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A vantagem regulatória das fintechs é exagerada

“É verdade que os bancos e as seguradoras têm mais regulação, mas há um detalhe: os bancos têm depósitos e as seguradoras responsabilidades, que no fundo é a grande regulação”, afirma Duarte Líbano Monteiro, presidente da APFIN.

06 de Janeiro de 2021 às 13:00
Duarte Líbano Monteiro, presidente da APFIN David Cabral Santos
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"As insurtechs e a fintechs não têm o legacy mas também não têm dinheiro quando se começa a empresa e depois tem-se quando se consegue o financiamento. Há um balanço e uma contrapartida entre a ausência de legacy, que facilita, mas primeiro que se chegue à estabilização demora e muitas ficam pelo caminho", considera Duarte Líbano Monteiro, presidente da APFIN (Associação FinTech e InsurTech de Portugal) e é diretor regional da Ebury, onde o Santander detém 50,1%.

Segundo Duarte Líbano Monteiro, os três pilares das insurtechs e fintechs são os data, a tecnologia e o produto escalável que estão na base do crescimento para serem rapidamente compradas ou conseguir capital para fazer investimentos grandes. "Para qualquer investidor estes princípios, data, tecnologia e escalabilidade, são os que interessam", explicou Duarte Líbano Monteiro que deu o exemplo da Ebury, que "em cinco anos passa de três países para 20 países. Ser rápidos, é importante para um fintech ter essa capacidade de crescer rapidamente mas para isso é preciso chegar ao dinheiro".

Mas Duarte Líbano Monteiro reconhece que sem o legacy conseguem crescer "mais rapidamente e até ter mais agilidade e o que cliente quer é data center e rapidez e custo mais baixo. Não tendo o legacy, as sucursais, o número de pessoas que têm estas entidades faz com que tudo seja mais barato".

Sobre a crítica de que têm uma vantagem regulatória, responde que "a vantagem regulatória é exagerada, somos regulados, no caso da Ebury pela FCA, e o UK teve vantagens porque o regulador era mais aberto às fintechs, havia mais dinheiro na última crise. É verdade que os bancos e as seguradoras têm mais regulação mas há um detalhe: os bancos têm depósitos e as seguradoras responsabilidades, que no fundo é a grande regulação".

Duarte Líbano Monteiro salientou ainda que há muitas bancos e seguradoras a comprar insurtechs e fintechs e que o grande desafio está em mantê-las à parte, porque a integração para ir buscar o know-how não funciona, "porque estas start-ups têm outro tipo de mentalidade".

Duarte Líbano Monteiro Licenciado em Gestão pela Universidade Nova de Lisboa e com o MBA da Darden School of Business - University of Virginia, tem experiência no setor financeiro em Portugal e Espanha, e passou por empresas como a Equifax, Barclays Bank e o Banco Popular Espanhol. Foi country manager da Ebury para Espanha e Portugal e fundador da AEFI - Asociación de Fintech e Insurtech de España. Atualmente é diretor regional da Ebury.