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O papel das grandes empresas petrolíferas na transição energética é considerado crucial, pois são responsáveis por uma grande parte da produção e distribuição de energia em todo o mundo. No painel "Petróleo e Gás: O mundo pode confiar nestas empresas energéticas?", Lee Hodder, VP strategy & chief sustainability officer da Galp, admitiu desde logo que há dois anos esta empresa combinou as suas equipas de estratégia e sustentabilidade, uma forma de reconhecer que a transição energética tem de estar no centro do que a Galp irá fazer no futuro. "Era impossível mantê-las separadas", disse. "As pessoas ficam muito admiradas quando digo que estamos convencidos de que, na próxima década, o petróleo e o gás irão ser cada vez menos importantes. Por isso estamos comprometidos em criar um portefólio de baixo carbono." Na prática, isto significa por parte da Galp um investimento nas renováveis. "Estamos igualmente empenhados em incorporar métricas de sustentabilidade nas nossas tomadas de decisão", dando como exemplo medidas que criem menor impacto na pegada de CO2 ou a redução consumo de água.
Em resposta direta à questão "Pode o mundo confiar nas empresas energéticas?", Lee Hodder reconhece que não se pode esperar que as pessoas confiem sem demostrar comprometimento, daí defender a transparência dos processos e ter empresas como a Carbon Tracker a chamar a atenção. "Espero que o nosso empenho seja visível não só pelas alterações no nosso portefólio, mas também pela forma como estamos a comunicar."
O trilema da energia
Do lado da BP, o compromisso é igualmente total, defendeu no evento Silvia Barata, head of country & fuels operations manager Portugal da BP. "Temos a obrigação de saber agir não só naquilo que são as atividades diretas da empresa, mas também na forma como lideramos e suportamos os objetivos do Acordo de Paris." Essa liderança em termos de transparência que Lee Hodder explorava, tanto na forma como o progresso é medido, monitorizado e comunicado é, segundo Silvia Barata, fundamental. A responsável revelou que, em 2020, a BP deu um passo importante na forma como anunciou a estratégia para Net Zero, o que "creio ter obrigado positivamente muitas outras empresas a seguirem essa trajetória".
No entanto, a mesma executiva admite não ter qualquer dúvida de que transformar o atual sistema energético num modelo que acautela o trilema da energia - segura, acessível e de baixo carbono - é algo complexo e requer muito mais cooperação e envolvimento dos stakeholders, não só das empresas, mas igualmente de Governo.
A executiva abordou questões transversais à Galp Electric Summit - Energy Conference, organizada pelo Jornal de Negócios em parceria com a Galp, a Toyota, o Montepio Crédito e o Município de Oeiras, nomeadamente a necessidade de políticas mais estáveis que ajudem a promover de forma sustentável novas fontes de energia a longo prazo. "Tudo isso é fundamental e importante mas é necessário fazê-lo de forma organizada, estruturada e acelerando ao máximo a transição energética."
Silvia Barata focou ainda temas como a falta de competências, a promoção do investimento e apoio às startups para o desenvolvimento tecnológico. Ao mesmo tempo, mencionou a necessidade de não pôr em causa a lei da oferta e da procura, "penalizando pessoas, empresas e a sociedade no seu todo".
Agir de forma diferente de há 100 anos
Armando Oliveira, manager director da Repsol, admitindo que a mensagem das companhias que lidam com petróleo e gás é bastante semelhante, "porque estamos todos no mesmo lado", não tem qualquer dúvida de que as pessoas podem confiar nestas empresas. "Se o fizeram há 100 anos, porque não hão de continuar a confiar?", retorquiu. "Andamos a distribuir bem-estar até hoje. Teremos de o fazer de forma diferente? Já o começámos a fazer."
No evento, Armando Oliveira falou de o compromisso destas empresas ser total, focando, tal como os seus pares, a necessidade de "legislação que nos permita ter capacidade de atrair investidores para esta transformação técnica, assim como capacidades de liderança para passar a mensagem".
A "solidão" da Prio
"A Prio é um bocadinho diferente das outras empresas", sustenta Emanuel Proença, CEO da Prio Bio, no sentido de não ser uma empresa com um legado de décadas, apenas contando com 15 anos de idade. "Não é uma empresa de sede multinacional numa cidade líder. Tem a sua sede em Aveiro, uma empresa que teve de fazer um caminho ligeiramente diferente do das empresas estabelecidas", com uma transformação cultural já embutida. "A questão é que somos pequenos. Aliás, na última avaliação, eramos 45 vezes menores do que a Galp. E 95 vezes menores do que a Repsol, 105 vezes menores do que a EDP. Em relação à BP, não consigo sequer fazer o múltiplo."
Este ecossistema de energia para a mobilidade necessita, no entender de Emanuel Proença, elementos desafiadores, que façam "com que nos movamos um bocadinho mais rápido". Respondendo à questão "Petróleo e Gás: O mundo pode confiar nestas empresas energéticas?" de forma "honesta", o CEO diz: sim e não. "Olhando para os últimos 15 anos, a Prio, enquanto pequena rebelde do sistema, sentiu-se totalmente sozinha no desenvolvimento de um setor de eletricidade para a mobilidade."
O executivo relembrou que a empresa trabalha na mobilidade elétrica há 12 anos - "somos o terceiro maior player do país" -, e que há 15 anos trabalha os biocombustíveis de forma ultrassustentável. "Os nossos concorrentes ainda não chegaram à produção de biocombustíveis em escala correspondente àquilo que é a sua atividade."
