Quando estamos "perante um momento em que estão em causa opções que marcaram indelevelmente para o bem e para o mal o nosso futuro coletivo, a visão estratégica para a próxima década é o primeiro passo para termos acesso com sucesso aos recursos da União Europeia, sucesso que tem, no entanto, um elevado grau de exigência". Estão em causa a capacidade de projetar e de executar sem precedentes, devido à dimensão desses recursos europeus, depois o severo escrutínio da Comissão Europeia e dos parceiros europeus, sobretudo do Norte da Europa, com destaque para as subvenções, e, finalmente, a adequada definição de prioridades no tempo e do desenho eficaz do caminho crítico do lançamentos e da execução dos projetos.

Como referiu Emílio Rui Vilar nas últimas décadas, "temos desvalorizado e desinvestido nas funções de planeamento e prospetiva, beneficiando em excesso os mercados como mecanismos de escolha da afetação dos recursos e da redistribuição dos resultados. Tal como na generalidade das políticas públicas se tem privilegiado o curto prazo e as promessas de ganhos imediatistas em detrimento de objetivos estruturantes de mais longo prazo".

Acrescentou que não era necessário recordar as glórias do passado, "basta lembrar dois exemplos de desígnios que se alcançaram no trajeto de vários governos, os oito anos de negociações para atingir objetivos da entrada nas Comunidades Europeias, ou os sete anos de reestruturação económica e financeira para entrarmos no pelotão da frente da moeda única". Não escondeu que depois nem tudo correu bem, mas hoje "estamos perante uma oportunidade imperdível", sublinhou, que implica o exercício de bom governo, com transparência e prestação de contas, e com as boas práticas do contraditório e da avaliação independente.