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Muitas PME revelaram o melhor do espírito empreendedor

Existem empresários portugueses que mostraram criatividade, resiliência e flexibilidade, adaptando-se rapidamente ao novo contexto dos negócios. Por outro lado, houve muitas PME que, por causa da pandemia, enfrentaram e enfrentam desafios demasiado exigentes para a sua condição e recursos.

04 de Maio de 2021 às 11:01
Francisco Sá, presidente do IAPMEI
Francisco Sá, presidente do IAPMEI
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O IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação é, historicamente, um dos aliados das PME. Os seus produtos, serviços, que incluem apoios, programas, formação ou prémios, têm o objetivo de auxiliar as pequenas e médias empresas, que constituem a esmagadora maioria do tecido empresarial nacional. Por isso, entrevistámos Francisco Sá, presidente do IAPMEI, e pedimos que nos fizesse um retrato do país neste período de pandemia. Nesta conversa falámos também da internacionalização, da importância da digitalização, dos desafios para o futuro e dos programas e incentivos do IAPMEI.

 

Que retrato se pode fazer, neste período difícil, das PME nacionais?

A informação que temos, a partir do contacto direto com as empresas no terreno, sugere-nos um retrato com diferentes matizes. Na realidade, a crise gerada pela covid-19 gerou impactos muito diferenciados em função de múltiplas variáveis de análise. Seja por via dos setores de atividade, dimensão ou mesmo por via da capacidade de adaptação, da flexibilidade e da situação – mais ou menos robusta – de partida.

 

Ainda assim, é-nos grato reconhecer que a reação de muitas PME revelou o melhor do espírito empreendedor, criativo e resiliente dos empresários e que, em simultâneo, traduziu algumas das melhores características das PME: a sua flexibilidade e a capacidade de uma reação muito rápida às alterações do contexto em que se realizam os negócios. Temos conhecimento de casos muito interessantes reveladores de uma notável capacidade de adaptação e mesmo de reconversão, ainda que parcial, da sua atividade. Esta atitude foi muito importante não apenas para evitar a destruição de valor, mas também para identificar oportunidades e caminhos para uma rápida saída desta situação.

 

No entanto, reconhecemos também que, apesar de todas as medidas extraordinárias de apoio que têm sido disponibilizadas, muitas das PME no mercado e, em particular as dos setores que viram a sua atividade legalmente condicionada, enfrentaram desafios porventura demasiado exigentes para a sua condição e recursos, encontrando-se frágeis e com dificuldades em retomar a sua atividade normal.

 

Estamos atentos a estas situações e a trabalhar ativamente com o Governo para evitar maior destruição de valor.

 

Que setores foram mais afetados pela pandemia? E quais as áreas de negócio em que as PME portuguesas melhor têm resistido?

Nos mais afetados é incontornável referir o setor do turismo e restauração, o comércio e todas atividades que se viram obrigadas a suspender atividade devido à pandemia. Percebem-se, no entanto, assimetrias, mesmo nos setores referidos, consoante a capacidade para adaptação a novas formas de negócio. As empresas que já tinham incorporado nos seus modelos de negócio dinâmicas associadas à transformação digital foram menos impactadas com a suspensão da atividade presencial.

 

É de referir que as medidas lançadas para mitigação das perdas relacionadas com a pandemia, nomeadamente os avisos do programa APOIAR, têm corrido bem e acredito que contribuíram para minimizar os impactos da quebra de faturação.

 

Pode explicar, exatamente, porque devem os gestores apostar na transformação digital e investir em ferramentas tecnológicas nas suas organizações? Como torna as PME (e empresas de maior dimensão) mais fortes, sobretudo neste período de pandemia?

O PRR aloca 650 milhões de euros para reforçar a digitalização das empresas de modo a recuperar o seu atraso face ao processo de transição digital em curso. Pretende assim apoiar as empresas no reforço das competências digitais dos seus trabalhadores, na modernização ou reformulação dos seus modelos de negócio bem como os seus processos de produção, incluindo a desmaterialização dos fluxos de trabalho, no encurtamento do time to market, na criação de novos canais digitais de comercialização de produtos e serviços, na incorporação de tecnologias digitais disruptivas nas propostas de valor das empresas e no estímulo ao empreendedorismo de base digital.

 

Como podem as empresas aproveitar esta oportunidade?

O aproveitamento destas oportunidades far-se-á através de investimentos em qualificação dos RH e em incorporação de tecnologias digitais. Para poderem aproveitar estas oportunidades, as empresas deverão possuir uma estratégia clara de abordagem à sua transição digital, identificando as áreas nas quais precisam de apostar e investir com o apoio dos fundos europeus do PRR ou Portugal 2030.

 

A ferramenta Shift to 4.0, disponível na Plataforma SHIFT2Future permite a qualquer empresa avaliar o seu estado de maturidade digital, identificando as linhas orientadoras para melhorar o caminho a seguir rumo à sua digitalização.

 

O diagnóstico, já utilizado por mais de 400 PME, permite à empresa alicerçar planos de ação ou roadmaps de investimento para uma estratégia de implementação, estruturada, integrada e coerente com os objetivos desejados. Esses roadmaps de investimento serão peças-chave para fundamentar os investimentos a propor para apoio pelo PRR ou Portugal 2030 nos respetivos processos de candidatura.

