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Que nome se dá a um pai ou a uma mãe que perde um filho?

A campanha da Acreditar desenvolvida pela Tux & Gill conseguiu mudar a lei e alargar a licença parental por morte de um filho de cinco para 20 dias. Esta vitória valeu-lhe também o ouro em duas categorias dos Prémios Eficácia 2022.

14 de Setembro de 2023 às 11:11
Filipa Silveira Castro, mãe, voluntária e membro da direção da Acreditar,
Filipa Silveira Castro, mãe, voluntária e membro da direção da Acreditar,
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Quando os pais morrem, ficamos órfãos. Quando o marido ou a mulher morre, somos viúvos. E quando morre um filho?

 

"Não há nome para um pai – ou uma mãe – que perde um filho e não há tempo para esse luto. O luto de uma vida não cabe em cinco dias". Este foi o mote da campanha da Acreditar – a Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro –, que apelou para o alargamento da licença parental por morte de um filho de cinco para 20 dias. Esta campanha desenvolvida pela agência Tux & Gill ganhou o ouro em duas categorias dos Prémios Eficácia 2022 promovidos pela Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN): "restantes serviços e administração pública" e "a força do bem".




Para Filipa Silveira Castro, mãe, voluntária e membro da direção da Acreditar, esta campanha foi "extraordinária": "Cinco anos antes já tínhamos estado na Assembleia da República a tentar passar a mesma mensagem, mas não tivemos sucesso. Desta vez, da forma como tudo foi organizado, tivemos", justifica. Na sua opinião, a agência Tux & Gill "teve uma ideia genial, que foi trazer pais reais para esta campanha". No entanto, admite que "a Acreditar, ao início, teve alguma resistência": "Não é habitual darmos as caras. Protegemos as famílias. Eu própria não me via a dar a cara."

 

Filipa Silveira Castro confessa que participou no vídeo "um pouco a medo", mas "depois de muita insistência" por parte da agência, e à medida que foi percebendo que "fazia sentido", acabou por "confiar na ideia e no bom senso da Tux & Gill". E assegura: "Foi o melhor que podíamos ter feito." Para esta mãe, voluntária e membro da direção da Acreditar, o sucesso da campanha assenta na sensibilidade e veracidade: "Foi o que fez de facto as pessoas pararem e pensarem. Eu experimentei perguntar a várias pessoas ‘sabe quanto tempo tem, para voltar ao trabalho, depois de perder um filho? Sabe que são cinco dias?’ E a maior parte das pessoas dizia ‘não posso acreditar, não é possível’."

 

Realidades diferentes consoante os países

Durante o processo que levou à petição, a Acreditar fez um levantamento sobre a realidade das licenças de luto parental em vários países e apercebeu-se das disparidades existentes: "Temos no topo a Dinamarca que tem cerca de 26 semanas, no outro extremo temos Malta que tem um dia. França, Espanha, Grécia, têm até cinco dias. A Irlanda tem 20. Tentámos perceber até que ponto era possível e percebemos que 20 dias seria razoável."

 

Antes da petição, a lei previa acompanhamento psicológico para os pais durante o tratamento oncológico dos filhos. A alteração legislativa veio incluir também acompanhamento após a morte. No entanto, é preciso ser solicitado até um máximo de cinco dias após a perda: "Ter de solicitar apoio psicológico em cinco dias é muito pouco", defende Filipa Silveira Castro. "Há outras preocupações, como os irmãos, por exemplo. Pensamos que devíamos poder recorrer a esse apoio no espaço de um ano, por exemplo."

 

Famílias perdem rendimento

Outra questão salientada pela Acreditar é a perda de remuneração por parte das famílias que têm filhos a fazer tratamentos oncológicos. Por um lado, porque as despesas aumentam; por outro, porque muitos pais se veem obrigados a deixar o trabalho para acompanhar os filhos. Por isso, Filipa Silveira Castro defende que "alargar a baixa para 100% seria uma ótima ajuda", uma vez que, atualmente, "é paga a 65%".

 

Para apoiar estas famílias, a Acreditar está, neste momento, a aumentar a capacidade da casa de Lisboa de 12 para 32 quartos: "Neste momento, já conseguimos financiar a estrutura do edifício, estamos na fase de acabamentos e recheio da casa. E lançámos um site através do qual é possível patrocinar o equipamento da cozinha, dos quartos, etc. Tudo isto está no site da Acreditar", refere, em jeito de apelo para quem puder contribuir. A Acreditar tem três casas – em Lisboa, Coimbra e Porto – que servem para "receber as famílias que vêm de fora" como, por exemplo, "dos Açores, da Madeira, dos PALOP". Na prática, as famílias que "não têm tempo de regressar a casa e voltar no dia a seguir para fazer tratamento ficam nas casas gratuitamente".

 

Quanto ao facto de a campanha "O luto de uma vida não cabe em cinco dias", desenvolvida pela Tux & Gill, ter ganho o ouro nas categorias "restantes serviços e administração pública" e "a força do bem" dos Prémios Eficácia 2022 promovidos pela APAN, Filipa Silveira Castro considera que foi "um reconhecimento muito importante do trabalho da Acreditar e também dos parceiros" da associação. Trouxe "credibilidade" e isso – sublinha – "tem o seu retorno": "Nós ajudamos famílias, mas, para ajudar famílias, precisamos da ajuda da sociedade civil. E se não formos reconhecidos, não temos forma de conseguir angariar fundos para as podermos ajudar."

"Cinco anos antes já tínhamos estado na Assembleia da República a tentar passar a mesma mensagem, mas não tivemos sucesso. Desta vez, da forma como tudo foi organizado, tivemos." Filipa Silveira e Castro, mãe, voluntária, e membro da direção da Acreditar
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