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E os vencedores são…

O Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola distinguiu seis projetos de um total de 12 finalistas escolhidos pelo júri.

03 de Novembro de 2022 às 18:45
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Já são conhecidos os vencedores da nona edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola nas quatro categorias a concurso: Digitalização e Automação; Economia Circular e Biotecnologia Sustentável; Alimentação, Nutrição e Saúde; e Promoção da Inovação.

Os nomes foram revelados por Sílvia Alberto, que não deixou de sublinhar "a qualidade e inovação dos projetos que surpreende todos os anos", sendo que "nem a pandemia travou o avanço tecnológico, a inovação e a curiosidade de todos para tentar encontrar soluções que fossem proveitosas". Cada projeto vencedor levou para casa um cheque de 5 mil euros, tendo sido ainda atribuída uma menção honrosa no valor de 2.500 euros.

Farmoo: apoio à decisão
Na categoria Digitalização e Automação, o vencedor foi o projeto Farmoo, um software de apoio à decisão para agricultores que emite recomendações hídricas para as suas culturas. Trata-se de uma ferramenta que incorpora um algoritmo de recomendação de rega, desenvolvido com base em dados meteorológicos locais (sensores Internet of Things – IoT instalados localmente), previsão meteorológica (através de estações meteorológicas na rede) e dados de imagens satélite de alta resolução (3 metros). O software permite poupanças de água significativas, assegurando ainda, em alguns casos, aumentos de produção devido à maior eficiência de rega.

Bruno Fonseca, co-founder & CEO do projeto Farmoo, explicou ao Jornal de Negócios que a opção de concorrer ao prémio tem a ver com "o prestígio que este acarreta, mas sobretudo a mensagem que o mesmo procura passar ano após ano". Na verdade, este "é dos prémios mais antigos e que de forma sistemática tem sabido reconhecer os projetos mais inovadores num setor que ainda hoje é percecionado por muitos como conservador e pouco propenso à tecnologia".

Diz Bruno Fonseca que, nesse sentido, esta "é uma iniciativa que não só procura combater essa perceção externa, como vincula nos próprios agentes de mercado uma ideia de que há sempre algo de novo a acontecer". Dá a ideia clara "de que o setor está vivo, pujante e sempre à procura de soluções para se reinventar". O co-founder e CEO não deixou de sublinhar a mais-valia por ter estado "na cerimónia de entrega de prémios e ver equipas universitárias, cheias de garra e esperança, a apresentar os seus projetos inovadores", algo que lhe fez sentir "que o setor tem futuro e que se recomenda".

No caso do Farmoo, em particular, e "para além do prémio monetário" esta distinção torna-se importante porque reconhece "a importância da problemática que temos estado a enfrentar de forma cada vez mais evidente". Diz Bruno Fonseca ser "premente reforçar-se a mensagem de que a água é efetivamente um recurso precioso, escasso e que por isso mesmo é importante o reconhecimento de empresas como a Agroop". Falamos de "empresas que se preocupam com a sustentabilidade dos recursos hídricos e que por isso querem contribuir para uma rega inteligente, mais precisa e que se repercuta em poupanças significativas de água, mas também em energia". Bruno Fonseca não deixa assim de agradecer este reconhecimento, ao mesmo tempo que enfatiza "o sentido de responsabilidade que a partir de agora é ainda maior".

Além do projeto Farmoo, que chega de Évora, foram ainda finalistas nesta categoria, o projeto D-Pico, um micro-robot móvel desenhado para realizar a desmatação de terrenos, e o Sistema Autónomo para a Colheita de Framboesa para o Mercado de Frescos, um projeto que faz uso de robótica, inteligência artificial e automação para integração de tecnologia autónoma no processo de colheita de framboesa fresca usando 87% menos recursos humanos.

Phos2Recycle: nova vida às águas residuais
Na categoria Economia Circular e Biotecnologia Sustentável, a distinção este ano foi para o projeto Phos2Recycle – Phosphorus Biofertilizers. Trata-se de trabalhar no desenvolvimento de algoritmos matemáticos que preveem com alta precisão as transformações físicas, químicas e biológicas que ocorrem em estações de tratamento de águas residuais (ETAR).

Estes algoritmos foram incorporados numa ferramenta digital que permite, de forma muito mais rápida do que o olho humano e mais fiável do que outras ferramentas digitais existentes, avaliar o potencial de recuperar um dos produtos essenciais à produção de alimentos a partir de resíduos municipais/industriais: o fósforo na forma de biofertilizantes. A ferramenta permite ainda fazer o design/otimização do processo de recuperação destes biofertilizantes, e reduzir os poluentes na água tratada, de forma que se possa reaproveitar esta água para rega de campos agrícolas.

Jorge Santos, CEO da AquaInSilico, que desenvolveu o projeto, explicou que o trabalho cabe a uma equipa de investigadores universitários sendo que o objetivo passa por "levar o projeto para países que passam por períodos de escassez hídrica". Diz que concorreram por acreditar que estes serviços "podem revolucionar o setor do tratamento de águas residuais e gestão de resíduos".

