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Atracção de talento para ideias verdes com pneus usados

"Manifestações assombrosas de utilização de pneus e dos seus resíduos" foi o comentário de Francisco Nunes Correia, professor catedrático do IST e membro do júri do Prémio Inov.Ação Valorpneu, sobre os projectos apresentados a concurso.

05 de Julho de 2018 às 11:55
André Veríssimo conversou com Climénia Silva, Daniel Bessa, Francisco Nunes Correia e Alberto Teixeira. Inês Gomes Lourenço
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"É surpreendente o número de projectos registados e a criatividade exibida pelos projectos que se candidataram", disse Hélder Pedro, gerente da Valorpneu, na abertura da cerimónia de apresentação e entrega do Prémio Inov.Ação Valorpneu, que teve lugar na Central Tejo, em Lisboa, a 21 de Junho de 2018.

Hélder Pedro fez um balanço de todo o processo, e explicou como o Prémio se enquadra no trabalho desenvolvido pela Valorpneu. Salientou que é uma forma de atrair o "enorme talento, direccionando-o para a reutilização de pneus em fim de vida" e, deste modo, "encontrar grandes ideias verdes, produtos, serviços, tecnologias direccionadas para os pneus usados".

"Manifestações assombrosas de utilização de pneus e dos seus resíduos" foi o comentário de Francisco Nunes Correia, professor catedrático do IST, ex-ministro do Ambiente e membro do júri do Prémio, sobre a qualidade dos projectos apresentados e sobre os quais o júri teve de decidir.

Daniel Bessa, economista e membro do júri, salientou que "é um prémio completamente aberto a ideias e projectos de várias proveniências, mas é fechado em relação ao material. Apela à inovação focada e centrada nos pneus. Por isso, o número de candidatos é um sucesso, porque são quase três dezenas."

"Queremos que os investigadores, quem trabalha na ciência e inovação, pensem no pneu quando estão a fazer os seus projectos", sublinhou Climénia Silva, directora-geral da Valorpneu.

Workshops e apoios

"Os candidatos foram processados e ajudados por um longo período de tempo com workshops, com o apoio da KPMG, 3 Drivers, o que melhorou os projectos", afirmou Daniel Bessa.

Climénia Silva considera que o actual formato do prémio propicia a criação de um ecossistema de inovação. "O Prémio é um percurso que se vai fazendo, neste fluxo tenta promover esse ecossistema de inovação", referiu.

"Nesta edição, houve uma maior aproximação aos parceiros do que nas edições anteriores, porque contámos com o apoio de empresas do sistema integrado que participaram com o seu know-how nestes projectos."

"A prova de fogo é saber quem vai chegar ao mercado, nomeadamente na componente empresarial", advertiu Daniel Bessa. Na sua opinião, "um dos calcanhares de Aquiles da inovação portuguesa é a dificuldade, que não é pequena, de levar os projectos ao mercado e à valorização. Temos muitas iniciativas e poucas acabativas". Por isso, insistiu que se deve ter um "foco nos resultados, no retorno, e não tanto nos montantes investidos".

A economia circular

Sobre a prova do mercado, Climénia Silva deu o exemplo de uma menção honrosa em 2009, "em que só ao fim de nove anos o produto entrou no mercado e em 2017 começou a ser comercializado".

Tem a esperança de que alguns dos projectos se implementem e, se possível, num prazo mais curto, mas, como diz o ditado, "a nossa pressa é chegar ao fim".

A economia circular foi o grande pano de fundo do debate, e como referiu André Veríssimo, director do Jornal de Negócios, "a economia circular é hoje um factor fundamental para a sustentabilidade dos negócios, da economia, do planeta, e um factor de produtividade e competitividade para as empresas e os países".

Por sua vez, Francisco Nunes Correia salientou que "estamos no princípio do caminho da economia circular, embora se fale há muito tempo", sendo hoje uma das prioridades da União Europeia, pois é "uma nova origem de matérias-primas que é a utilização de resíduos pela reutilização, reciclagem".

Alberto Teixeira, director nacional da ANJE, considerou que "as dinâmicas económicas valorizam a componente do ambiente e até as decisões dos consumidores têm em conta estas dinâmicas" e ressaltou que "os jovens empresários apostam muito nestes sectores".

Balanço e resultados

O Prémio Inov.Ação Valorpneu tem duas categorias. A de Negócio & Inovação, com um valor de 25 mil euros, teve 13 candidaturas provenientes de investigadores, empreendedores, universidades, centros de investigação, e empresas industriais. A categoria Comunidade & Educação, com um valor de 10 mil euros, contou com 16 candidaturas oriundas de escolas, autarquias, ONG, entidades de apoio e cariz social. No portal do Prémio, foram registados 48 ideias e projectos.

Negócios & Inovação
Vencedores
Projecto Pavnext
Projecto RObUST
Menção Honrosa
Projecto Hendrix Chair

Comunidade & Educação
Vencedores
Projecto Jardim d'Areias
Projecto (Re)Animar Pneus, as emoções na aprendizagem…
Menção Honrosa
Projecto SimTyre



Júri do Prémio Inov.Ação

Paulo Ferrão, presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia; Marta Lima Basto, subdirectora-geral da Direcção-Geral das Actividades Económicas; Daniel Bessa, membro do comité de investimentos da Portuguese Venture Capital Initiative; Inês Diogo, administradora da Agência Portuguesa do Ambiente; Francisco Nunes Correia, professor catedrático no Instituto Superior Técnico e presidente da Parceria Portuguesa para a Água; Aline Guerreiro, arquitecta e criadora e coordenadora do Portal da Construção Sustentável; e Hélder Pedro, secretário-geral e vogal da ACAP.