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Vencedor: EcoInCer - Uma patente em busca de investimento

A empresa pretende transformar as escórias provenientes da incineração de resíduos sólidos urbanos em matéria-prima para as indústrias cerâmica, vidreira e cimenteira. Para isso precisa de investidores e parcerias.

16 de Janeiro de 2018 às 14:59
Hugo Monteiro/CM
A ideia surgiu em 2004 quando Erika e Filipe Davim frequentavam o último ano de licenciatura em Engenharia Cerâmica e do Vidro. Identificaram a solução para dois problemas que afectam as indústrias cerâmicas, vidreiras e cimenteiras. O primeiro problema é o aumento do custo das matérias-primas naturais devido à sua crescente escassez, e, o segundo, as 200 mil toneladas de escórias geradas em Portugal provenientes da incineração de resíduos sólidos urbanos cujo único destino é o aterro.

Fizeram testes laboratoriais que permitiram a obtenção de vidros, vitrocerâmicas e cerâmicos de pavimento e revestimento a partir das escórias. Esta pesquisa deu origem à patente europeia (Patente Internacional PCT/ IB2009/055671).

Em termos industriais este projecto necessita, para se tornar uma realidade, de um investimento em equipamentos a rondar os 300 mil euros Filipe Davim
CEO da EcoinCer

Anos depois, em Setembro de 2012, nasceu o projecto EcoInCer com a incubação desta ideia de negócio na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA). Isto permitiu contactos com empresas cerâmicas, vidreiras e cimenteiras para poder testar a matéria-prima à escala semi-industrial e industrial.

Desde Abril de 2014, que Filipe Davim se dedica totalmente a este projecto, realizando ensaios laboratoriais e semi-industriais em cerca de 15 empresas para adequar a matéria-prima ao uso específico de cada futuro cliente.

Durante este período recebeu vários prémios para startups. "Os prémios auferidos, além de exposição mediática e novos contactos, permitiram ajudar a pagar os gastos inerentes à patente europeia e conhecer melhor a realidade de tratamento de resíduos em Itália com quem esperam estabelecer parcerias" refere Filipe Davim.

Quais são os tipos de escórias a utilizar e qual é a transformação que vão sofrer?
A EcoInCer é uma ideia de negócio que pretende tratar, valorizar e comercializar escórias provenientes da incineração de resíduos sólidos urbanos como matéria-prima para as indústrias cerâmica, vidreira e cimenteira, gerando produtos com propriedades semelhantes ou até superiores aos atuais. Numa fase posterior tencionamos alargar a outras tipologias de indústrias/ produtos e tratar/valorizar outros resíduos.

Quais têm sido as principais dificuldades para concretizar o projecto? O que é já foi atingido e o que é falta? Quando é que já foi investido na ideia e de quanto precisam para a concretizar?
A principal dificuldade tem sido garantir/angariar investimento que valide a criação/implementação da EcoInCer. Em termos industriais este projecto necessita, para se tornar uma realidade, de um investimento em equipamentos a rondar os 300 mil euros.

A criação como empresa e respectiva entrada da EcoInCer no mercado encontra-se dependente ainda de alguns factores, sendo a negociação da parceria e/ou sociedade a desenvolver com as duas incineradoras de Portugal Continental, o mais importante e determinante. Já com cem mil euros de investimento assegurado através do Open Innovation da Sociedade Ponto Verde, esta negociação vai também ditar ou não a possibilidade de esforços de procura de investimento adicional.

Quais são as vantagens do produto final da EcoInCer?
A solução EcoInCer garante a redução de custos com matérias-primas, a redução de consumos energéticos e hídricos durante o processo de preparação e a redução de emissões gasosas. Para além de permitir às empresas clientes a candidatura ao rótulo ecológico europeu e respectiva penetração no emergente mercado dos "Green Products". Possuímos know-how para permitir adequar e personalizar a matéria-prima a cada unidade fabril que a pretenda incorporar nas suas composições cerâmicas, cimentícias ou vítreas.

Além disso, evita a deposição em aterro destes resíduos gerando logicamente uma enorme vantagem ambiental. Para as incineradoras gera uma poupança significativa a nível de gastos com criação e manutenção dos aterros.

Os percursos dos promotores do negócio

Os dois promotores são licenciados em Engenharia Cerâmica e do Vidro, mas seguiram percursos diferentes. Erika Davim prosseguiu a carreira na academia e doutorou-se em Engenharia Biomédica - Ramo Materiais, sendo actualmente bolseira de Investigação na Universidade de Aveiro.

Filipe Davim foi engenheiro de produção, director de produção e técnico superior de laboratório em empresas de pavimento e revestimento e louça durante seis anos e bolseiro de Investigação nas Universidades Nova de Lisboa e Aveiro durante três anos. Desde Abril de 2014 que está dedicado ao projecto EcoInCer.

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