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"É preciso que existam ferramentas para aumentar a literacia financeira da população e que esta seja uma prioridade na indústria. Apenas desta forma conseguiremos promover a melhor alocação da poupança e levar a uma seleção do investimento nos produtos mais adequados a cada um. Esta ideia ganha ainda mais força em cenários como aquele em que nos encontramos, no qual a poupança aumentou consideravelmente devido à crise pandémica", refere Pedro Pimenta, country head Abanca Portugal.
Sugere a criação de um fundo de emergência que corresponda a uma parte do rendimento mensal familiar ou a posse de um portefólio de investimento robusto e bem diversificado. Diz que a literacia financeira deve ser uma prioridade para que se tenha capacidade de escolha de alternativas aos depósitos a prazo, uma vez que com taxas de juro negativas os produtos de capital garantido são escassos e pouco rentáveis.
Está-se a entrar na fase da recuperação da economia, a aproximarmo-nos do fim das moratórias públicas e ainda sem os fundos do PRR. Quais os principais riscos e as oportunidades para o sistema financeiro no futuro próximo e qual pode ser a evolução da economia portuguesa e europeia?
Uma das maiores oportunidades do sistema financeiro, neste momento, passa por ter um papel crucial na recuperação económica e demonstrar uma enorme resiliência face a diversos cenários difíceis com os quais se tem deparado ao longo dos últimos anos. Exemplo disso foi a rápida ação dos bancos centrais no início da pandemia, que criaram aquela que foi considerada a medida-chave para a sobrevivência de muitas famílias e empresas, as moratórias bancárias. Se, por um lado, esta medida teve como objetivo proteger de possíveis constrangimentos de liquidez e tesouraria, por outro, aumenta a probabilidade de crédito malparado e incumprimento dos empréstimos o que, por consequência, faz crescer a necessidade de criar planos "pós-moratórias" para que seja possível adaptar os balanços dos bancos de forma progressiva em linha com o estado da economia. Do lado das oportunidades, o provável crescimento da economia nos próximos meses deverá permitir um cenário muito positivo na concessão de crédito assim como a experiência ganha nos vários confinamentos deverá continuar a permitir uma melhoria na relação à distancia com o cliente.
A digitalização continua a ser um dos principais reptos até pela fragmentação da cadeia de valor, desde as criptomoedas e as moedas digitais até à desintermediação. Como é que vê o papel da banca, onde prevê que haja uma maior transformação?
Mudar à velocidade do mundo é obrigatório para que o setor consiga acompanhar não só os clientes, como as suas necessidades, cada vez mais voláteis. Urge que os produtos sejam cada vez mais personalizáveis e que se tire partido do conhecimento do cliente e ferramentas de big data e AI. Exemplo desta rápida transformação e de como a digitalização tem de fazer cada vez mais parte das nossas prioridades é o aumento exponencial das transações digitais e do número de clientes com mobile banking a que temos vindo a assistir desde o início da pandemia.
A economia portuguesa e a global enfrentam o desafio da sustentabilidade como metas definidas para esta década. Qual pode ser o papel do sistema financeiro nesta transformação numa economia mais sustentável através de financiamentos e investimentos sustentáveis?
Acreditamos que um modelo económico mais sustentável pode ter um papel significativo na transformação e melhoria das condições de vida da população e, como tal, a sustentabilidade deve ser um dos pontos centrais da estratégia das organizações. O Abanca foi a primeira entidade financeira espanhola a assinar os Princípios de Investimento Responsável e os Princípios para um Oceano Sustentável, duas iniciativas de âmbito internacional promovidas pelas Nações Unidas. Somos também um dos signatários fundadores dos Princípios de Banca Responsável das Nações Unidas e aderimos ao Compromisso Coletivo para a Ação Climática.
No nosso serviço de gestão discricionária de carteiras damos total liberdade ao investidor para optar por uma gestão comprometida com critérios ambientais, sociais e de governo das empresas na gestão desses investimentos (ESG). Importa também referir o nosso Crédito Habitação Ecológico que revela a preocupação crescente pela preservação do planeta Terra e de produtos e serviços que vão ao encontro desta missão, pelo que nos comprometemos a plantar uma árvore por cada empréstimo ao abrigo desta campanha.