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Os desafios de um salto tecnológico

Há um grande desafio no salto para uma nova tecnologia, que será elétrica nos carros de passageiros e de hidrogénio para veículos pesados e coletivos, conclui António M. Cunha, presidente da CCDR Norte.

09 de Agosto de 2021 às 15:16
António M. Cunha diz que Viana tem postura de “candeia que vai à frente”.
António M. Cunha diz que Viana tem postura de “candeia que vai à frente”. Ricardo Jr
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Passar de 84 milhões para 266 milhões de euros em nove anos "é obra em Viana do Castelo", que tem uma posição de liderança, de "candeia que vai à frente", no Alto Minho, disse António M. Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Norte.

Para o responsável, muito do que aconteceu no concelho tem a ver com "trabalho meritório da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho". Não deixou de referir as três apostas de desenvolvimento futuro desta sub-região, que são as energias oceânicas, a indústria 4.0 muito orientada para a indústria automóvel e o agroalimentar e os produtos da terra à mesa.

António M. Cunha assinalou que o espaço Norte de Portugal-Galiza "é uma das regiões mais importantes da indústria automóvel da Europa, da indústria transformadora". "O Norte é uma região fortemente exportadora, que tem um peso de população de 33%, pesa 40% nas exportações."

A indústria de componentes de automóvel vale exportações da ordem dos 6 mil milhões de euros, segundo a avaliação de António M. Cunha.

O líder da CCDR-N fala com conhecimento de causa já que, como investigador, esteve ligado à indústria dos plásticos e dos moldes, ao projeto AutoEuropa e, mais recentemente, enquanto reitor da Universidade do Minho, à Bosch em Braga, "projeto que transformou a cidade, criou dois mil postos de trabalho numa empresa que em pouco criou centros de I&D com 500 pessoas, ligado à eletrónica e inteligência artificial", sublinhou António M. Cunha durante a conferência.

O futuro das quatro rodas

Em relação ao futuro, oresponsável começou por referir que a maioria dos veículos que se fazem hoje, que são de combustão, "não se poderão fabricar na Europa a partir de 2035 e, provavelmente, este prazo ainda será encurtado. "Portanto, o que hoje se faz no setor automóvel tem 10 anos de vida". O desenvolvimento de veículos e de peças demora alguns anos e, por isso, "algumas coisas que hoje estamos a desenvolver terão muito poucos anos de vida", frisou.

No seu entender, há um grande desafio no salto para uma nova tecnologia, que é certamente elétrica nos carros de passageiros e de hidrogénio para os veículos pesados e coletivos. "O Norte e Viana do Castelo estão numa posição interessante, o que fabricam são sistemas eletrónicos, e mesmo que o automóvel seja um computador de quatro rodas continuarão a ser quatro rodas de borracha, interiores e eletrónica, por isso com exceção dos sistemas de escapes da Faurecia em Bragança, que merece a nossa atenção, tudo o resto é tecnologia que pode ser do automóvel do futuro".

Há uma grande experiência colaborativa entre centros de I&D das empresas, fruto de investimento estrangeiro, e os politécnicos e as universidades neste desígnio tecnológica que supõe I&D, formação e qualificação dos recursos. "As pessoas vão ser um material, vão ser disputadas, por isso terá de haver uma política de imigração."

A pegada de carbono da atividade industrial vai ser também um fator de localização e Viana do Castelo poderá ser um dos primeiros sítios em Portugal com "um mix de energia, com uma grande carga de sustentabilidade a aproximar-se dos 100% sobretudo quando os três moinhos eólicos passarem a 50 ou a 100, quando se multiplicarem e se tiver uma das maiores estações offshore da Europa".

O líder da CCDR-N referiu ainda a importância da robotização, da digitalização e da indústria circular, tendências que transformarão não só as empresas e o emprego mas os parques industriais.