 

O período que vivemos prejudica a internacionalização das nossas PME?

Este período caracteriza-se por uma grande disrupção nos mercados, seja pela oferta seja pela procura. Acresce que esta disrupção afeta em simultâneo praticamente todos os mercados com que as empresas portuguesas se relacionam ou com as quais se pretendem relacionar.

 

Com algumas exceções que terão beneficiado empresas de alguns setores com capacidade para colocar no mercado produtos específicos que registaram significativos acréscimos de procura no período da pandemia, a grande maioria das empresas teve de ajustar ou adiar as suas estratégias de internacionalização.

 

É muito consensual reconhecer que esta crise obrigou muitas empresas a privilegiar estratégias de mitigação dos impactos em detrimento de estratégias mais ambiciosas e exigentes na afetação de recursos como as de expansão e de internacionalização.

 

Em todo o caso, acreditamos que, de uma forma geral, as empresas com esta ambição vão recuperar os processos interrompidos, reavaliar os ajustamentos necessários às suas estratégias (mercados, produtos, parcerias) e definir um novo percurso de internacionalização.

 

Importa não esquecer que a transição digital é, antes de mais, uma oportunidade que permite a reformulação de negócios e a possibilidade de empresas de menor dimensão e menos meios poderem investir em marcas e mercados que, de forma tradicional, estariam certamente fora do seu alcance.

 

Quais são, agora, os principais desafios para as PME portuguesas?

O contexto económico atual – e o que se prevê para os próximos anos – vai colocar pressão adicional às empresas, e em particular às PME, sobretudo na fase de recuperação e de estabilização da atividade no período pós-covid.

 

Para responder aos desafios da competitividade e para que seja viável assegurar uma trajetória de crescimento sustentável, as PME precisam de visão, ambição e metodologias de gestão que lhes permitam ganhos de eficácia e de eficiência na exploração dos seus negócios e na criação de valor. As vantagens competitivas tendem a ser suportadas na capacidade de diferenciação que as empresas apresentam face às concorrentes e, nesta dimensão, a capacidade de utilizar, da melhor forma, a informação que lhes está acessível concede-lhes um fator de diferenciação não negligenciável.

 

As dinâmicas de mercado cada vez mais exigentes acabam por se constituir simultaneamente em oportunidades e em ameaças que as empresas tentam equilibrar com as suas opções e estratégias. E, muitas vezes, a aplicação de estratégias mais ambiciosas e competitivas só têm sucesso se a empresa souber otimizar os seus recursos e as suas vantagens endógenas, através da informação e do conhecimento.

 

Vão surgir novas políticas para ajudar as empresas?

Haverá um forte reforço das políticas públicas de suporte à recuperação e à atividade das empresas, o que poderá constituir uma poderosa alavanca para acelerar investimentos em inovação, incluindo aqui a inovação na gestão.

 

O IAPMEI tem sido um aliado das PME com os seus produtos e serviços. No que toca ao sistema de Incentivos e Financiamento, qual o valor já desembolsado no âmbito das medidas para aceleração de pagamento dos incentivos do Portugal 2020, por causa da pandemia? E quantas empresas foram abrangidas?

Desde março de 2020 foram emitidas 8.651 ordens de pagamentos, relativas a 3.837 empresas, correspondendo ao total de incentivo ao investimento pago de 567 milhões de euros.

 

Estes são pagamentos relativos às medidas PT2020, excluindo medidas covid (Inovação ou I&D Covid, ADAPTAR e APOIAR). Para se perceber o esforço que está a ser feito, importa destacar que só no âmbito do programa APOIAR o IAPMEI transferiu para as empresas, pagou, cerca de 330 milhões de euros correspondentes a mais de 75 mil operações.

 

Como estão a decorrer as candidaturas à 15.ª edição dos European Enterprise Promotion Awards?

Portugal tem registado um desempenho assinalável, com vários prémios europeus atribuídos e reconhecimento público da Comissão Europeia, como aconteceu na última edição, em que Portugal foi felicitado pelo número recorde de candidaturas recebidas na fase nacional.

 

Ao longo dos 14 anos dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial, uma iniciativa da Comissão Europeia, Portugal tem tido um lugar de relevo, com o IAPMEI a receber mais de 700 candidaturas e a distinguir mais de 120 projetos. 

 

Este ano estamos ainda a receber candidaturas. A fase de receção das candidaturas termina no dia 10 de maio. É um ano atípico em que muitas atividades foram suspensas. Ainda assim, estamos a trabalhar para voltar a ser um dos países com mais e melhores projetos, com potencial para serem premiados na final internacional.

 

 

Um dos produtos e serviços que o IAPMEI oferece é o Apoio Empresarial e Formação. Como se encontra atualmente a Academia PME? Continua a ministrar formação, workshops, seminários temáticos ou a pandemia travou estas ações? E que balanço faz do Espaço Empresa?

