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O Wind Europe, a associação europeia de energia eólica, aponta para 2050 uma produção de 450 gigawatt na Europa, dos quais até 150 gigawatt podem ser flutuantes. "Vemos que uma tecnologia que hoje não tem expressão, estão instalados no mundo talvez 50 MW de energia eólica flutuante, tem um potencial de expansão nos próximos 30 anos tremendo", referiu António Sarmento, presidente do Wavec, e professor universitário. Assinalou que para Viana do Castelo é realista pensarmos que até 2030 temos um potencial de instalação de 1 GW, até porque o que a indústria exige são números desta ordem de grandeza e não números na ordem dos 100/200 MW que é o que está no plano energético nacional. Este número de 1 GW tem de ser comparado com os números anteriores que eu referi, quando nós falamos que na Europa poderá haver 150 GW instalados até 2050 e nós dizemos 1 GW até 2030, apesar de tudo estamos a falar de números pequenos, é pequeno também comparado com o nosso potencial de 9GW".
António Sarmento centrou-se mais nas energias eólicas oceânicas porque nas ondas "há potencial significativo, mas é claramente inferior à eólica porque esta, de facto, tem mais dinâmica, e está numa fase de desenvolvimento industrial mais desenvolvida".
Para António Sarmento , Viana do Castelo tem a vantagem de "um "first mover", portanto foi aqui que se lançou o segundo parque de energia eólica do mundo e, portanto, isso obviamente não só permitiu há região perceber o que é que isto é e começar a preparar alguma da indústria, mas sobretudo coloca esta região no mapa internacional, e somos solicitados por empresas sobretudo europeias pelo menos para já, a pedir informação sobre esta região".
Os dados e os pescadores
António Sarmento aponta um dos primeiros problemas que é o facto de não haver dados partilháveis, os dados que existem são de empresas privadas. "Isto identifica já uma primeira barreira, a necessidade de disponibilizar dados para a indústria é fundamental, Viana do Castelo e a região Norte e o país têm de levar isto muito a sério porque demora tempo a obter os dados, é muito caro obter os dados e porque não se pode ir simplesmente para o mar ir medir dados, é necessário ter licenças para o fazer."
Mas o grande problema é que "quando nós olhamos por exemplo para a área que ainda está disponível, são cerca de 50 km2, o levantamento detalhado dessa zona anda perto dos 15/20 milhões de euros". Para António Sarmento é central a questão de disponibilizar dados, que podem não ter o detalhe que teria se fossem investidos os 15 a 20 milhões "mas o mínimo de dados, sobre recurso eólicos, fundos marinhos, para que as empresas reduzam o risco na avaliação que fazem".
Depois António Sarmento referiu as questões de legislação e procedimentos associados como a contratação com a rede, com o fornecimento da energia. Está em revisão a legislação que deve ser flexível para abranger "tanto as empresas que querem vir certificar a sua tecnologia ou testar a sua tecnologia, normalmente são testes temporários, e as empresas que querem vir instalar parques de dimensão comercial".
Outro ponto importante é a escalabilidade em termos da utilização dos espaço marítimo, porque "uma coisa é usar 10 km2 ou mesmo 50 km2, e se for para os 9 GW já não é 50 km2, mas áreas muito maiores, o que tem implicações em termos de utilização desse espaço tanto pela valorização económica como da valorização ambiental".
Para António Sarmento aos três desafios enunciados dos dados, dos procedimentos e legislação, e da valorização económica e ambiental, há um quarto que é o enquadramento da comunidade piscatória. "As soluções não podem passar por compensar os pescadores por falta de área de pesca, há que os envolver em tudo aquilo que é o trabalho necessário para a construção e manutenção do parque eólico."