Assim sendo, este prémio surgiu como "a oportunidade ideal de divulgar a nossa tecnologia junto do setor agrícola e mostrar que as ETAR podem ser uma resposta à atual crise de escassez de água e de fertilizantes, que tem provocado prejuízos avultados na agricultura". Jorge Santos diz acreditar que "a agricultura pode ser a área que mais vantagens aufere do tratamento eficiente de águas residuais e resíduos, uma vez que um tratamento eficiente leva a uma maior disponibilidade de água para rega, de fertilizantes e também de energia, reduzindo os custos para os agricultores".

Em termos futuros, a principal pertinência desta distinção "prende-se com o reconhecimento da relevância da inovação oferecida pela AquaInSilico", refere o seu CEO. O objetivo "é replicar este projeto e escalar a aplicação das ferramentas digitais da AquaInSilico para mais ETAR em Portugal, aumentando a qualidade e quantidade de água tratada e de biofertilizantes de forma segura e eficiente no setor agrícola".
Nesta categoria, foram ainda finalistas os projetos EcoX e TecmaFoods – Insect Based.

O primeiro visa a produção de diversos produtos de limpeza, nomeadamente de detergentes, que, para além de biodegradáveis e vegan, são obtidos sob um conceito de economia circular e valorizando um resíduo (o óleo alimentar usado) causador de vários problemas. Já o TecmaFoods – Insect Based trabalha a produção de insetos (Tenebrio molitor) e a produção de farinha de insecto para alimentação animal e consumo humano, com inúmeras aplicações para a indústria alimentar e não só.

Ethical Meat: do prado ao prato
O projeto Ethical Meat venceu o concurso na categoria Alimentação, Nutrição e Saúde, apresentando uma ideia que acrescenta valor, através de novo conhecimento, e do desenvolvimento de metodologias e processos inovadores, em todas as fases da cadeia de produção de carne – do "prado ao prato".

Através de novas metodologias de bem-estar animal, implementadas com apoio de tecnologia estima-se um aumento de eficiência na criação de bovinos de mais 20% (menor tempo de criação, conversão alimentar), maior qualidade da carne (maciez, sabor, nutrientes) e, um produto mais sustentável, com aumento do prazo de validade em pelo menos 25% e embalagem ecológica. Pretende-se também disseminar estas melhores práticas entre o setor agropecuário, contribuindo para o aumento da sua produtividade, qualificação e internacionalização.

Ana Geraldo, diretora técnica do Monte do Pasto, entidade responsável pelo projeto, explica que concorrem a este prémio porque acreditam "no valor da partilha de ideias inovadoras" e entendem "que o Projeto Ethical Meat – Sistema Integrado de Produção Sustentável de Carne é, não só, ambicioso como incorpora muitas inovações: novos processos de criação com foco no bem-estar animal, testados no primeiro Parque de Bem-Estar Animal em Portugal e Europa, onde foram implementadas várias soluções tecnológicas para moldar e aferir comportamento animal e eficiência produtiva, incluindo uma solução de sombreamento AgroPV, otimizando a utilização do solo".

A diretora técnica do Monte do Pasto diz ainda saber "que a atribuição de um prémio é sempre algo que ajuda a despertar curiosidade e a dar visibilidade aos projetos inovadores" e, por outro lado, "o Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola tem vindo a afirmar-se como uma referência no estímulo à inovação no nosso setor".

A conquista do prémio é também importante "do ponto de vista motivacional para as equipas". Na verdade, trata-se "de uma equipa bastante jovem e este reconhecimento demonstra o valor do que fazemos todos os dias, das melhores práticas de bem-estar animal, da utilização de novas tecnologias (de sensores ao AgroPV) e da inovação que estamos a incorporar nos nossos processos para sermos mais eficientes, mais rentáveis e mais sustentáveis".

Ana Geraldo adianta que a inovação é um dos pilares estratégicos da empresa, a par da sustentabilidade e da internacionalização: "Queremos que as nossas equipas acreditem no valor da inovação, porque esta nova geração de agricultores terá seguramente um papel fundamental na sustentabilidade do nosso planeta e na nossa qualidade de vida."

Nesse sentido, "a atribuição deste prémio vem confirmar que a aposta na sustentabilidade e na inovação aplicada cria valor" sendo que "o projeto de investigação manter-se-á durante cerca de mais 12 meses e serão produzidos trabalhos científicos e partilhados resultados com a comunidade académica e criadores".

A empresa espera, entre 2023-24, "ter no mercado os primeiros produtos que materializam todo o projeto do "prado ao prato", ou seja, uma gama de fatiados True Born produzida de forma mais sustentável, com maior qualidade nutricional e sensorial, com prazo de validade alargado comparativamente com o standard atual, comercializada numa embalagem ecológica". A ideia é garantir a produção de um produto "que comprove a capacidade de inovação nacional e com os atributos que lhe permitam conquistar, também, os mercados internacionais mais exigentes".

Ana Geraldo diz ainda ser importante que este projeto seja entendido "como inspiração para uma nova geração de agricultores" e que se afirme "uma nova forma de criar animais no Alentejo, mais ética, mais sustentável e capaz de gerar mais valor e riqueza para a região".

