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I&D - MOBILE-PRO-U: Solução que aumenta a rentabilidade do negócio

A ideia passa por construir uma unidade móvel que faça o processo de recuperação do vidro nas várias instalações de tratamento para aumentar significativamente a taxa de reciclagem de vidro que em Portugal não chega a 50%.

16 de Janeiro de 2018 às 14:31
Vítor Mota/CM
Maria Teresa Carvalho é líder da equipa do projecto MOBILE-PRO-U, um sistema integrado com base numa unidade móvel para recuperação de embalagens de vidro a partir de resíduos urbanos indiferenciados.

"O objectivo final é exactamente transformar este projecto de investigação num projecto empresarial. Sabemos que esta estação de tratamento móvel tem viabilidade económica" garante Maria Teresa Carvalho, professora auxiliar do Instituto Superior Técnica, investigadora da CERENA (Centro de Recursos Naturais e do Ambiente).

"O passo seguinte é que empresas privadas que lidem com o tratamento de resíduos se interessem por esta solução porque lhes aumenta a rentabilidade do seu negócio" referiu Maria Teresa Carvalho, que tem a actividade académica e de investigação centrada na área do processamento de minérios e resíduos sólidos.

Este sistema integrado com base numa unidade móvel para recuperação de embalagens de vidro a partir de resíduos urbanos indiferenciados resultou de um trabalho de investigação. Teve o apoio de que instituições?
O sistema em causa consta de um projecto de investigação de uma equipa multidisciplinar no Instituto Superior Técnico que associa as áreas de processamento, gestão e projecto mecânico. Os investigadores desta equipa pertencem ao CERENA, ao CEGIST (Centro de Engenharia e Gestão) e ao IDMEC (Instituto de Engenharia Mecânica). É também parceiro deste projecto a empresa Maltha, que se dedica à reciclagem do vidro. O projecto é desenvolvido com recursos dos parceiros e da Sociedade Ponto Verde.

Em que consiste a sua ideia e como é que chegou a esta ideia?
Actualmente a taxa de reciclagem de vidro em Portugal não chega a 50%, estando abaixo da meta europeia. Isto porque grande percentagem de vidro é indevidamente colocada nos resíduos indiferenciados e porque as instalações de tratamento não têm meios para o recuperar.

Mostrámos que era possível utilizar técnicas de separação de minérios na separação deste tipo de resíduos, permitindo assim recuperar este vidro e obter um produto com qualidade suficiente para ser reciclado. No entanto, não é economicamente viável ter este processamento em cada uma das instalações.

Surgiu por isso a ideia de construir uma unidade móvel que inclui este processo de recuperação do vidro, de forma a chegar às instalações de tratamento, e conseguir incrementar significativamente a taxa de reciclagem de vidro do país.

Qual é a importância da economia circular e como poderia ser dinamizada em Portugal?
Os resíduos sólidos são uma fonte de matéria-prima. A economia circular tem como objectivo principal a gestão eficiente e sustentável dos recursos e passa primeiramente pela redução da produção de resíduos. Para tal é necessária a cooperação dos produtores que devem adoptar o eco-design para minimizar a utilização de matérias-primas e, sempre que possível, introduzir materiais reciclados. Mas também os cidadãos têm um papel fundamental: devem estar consciencializados a poupar recursos, depositando os resíduos de forma conveniente e permitindo assim a recuperação das matérias-primas mais eficientemente. A reciclagem de materiais é também uma forma de contribuir para a economia circular.

O que é que se poderia fazer para fazer uma maior ligação entre a investigação e a aplicação prática?
Os projectos de investigação em consórcio (unidades de investigação e empresas) potenciam essa ligação e têm tido um papel muito importante no desenvolvimento de soluções nesta área, demonstrando o potencial económico das soluções técnicas avançadas e melhoram o conhecimento científico nas empresas. Mas há muito poucos projectos nesta área. O lançamento de projectos de investigação nas áreas de processamento de resíduos com participação de centros de investigação e empresas é um passo muito importante para a melhoria desse cluster industrial e reduz significativamente o risco das empresas na adopção de novas tecnologias. O Estado via FCT, os fundos da União Europeia e entidades como a Sociedade Ponto Verde quando lançam projectos de investigação contribuem para acelerar a transformação do tecido empresarial.


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