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O modelo de negócio das atividades económicas do mar tem sido de extração e de consumo, mas a digitalização é que vai trazer a grande mudança. Será fundamental para "criar um sistema industrial e produtivo que gere um ciclo fechado e que será, em parte, muito mais inteligente do que aquilo que tivemos até este momento", afirmou Ruben Eiras, secretário-geral do Fórum Oceano, durante o debate sobre "O Futuro da Economia Azul", moderado por Marta Velho, jornalista do Jornal de Negócios.
Revelou ainda que o Fórum Oceano definiu a estratégia do DDC - Digitalizar, Descarbonizar e Circularizar - para a economia azul. "Será através da digitalização que se conseguirá criar modelos de negócio que descarbonizem e fechem o ciclo produtivo para que se consiga ter lucros que dependam da capacidade de eficiência", sublinhou Ruben Eiras.
Além disso, a digitalização pode ser chave ainda para um sistema de informação preciso sobre os processos produtivos. "Se olharmos para o oceano é como se fosse um puzzle em que lhe faltam algumas peças para percebermos tudo o que lá está. Precisamos de ter tecnologia que permita ler e obter informação, em tempo real, do oceano em todas as suas dimensões", afirmou o secretário-geral do Fórum Oceano.
Além das startups azuis, que são muito importantes, também as Pequenas e Médias Empresas (PME) devem ser apoiadas em termos de aceleradores e de internacionalização. Ruben Eiras deu como exemplo o setor do pescado transformado e fresco, que é a maior exportação na economia azul em termos de bens. "Esta é uma indústria que tem potencial de crescimento. Em termos de valor de exportações, exportamos mais em valor na área do pescado do que na área do vinho, mas não é essa a perceção", explicou.
O estado global do oceano
Maria João Bebiano, professora catedrática e diretora do Centro do Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve, participou nos trabalhos de preparação do terceiro relatório da ONU sobre o estado global dos oceanos relativo a 2023, que em breve será divulgado.
Numa antecipação desse estudo, revelou que um dos grandes capítulos será a economia azul, alertando "que a nível internacional a designação é mais economia oceânica; economia azul é mais usada a nível da Europa. Os países no mundo ainda não interiorizaram esta designação."
Dentro dessa economia oceânica, o relatório vai cobrir as energias, a alimentação, com destaque para a qualidade da alimentação, a aquacultura, a descarbonização. "Pela primeira vez irá abordar o balanço do carbono e como é que podemos melhorar, para além de todas as perturbações ambientais por um lado. Depois, um segundo grande capítulo será sobre a saúde do oceano, o que vai muito na linha de ampliar aquilo que a União Europeia está a fazer", referiu Maria João Bebiano.
Revelou ainda que o Fórum Oceano definiu a estratégia do DDC - Digitalizar, Descarbonizar e Circularizar - para a economia azul. "Será através da digitalização que se conseguirá criar modelos de negócio que descarbonizem e fechem o ciclo produtivo para que se consiga ter lucros que dependam da capacidade de eficiência", sublinhou Ruben Eiras.
Além disso, a digitalização pode ser chave ainda para um sistema de informação preciso sobre os processos produtivos. "Se olharmos para o oceano é como se fosse um puzzle em que lhe faltam algumas peças para percebermos tudo o que lá está. Precisamos de ter tecnologia que permita ler e obter informação, em tempo real, do oceano em todas as suas dimensões", afirmou o secretário-geral do Fórum Oceano.
Será através da digitalização que se conseguirá criar modelos de negócio que descarbonizem e fechem o ciclo produtivo para que se consiga ter lucros que dependam da capacidade de eficiência. Ruben Eiras
secretário-geral do Fórum Oceano
A economia do mar é um setor de setores, a que Ernâni Lopes chamava o "hipercluster". "É uma oportunidade pela diversificação e diversidade do negócio. Um país que tem este mar é uma oportunidade, mas aumenta a complexidade, porque a diversidade de atuação também é muito grande."secretário-geral do Fórum Oceano
Além das startups azuis, que são muito importantes, também as Pequenas e Médias Empresas (PME) devem ser apoiadas em termos de aceleradores e de internacionalização. Ruben Eiras deu como exemplo o setor do pescado transformado e fresco, que é a maior exportação na economia azul em termos de bens. "Esta é uma indústria que tem potencial de crescimento. Em termos de valor de exportações, exportamos mais em valor na área do pescado do que na área do vinho, mas não é essa a perceção", explicou.
