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A revolução digital é a oportunidade de ouro de Matosinhos

“A nova revolução industrial baseada na transição digital, combinada com a agenda de descarbonização, é a oportunidade de ouro para o desenvolvimento económico dos próximos anos”, refere Luísa Salgueiro, 53 anos, que preside à Câmara Municipal de Matosinhos desde outubro de 2017.

22 de Junho de 2021 às 15:11
Luísa Salgueiro salienta as alianças verdes feitas pelo município. Paulo Duarte
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Luísa Salgueiro considera que Matosinhos tem grandes vantagens com a emergência deste novo paradigma pela sua propensão para a utilização de energias renováveis, recursos humanos altamente qualificados, empresas intensivas em tecnologia de ponta, centros de investigação e uma concentração empresarial muito diversificada, desde a indústria alimentar e de bebidas até à fabricação de equipamento eletrónico, passando por serviços partilhados de multinacionais, que têm vindo a apostar em Matosinhos.

Destaca ainda, para o papel do município nas alianças verdes para a descarbonização, a importância do Centro Tecnológico da Ferrovia, que criou um novo polo de emprego e de conhecimento, e o projeto de reconversão da Refinaria de Leça da Palmeira com o potencial de fixação de emprego e de "área estratégica ao serviço da região e do país ao nível da inovação e da industrialização nas áreas das energias verdes, mar e mobilidade".

Este apoio à recuperação da economia vai conjugar-se com um novo quadro de apoio comunitário. Quais são os principais projetos de Matosinhos para captação dos fundos europeus?
O novo quadro comunitário irá responder aos novos desafios das transições climática e digital, complementando o Plano de Recuperação e Resiliência. O planeamento e a estruturação de um sistema de transportes de uma Área Metropolitana como a AMP devem privilegiar os transportes coletivos, capazes de manter uma velocidade de percurso e frequências independentes da saturação das vias de uso múltiplo.

Os estudos apresentados pela AMP para a definição de uma estratégia ferroviária vêm confirmar as vantagens duma ação concertada e complementar entre a ferrovia pesada da linha de Leixões integrando a componente de transporte de passageiros, que já teve, e a ferrovia ligeira da rede de metro da AMP com a implementação da designada linha de S. Mamede.

Ao longo das últimas décadas foram-se criando novas centralidades fora dos centros urbanos, algumas ainda monofuncionais, que impõem movimentos pendulares de grande densidade, sobretudo em horas de ponta. Para além disso assistiu-se, ao longo do eixo rodoviário que é a A28, ao crescimento de vários polos empresariais, com comércio, serviços e indústria, que embora cumpram com a sua missão de criação de valor e de emprego, não estão ainda bem servidos de transporte público.

Acresce ainda a inadequada gestão e localização dos pórticos de autoestrada, implementados no âmbito das ex-SCUT, que levam a que o tráfego de atravessamento, sobretudo de pesados, para ligações entre o Norte litoral e o Sul do país se faça por dentro dos aglomerados de Matosinhos, Porto e Gaia, em vez da Circular Regional Exterior do Porto (CREP), criada para o efeito deste atravessamento regional, com graves repercussões económicas e ambientais e tornando absolutamente ineficazes os interfaces multimodais e toda uma lógica de rede de transportes concelhios e metropolitanos.

Além das respetivas alterações do ponto de vista do trânsito rodoviário, importa combater a utilização excessiva do transporte individual e a imprevisibilidade do transporte público, pela saturação da via, consolidar a procura dum transporte de passageiros, rápido, em canal próprio, capaz de manter uma velocidade de percurso e frequências independentes da saturação das vias de uso múltiplo.

É por isso que estamos a desenvolver uma rede de Bus Rapid Transit, complementar à rede ferroviária, que sirva a população residente e empregada a norte do rio Leça. O Porto de Leixões e o Aeroporto do Porto, importantes alavancas de desenvolvimento, apresentaram as suas estratégias para a descarbonização, pretendendo mudar completamente o paradigma do transporte pesado.

O que é que a autarquia de Matosinhos tem feito tanto em termos de serviços como de incentivos para a atração de novos investidores e para a fixação dos atuais?
O que fazemos na câmara municipal é acompanhar, em sede do Gabinete do Investidor, os projetos com uma abordagem muito personalizada e adequada a cada um, procurando incentivar e ajudar os empreendedores a fixarem-se em Matosinhos com soluções ao nível de localização e apoio no licenciamento.

Recentemente, criámos o InvestMatosinhos, instrumento que, para além de conceder descontos na derrama das empresas de pequena dimensão com volume de negócios até 300 mil euros, permite isentar total ou parcialmente de impostos e taxas de licenciamento os projetos de relevante interesse municipal. Estes projetos empresariais são avaliados em função do seu impacto económico, ambiental, social e de criação de emprego.

Muito em breve vamos lançar uma campanha de comunicação que promove as nossas nove áreas de concentração de atividade económica: Amieira, São Mamede, Vale do Leça, Recarei, Gatões, Freixieiro, Gonçalves, Leça da Palmeira e Aeroporto. Os investimentos que estiverem localizados nestas áreas têm majoração em termos de avaliação do projeto de relevante interesse municipal, colocando o Plano Diretor Municipal ao serviço da estratégia de desenvolvimento local.

As medidas para combater os efeitos da pandemia Matosinhos é o quinto concelho do país em termos de criação de riqueza. Tem mais de 13 mil empresas e emprega mais de 70 mil pessoas. Com a emergência da pandemia de covid-19, que em março de 2020 levou ao primeiro confinamento, a Câmara Municipal de Matosinhos "lançou um conjunto de medidas de apoio às famílias e às empresas, de caráter financeiro e social", refere Luísa Salgueiro. Um dos quais foi a atribuição pelo Fundo de Emergência Municipal de um subsídio não reembolsável a mais de 500 microempresas, que estavam menos cobertas pelas medidas nacionais.

No setor dos restaurantes fizeram vistorias, certificaram com um selo de segurança e lançaram o Matosinhos.Come, serviço de takeaway com recurso à cooperativa de táxis de Matosinhos. "O resultado é que o número de insolvências não disparou, muito pelo contrário, nasceram mais de 600 empresas neste período", concluiu Luísa Salgueiro.

Luísa Salgueiro sugere que o Banco Português de Fomento considere as atividades económicas relacionadas com a hotelaria, restauração, eventos, comércio, desporto e cultura para efeitos de financiamento de recapitalização das empresas.

Propõe um modelo híbrido de financiamento, com uma componente a fundo perdido e outra de empréstimo, com um período de carência significativo, para aumentar a liquidez das empresas que sairão desta crise com elevado endividamento, o que comporta riscos elevados para a economia.