Foram também finalistas nesta categoria, o projeto Vegan Bio Foods, que visa o desenvolvimento de alimentos de base vegetal, biológicos, sustentáveis e funcionais para promoção da saúde humana, e o Portugal Bugs. No caso deste último, trata-se de promover o desenvolvimento, produção e comercialização de produtos alimentares sustentáveis utilizando os insetos como fonte de proteína sustentável e de elevada qualidade.

Alertas para o arroz
Na quarta, e última categoria a concurso, Promoção da Inovação, a distinção coube ao projeto AlertaARROZ. Os nematodes fitoparasitas causam grandes prejuízos, nomeadamente na cultura do arroz. Destes, o nematode das galhas radiculares do arroz, Meloidogyne graminicola (Mg), é uma ameaça para a fileira chegando a causar 20% de perdas na colheita, e as alterações climáticas estão a conduzir a um incremento dramático nas suas populações.

O Mg está presente em Itália e em grande expansão, pondo em risco outros países produtores e importadores, como Portugal. O projeto aposta na capacitação dos agricultores, com conhecimento técnico, e no apoio à produção com a introdução de técnicas inovadoras de deteção e de diagnóstico precoce, visando mitigar os efeitos da dispersão da doença nos nossos arrozais e contribuir para a sustentabilidade do setor.

Maria de Lurdes Silva Inácio, responsável da Nematologia do INIAV, entidade responsável pelo desenvolvimento do AlertaARROZ, explica que "a visibilidade que o prémio nos pode trazer e a proximidade que isso garante junto dos nossos agricultores" foram motivos mais do que suficientes para concorrer. A opção pela categoria Promoção da Inovação visa o desenvolvimento de ações de formação para a capacitação dos produtores, com vista à proteção do setor orizícola "relativamente a uma nova ameaça fitossanitária, o nematode Meloidogyne graminicola, justamente porque uma das preocupações do INIAV é que a ciência que produzimos e o conhecimento e inovação que geramos cheguem a quem necessita deles, de forma simples e prática, e possa ser aplicado para a melhoria da produção".

Assim sendo, Maria de Lurdes Silva Inácio explica que a importância deste prémio reside exatamente "na visibilidade dada ao projeto AlertaARROZ!" Pretende-se "dar nas vistas e chamar a atenção para esta ameaça emergente". É também uma forma de conseguir "chegar a um público-alvo mais alargado e de modo mais eficaz". O projeto vai assim nesse sentido: "Teremos financiamento para, em conjunto com as associações do setor, promover ações de formação e demonstração junto dos nossos técnicos e agricultores, visando prestar apoio à produção através da transferência de conhecimento e a introdução de técnicas inovadoras de deteção e de diagnóstico precoce, visando mitigar os efeitos da dispersão da doença nos nossos arrozais e contribuir para a sustentabilidade da fileira".

O Innov4Food foi também finalista nesta categoria, tratando-se de um projeto que visa incluir atividades para promover e incentivar a inovação no setor agroalimentar, através da sua capacitação.

Rewine práticas de economia circular para o setor vitivinícola
Já o projeto ReWINE, o outro finalista e distinguido com o Prémio de Projeto de elevado potencial promovido por Associado CA, foi desenvolvido para servir como ferramenta de suporte, dirigida às empresas do setor vitivinícola, para promover a implementação de boas práticas de Economia Circular (EC), acelerando desta forma a transição para um modelo de EC.

Rosa Amador, diretora-geral da ADVID, entidade promotora do projeto ReWINE explica que este projeto "envolveu ativamente os agentes económicos do setor, expondo, através de casos reais, o que de melhor se faz nas empresas vitivinícolas nacionais no que respeita a práticas de economia circular já implementadas". Esta distinção "é importante em muitos aspetos" não só em termos de projeção e visibilidade, mas é também "um grande incentivo para a continuidade de projetos semelhantes, e quem sabe, para a sua replicação noutros setores, acelerando assim a transição para um modelo de economia circular", refere ainda Rosa Amador.

Sistema Autónomo para a Colheita de Framboesas
Afonso Rito Dos Santos, founder & CEO da Viridius Technologic explica que a menção honrosa jovem empresário rural atribuída ao projeto Sistema Autónomo para a Colheita de Framboesas para o Mercado de Frescos, "é importante na medida em que alavanca a consciencialização da nossa existência perante produtores, parceiros e investidores, cujos recursos são essenciais para acelerar o desenvolvimento e levar estes novos métodos de trabalho para o mercado".

Os próximos passos da empresa "são aumentar a equipa de forma sustentável e produtiva", refere ainda Afonso Rito dos Santos, sendo que está a ser levantada "uma ronda de financiamento de forma a finalizar os desenvolvimentos e chegar aos mercados nacional e internacional o mais rápido possível".

A Viridius é uma startup recente "com pouca visibilidade, estando a desenvolver e introduzir no mercado novas tecnologias e métodos para a colheita autónoma de frutos frescos que irão impactar de forma positiva os sistemas de produção alimentar e, em última análise, o consumidor final de um modo sustentável".
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