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Elisa Ferreira: “Os fundos são um propulsor, mas a estratégia é a bússola”

O Plano de Recuperação e Resiliência tem cerca de 14 mil milhões de euros, e o apoio financeiro plurianual 2021-2027 é de 24 mil milhões de euros. “É por isso essencial pensar estratégias regionais que enquadrem e orientem estratégica e responsavelmente estes apoios excecionais”, afirmou Elisa Ferreira.

25 de Junho de 2021 às 14:36
Elisa Ferreira diz que a estratégia deve ser adaptada aos recursos existentes.
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Num momento em que há apoios extraordinários para o relançamento económico da União Europeia, "os fundos são um propulsor, mas a estratégia é a bússola que nos orienta, este destino, esta visão, não podem ser definidos apenas por alguns, têm de ser discutidos, partilhados e tanto quanto possível consensualizados, como aconteceu com este plano para o Cávado", defendeu Elisa Ferreira, comissária europeia da Coesão e Reformas.

Recordou que o quadro estratégico proposto "tenha devidamente em conta as prioridades europeias ao sublinharem o clima, a digitalização e a coesão", e os "desafios da inovação, da transição digital e ecológica, que devem ser articulados com a preocupação de coesão social e territorial". Estas orientações estratégicas, já estavam delineadas antes da pandemia, mas tornaram-se ainda mais prementes depois da maior crise desde a Segunda Guerra, que teve uma das maiores respostas de política pública europeia de que há memória.

"Quando falamos do PRR estamos a falar de cerca de 14 mil milhões de euros, mas haverá uma segunda bazuca, que é o normal apoio financeiro plurianual 2021-2027 de 24 mil milhões de euros, e é por isso essencial pensar estratégias regionais que enquadrem e orientem estratégica e responsavelmente estes apoios excecionais", afirmou Elisa Ferreira.

Convergência e produtividade

Para a comissária europeia há dois objetivos principais a atingir depois destes programas O primeiro é ter reforçado a convergência entre estados e também dentro dos Estados -membros, "o que requer naturalmente que seja prestada maior atenção e maior estimulo àqueles países e àquelas regiões que menos capacidade têm de se ajudar a si próprios, para que as suas empresas possam competir com sucesso no mercado interno". Em segundo lugar, garantir que esta aceleração do desenvolvimento é feita de forma estrutural, "através do reforço da produtividade, da inovação, acrescentando valor, por oposição ao mero alastramento em mancha de óleo de modelos repetitivos, frequentemente assentes em baixa produtividade, em baixos salários", considerou Elisa Ferreira.

Portugal tem feito importantes progressos nesta área, e hoje é já considerado um país fortemente inovador, no quadro da União Europeia, mas está abaixo da média europeia em várias dimensões, nomeadamente os níveis de investigação e desenvolvimento empresarial, o registo de patentes ou as exportações de serviços intensivos em conhecimento. Por exemplo, o peso do emprego em certos setores de alta e média tecnologia é em Portugal 19,2%, é mais ou menos metade da média europeia, que é de 37, 5 %, e Portugal é apenas o 19.º entre os 27 Estados-membros, quando nós olhamos para o índice de digitalidade da economia, da sociedade no ano de 2020.

Recordou que no atual período de financiamento, 2014-2020, foram apoiados na região do Cávado quase 4.600 projetos, com uma contribuição europeia de 670 milhões de euros, mais de metade para a competitividade e internacionalização, e a investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico. Na sua opinião "a estratégia Cávado 2030 tem por desafio forçar este potencial, todos estes setores são essenciais e requerem uma abordagem estratégica adaptada aos recursos existentes", concluiu Elisa Ferreira.