Um caminho de "solidão" que trouxe oportunidades. "Olhando para os últimos dois anos e no que são as promessas de desenvolvimento destas empresas, diria que sim, podem confiar." Emanuel Proença acredita que todas as empresas representadas neste evento, e do setor, estão a tentar criar uma agenda de transformação muito ambiciosa para os próximos anos. "São empresas necessárias para que a transformação aconteça pois têm recursos e capacidades que poucas companhias têm no mundo."
Em resposta direta à questão "Pode o mundo confiar nas empresas energéticas?", Lee Hodder reconhece que não se pode esperar que as pessoas confiem sem demostrar comprometimento, daí defender a transparência dos processos e ter empresas como a Carbon Tracker a chamar a atenção. "Espero que o nosso empenho seja visível não só pelas alterações no nosso portefólio, mas também pela forma como estamos a comunicar."
O trilema da energia
Do lado da BP, o compromisso é igualmente total, defendeu no evento Silvia Barata, head of country & fuels operations manager Portugal da BP. "Temos a obrigação de saber agir não só naquilo que são as atividades diretas da empresa, mas também na forma como lideramos e suportamos os objetivos do Acordo de Paris." Essa liderança em termos de transparência que Lee Hodder explorava, tanto na forma como o progresso é medido, monitorizado e comunicado é, segundo Silvia Barata, fundamental. A responsável revelou que, em 2020, a BP deu um passo importante na forma como anunciou a estratégia para Net Zero, o que "creio ter obrigado positivamente muitas outras empresas a seguirem essa trajetória".
No entanto, a mesma executiva admite não ter qualquer dúvida de que transformar o atual sistema energético num modelo que acautela o trilema da energia - segura, acessível e de baixo carbono - é algo complexo e requer muito mais cooperação e envolvimento dos stakeholders, não só das empresas, mas igualmente de Governo.
A executiva abordou questões transversais à Galp Electric Summit - Energy Conference, organizada pelo Jornal de Negócios em parceria com a Galp, a Toyota, o Montepio Crédito e o Município de Oeiras, nomeadamente a necessidade de políticas mais estáveis que ajudem a promover de forma sustentável novas fontes de energia a longo prazo. "Tudo isso é fundamental e importante mas é necessário fazê-lo de forma organizada, estruturada e acelerando ao máximo a transição energética."
Silvia Barata focou ainda temas como a falta de competências, a promoção do investimento e apoio às startups para o desenvolvimento tecnológico. Ao mesmo tempo, mencionou a necessidade de não pôr em causa a lei da oferta e da procura, "penalizando pessoas, empresas e a sociedade no seu todo".
Agir de forma diferente de há 100 anos
Armando Oliveira, manager director da Repsol, admitindo que a mensagem das companhias que lidam com petróleo e gás é bastante semelhante, "porque estamos todos no mesmo lado", não tem qualquer dúvida de que as pessoas podem confiar nestas empresas. "Se o fizeram há 100 anos, porque não hão de continuar a confiar?", retorquiu. "Andamos a distribuir bem-estar até hoje. Teremos de o fazer de forma diferente? Já o começámos a fazer."
No evento, Armando Oliveira falou de o compromisso destas empresas ser total, focando, tal como os seus pares, a necessidade de "legislação que nos permita ter capacidade de atrair investidores para esta transformação técnica, assim como capacidades de liderança para passar a mensagem".
A "solidão" da Prio
"A Prio é um bocadinho diferente das outras empresas", sustenta Emanuel Proença, CEO da Prio Bio, no sentido de não ser uma empresa com um legado de décadas, apenas contando com 15 anos de idade. "Não é uma empresa de sede multinacional numa cidade líder. Tem a sua sede em Aveiro, uma empresa que teve de fazer um caminho ligeiramente diferente do das empresas estabelecidas", com uma transformação cultural já embutida. "A questão é que somos pequenos. Aliás, na última avaliação, eramos 45 vezes menores do que a Galp. E 95 vezes menores do que a Repsol, 105 vezes menores do que a EDP. Em relação à BP, não consigo sequer fazer o múltiplo."
Este ecossistema de energia para a mobilidade necessita, no entender de Emanuel Proença, elementos desafiadores, que façam "com que nos movamos um bocadinho mais rápido". Respondendo à questão "Petróleo e Gás: O mundo pode confiar nestas empresas energéticas?" de forma "honesta", o CEO diz: sim e não. "Olhando para os últimos 15 anos, a Prio, enquanto pequena rebelde do sistema, sentiu-se totalmente sozinha no desenvolvimento de um setor de eletricidade para a mobilidade."
O executivo relembrou que a empresa trabalha na mobilidade elétrica há 12 anos - "somos o terceiro maior player do país" -, e que há 15 anos trabalha os biocombustíveis de forma ultrassustentável. "Os nossos concorrentes ainda não chegaram à produção de biocombustíveis em escala correspondente àquilo que é a sua atividade."
Um caminho de "solidão" que trouxe oportunidades. "Olhando para os últimos dois anos e no que são as promessas de desenvolvimento destas empresas, diria que sim, podem confiar." Emanuel Proença acredita que todas as empresas representadas neste evento, e do setor, estão a tentar criar uma agenda de transformação muito ambiciosa para os próximos anos. "São empresas necessárias para que a transformação aconteça pois têm recursos e capacidades que poucas companhias têm no mundo."