O estado global do oceano
Maria João Bebiano, professora catedrática e diretora do Centro do Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve, participou nos trabalhos de preparação do terceiro relatório da ONU sobre o estado global dos oceanos relativo a 2023, que em breve será divulgado.
Numa antecipação desse estudo, revelou que um dos grandes capítulos será a economia azul, alertando "que a nível internacional a designação é mais economia oceânica; economia azul é mais usada a nível da Europa. Os países no mundo ainda não interiorizaram esta designação."
Dentro dessa economia oceânica, o relatório vai cobrir as energias, a alimentação, com destaque para a qualidade da alimentação, a aquacultura, a descarbonização. "Pela primeira vez irá abordar o balanço do carbono e como é que podemos melhorar, para além de todas as perturbações ambientais por um lado. Depois, um segundo grande capítulo será sobre a saúde do oceano, o que vai muito na linha de ampliar aquilo que a União Europeia está a fazer", referiu Maria João Bebiano.
Os números da economia azul O Fórum Oceano tem, no âmbito do PRR, uma versão beta do Hub Azul, Rede de Infraestruturas para a Economia Azul, que em breve será anunciada, segundo Ruben Eiras, secretário-geral do Fórum Oceano.
Nesta plataforma, existem 829 startups de diversos países de economia azul que cumprem os objetivos de desenvolvimento sustentável. Também já estão identificados 720 fundos de investimento que são especializados ou que investem na economia azul. "Existem quase tantas startups como fundos de investimento, portanto, há uma fome por mais negócios nesta área", constatou Ruben Eiras.
Em termos do valor agregado das empresas por setores, há cerca de 2,1 mil milhões de euros para o setor alimentar, 7,24 mil milhões de euros no setor de energia das ondas, eólicas e afins. No setor transporte e logística, em que se incluem os portos, são cerca de 30,8 mil milhões de euros em valor agregado empresarial.
Em termos de valor dos investimentos na economia azul, e numa comparação entre 2020, no pico da pandemia, e em 2022, há um aumento significativo. Nos Estados Unidos, passou de 500 milhões de euros em 2020 para 3,5 mil milhões. Neste caso "são números das várias rondas de investimento, ou seja, o dinheiro levantado por este universo de startups", explicou Ruben Eiras. No Reino Unido, passou de 82 milhões em 2020 para 183 milhões de euros em 2022; na Noruega, subiu de 19 milhões de euros para 122 milhões de euros; em Espanha, de 19,5 milhões de euros para 34 milhões de euros; em França, de 11 milhões de euros para 22 milhões de euros; no Canadá, diminuiu de 31,8 milhões de euros para 5,9 milhões de euros e, em Portugal, cresceu de zero em 2020 para 1,3 milhões de euros.
Nesta plataforma, existem 829 startups de diversos países de economia azul que cumprem os objetivos de desenvolvimento sustentável. Também já estão identificados 720 fundos de investimento que são especializados ou que investem na economia azul. "Existem quase tantas startups como fundos de investimento, portanto, há uma fome por mais negócios nesta área", constatou Ruben Eiras.
Em termos do valor agregado das empresas por setores, há cerca de 2,1 mil milhões de euros para o setor alimentar, 7,24 mil milhões de euros no setor de energia das ondas, eólicas e afins. No setor transporte e logística, em que se incluem os portos, são cerca de 30,8 mil milhões de euros em valor agregado empresarial.
Em termos de valor dos investimentos na economia azul, e numa comparação entre 2020, no pico da pandemia, e em 2022, há um aumento significativo. Nos Estados Unidos, passou de 500 milhões de euros em 2020 para 3,5 mil milhões. Neste caso "são números das várias rondas de investimento, ou seja, o dinheiro levantado por este universo de startups", explicou Ruben Eiras. No Reino Unido, passou de 82 milhões em 2020 para 183 milhões de euros em 2022; na Noruega, subiu de 19 milhões de euros para 122 milhões de euros; em Espanha, de 19,5 milhões de euros para 34 milhões de euros; em França, de 11 milhões de euros para 22 milhões de euros; no Canadá, diminuiu de 31,8 milhões de euros para 5,9 milhões de euros e, em Portugal, cresceu de zero em 2020 para 1,3 milhões de euros.