Neste contexto de pandemia a Academia de PME teve que orientar a sua atividade para modelos de capacitação e formação online. Foi uma aprendizagem muito interessante e que se traduziu numa séria de ações em temas tão diversos como a transformação digital, o desperdício alimentar, a formação financeira, entre outros.

Paralelamente, lançámos recentemente a Academia de PME Digital do IAPMEI. Trata-se de uma plataforma que disponibiliza diversas ferramentas e conteúdos, através de ações de formação e vídeos informativos, sobre os mais variados temas ligados à gestão empresarial, apoio ao negócio, acesso a incentivos, empreendedorismo, e não só.

Os materiais informativos audiovisuais têm, aliás, vindo a ser uma aposta do IAPMEI em que registamos igualmente grande interesse por parte da envolvente empresarial.

O nosso objetivo é tornar mais acessíveis os conteúdos indutores de boas práticas de gestão e que estimulem a incorporação de ferramentas úteis ao desenvolvimento dos negócios, e apoiem a tomada de decisão.

Economia Circular, benefícios fiscais, cibersegurança são apenas alguns dos temas já abordados, estando previstos nos próximos meses novos lançamentos sobre transição digital, sustentabilidade e apoios direcionados às diferentes fases da vida de uma empresa.

Programas com elevada procura

 

O IAPMEI tem à disposição diversos produtos e serviços com o objetivo de apoiar, fazer crescer e tornar mais competitivas as PME nacionais. Para ser um parceiro estratégico de empresas, empresários e empreendedores, o IAPMEI tem nos seus produtos e serviços as áreas de Incentivos e Financiamento, Apoio Empresarial e Formação, Indústria e Sustentabilidade, Qualificação e Certificação, Revitalização e Transmissão e Empreendedorismo e Inovação. Pedimos um balanço do Empreendedorismo e Inovação e dos seus programas Tech Visa, StartUP Voucher e StartUP Visa. Francisco Sá, presidente do IAPMEI, faz a avaliação de cada um.

 

Tech Visa

 

Desde o seu início, em janeiro de 2019, foram submetidas 420 candidaturas, tendo sido concedida a certificação a 333 empresas. As empresas certificadas emitiram 2.097 termos de responsabilidade (documento que permite agilizar o processo de visto e autorização de residência). Relativamente à origem dos trabalhadores, verifica-se que a sua maioria é proveniente do Brasil (80%) sendo a área da informática (90%) a mais requisitada pelas empresas.

 

StartUP Voucher

 

Lançado em 2016 vai já na 3.ª edição. A atestar a relevância desta medida destaca-se a forte recetividade por parte dos empreendedores a este tipo de iniciativas, com perto de 2.100 candidaturas envolvendo cerca de 3.500 empreendedores candidatos a bolseiros. Já foram apoiados perto de 800 projetos empresariais envolvendo mais de 1.300 empreendedores bolseiros. O êxito do programa está patente nas candidaturas submetidas e nas mais de 100 empresas já criadas, sendo que o grande incremento na constituição de novas empresas espera-se que ocorra este ano e em 2022, quando os projetos em desenvolvimento já atingiram a terceira e última fase de participação no StartUP Voucher.

 

StartUP Visa

 

No dia 15 de março foi assinalado o terceiro ano de execução deste programa. O interesse dos empreendedores tem vindo a crescer, tendo-se verificado um aumento significativo em 2020, apesar da situação da pandemia. Esta evolução veio a resultar, em janeiro de 2021, num aumento superior a 70% no número de contratos de incubação celebrados, tendo em vista a implementação de novos projetos em Portugal. Este sucesso mostra que tem de se continuar a trabalhar para o reforço da competitividade das PME como fator decisivo de uma acrescida competitividade da economia portuguesa, e a geração de uma dinâmica empresarial mais inovadora, ambiciosa e determinada que contribua para a consolidação de uma trajetória sustentada de crescimento e de criação de mais e melhor emprego. A promoção do empreendedorismo, a dinamização de um ecossistema robusto, diversificado e flexível e um apoio estruturado aos empreendedores são um contributo decisivo para estes objetivos.

 

A importância do estatuto PME Líder e PME Excelência

 

O IAPMEI coloca à disposição das PME vários produtos, serviços e programas, como já foi referido anteriormente. Questionámos Francisco Sá, o presidente, se gostaria de destacar algum desses programas pela relevância histórica ou que tem atualmente. O responsável do IAPMEI não resistiu a destacar a atribuição do estatuto PME Líder e PME Excelência. "Acabámos de apurar e divulgar as empresas PME Excelência 2020. Este ano temos 2.865 empresas distinguidas. Pesem embora os desafios colocados pela conjuntura económica nem sempre favorável e a exigência reforçada em termos de critérios de seleção, este número tem sido sempre crescente", sublinha.

É-nos explicado que as 2.865 empresas apuradas como PME Excelência 2020 registaram elas próprias, na análise comparativa dos dois últimos exercícios, crescimentos notáveis do volume de negócios (+17%) e do resultado líquido (+40%). A mesma evolução positiva reflete-se na internacionalização, com as exportações a alcançarem um incremento de 24,3% face ao ano anterior, totalizando 2,3 mil milhões de euros.

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