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O cluster automóvel como criador de empresas

Este setor foi, no período 2009-2018, aquele que criou mais emprego no concelho de Viana do Castelo e as exportações e o volume de negócios triplicaram.

09 de Agosto de 2021 às 17:03
Miguel Soares coordenou um estudo sobre a economia no concelho.
Miguel Soares coordenou um estudo sobre a economia no concelho. Ricardo Jr
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"O cluster automóvel é um setor muito relevante e, nos últimos dez anos, a evidência mostra que foi o setor com maior dinamismo e crescimento, e uma forte orientação para os mercados internacionais", refere Miguel Soares que, com José Diogo Silva, fez há dois anos, a convite da Câmara Municipal de Viana do Castelo, um estudo sobre a evolução da economia no concelho de Viana do Castelo no período entre 2009-2018.

Nessa altura já o cluster de componentes automóvel "mostrava uma evolução que até surpreendeu a própria câmara". Recentemente, atualizaram com números de 2019 que reforçam ainda mais esses mesmos dados. Em 2018, o cluster já era um dos mais significativos da economia de Viana do Castelo e um dos que mostrava um crescimento mais acelerado.

Entre 2009 e 2019 o cluster triplicou o seu volume de negócios, mostra o estudo. "Já era um dos mais relevantes em 2018 e agora será ainda mais." Nas exportações já representava, em 2018, cerca de 17% das exportações do município e o crescimento recente de 2019 e 2020 vem mostrar que já representará agora mais de 20% das exportações totais do município. No VAB e no emprego representava 7% em 2018. "Concluímos que no período 2009-2018 tinha sido o setor que criou mais emprego no concelho."

160 milhões de investimentos

Os dados de 2019 mostravam que o crescimento se acentuou, o que vem reforçar a dinâmica anteriormente registada. Entre 2010 e 2019 o volume de negócios foi multiplicado por três e o mesmo aconteceu nas exportações, que se aproximam dos 260 milhões. "A produção é quase direcionada para os mercados externos." Tinha um VAB que representa 25% do volume de negócios, o que revela a intensidade tecnológica do setor e empregava, em 2019, mais de 1600 trabalhadores.

"Muitas vezes os CAE de classificação económica escondem o verdadeiro setor. Por isso tivemos o cuidado de identificar o CAE de empresas que não eram de componentes automóveis e reclassificámos para este cluster. Os números do INE subavaliam o setor", afirmou Miguel Soares.

Segundo o responsável pelo estudo, os números relativos a 2019 foram uma surpresa "porque não estávamos à espera que crescessem tanto, mas tínhamos feito um apanhado em que o setor tinha investido cerca de 160 milhões de euros. A verdade é que os investimentos só agora estar a ter os seus resultados", descreveu.

No pacote de coisas em que as empresas pensam quando se vão instalar estão a localização, a conectividade, a disponibilidade e as competências de mão-de-obra. Mas uma das mais sublinhadas no estudo "é a possibilidade de terem um interlocutor municipal que seja capaz de os acolher bem, de os acompanhar. Como multinacionais precisam desse acompanhamento para se sentirem bem e nestes aspetos os municípios têm um papel muito relevante", considerou Miguel Soares. Por outro lado sublinhou o efeito de aglomeração, de arrastamento de outras atividades, desde a logística à construção, e o efeito de notoriedade na atração de novos investimentos.