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A ameaça da bolha imobiliária da China

“O imobiliário em Portugal deve descer um bocado porque é difícil sustentar a ilusão que vai subir mais. Como provavelmente subiu um bocadinho demais, deve descer um pouco”, sustentou Rui Alpalhão.

20 de Novembro de 2020 às 14:00
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José Paulo Esperança, professor catedrático do Departamento de Finanças do ISCTE-IUL Business School, fez uma análise à dicotomia entre ações e mercado imobiliário, que são afetados positivamente pelas taxas de juro muito baixas. Na sua perspetiva pode existir uma bolha ao nível do imobiliário.

"Tenho algum receio que a China esteja a criar uma bolha imobiliária muito grande, mais que o resto do mundo, ou seja, quando nós analisamos os indicadores do valor, o yield da propriedade na China extremamente baixo, idêntico ao que já houve na Austrália em certos períodos mais dramáticos". Adiantou ainda que o "poder avassalador da China, que aliás, em relação à pandemia, acabou por melhorar a sua posição relativa porque de facto está a ser muito menos afetada que o resto do planeta, mas tem algumas fragilidades e o imobiliário é precisamente uma delas".

O imobiliário é uma classe de ativos não fungíveis e "há uma tendência, que se compreende, de analisar as classes de ativos alternativos um bocadinho com o modus operandi dos ativos tradicionais", afirmou Rui Alpalhão, do departamento de Finanças do ISCTE-IUL Business School, presidente e administrador-delegado do FundBox SGFIM.

Explicou que o património mundial é muito grande mas a percentagem investível é também pequena, referindo que os bancos de investimento tem feito um trabalho, ao longo do tempo, de transformação do património imobiliário em investível. "O mercado imobiliário português é um mercado muito pequeno e a classe de ativos é pouco investível, não há muita capacidade de investir no imobiliário", assegurou Rui Alpalhão.

Quando ao processo de crescimento dos preços é, na sua opinião, fácil de explicar. Há uma parte do mercado imobiliário português que passou a atrair investidores internacionais, sobretudo europeus, e os preços de mercado subiram e tornaram-se parecidos com os preços europeus. "Isto já tinha acontecido no final do século passado com o mercado de imobiliário comercial, o que se mantêm. Com o mercado residencial isso ainda é mais recente e deve-se, pelo menos do meu ponto de vista, a esquemas legislativos como as autorizações de residência para investimento, o regime fiscal dos residentes não habituais".

"O imobiliário em Portugal deve descer um bocado porque é difícil sustentar a ilusão que vai subir mais. Como provavelmente subiu um bocadinho demais, deve descer um pouco", sustentou Rui Alpalhão.