Crucial no dia a dia de quem optou ou vai optar por ter carros elétricos, a rede pública de carregamento portuguesa está neste momento a caminhar para corresponder à procura, segundo as associações do setor. Seja como for, vai ser necessário investir cada vez mais, atendendo às tendências do setor automóvel nacional.
De acordo com Henrique Sánchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), a rede de Postos de Carregamento Rápido (PCR) tem "aumentado significativamente nos últimos meses". Hoje há "115 PCR instalados e ligados, com 32 PCR em instalação, faltando a ligação, e 55 PCR com localização já aprovada pendente de instalação".
As estações de carregamento privadas – para frotas de empresas, motoristas de TVDE... – têm surgido desde 2019, funcionando em Lisboa, Chelas, Alcântara e Prior Velho. No Porto, em Leça do Balio e no Bonfim, estão previstas para este ano a abertura de mais estações.
Quanto aos Postos de Carregamento Normal são fundamentais em centros comerciais, grandes superfícies ou nas ruas das cidades pois são indispensáveis para quem tem ou pretende adquirir um veículo elétrico, mas não tem condições para o carregar em casa ou nos seus locais de trabalho. "Esta rede de carregamento normal tem a decorrer o último concurso para a concessão de 663 pontos de carregamento a Operadores de Postos de Carregamento, pondo fim ao projeto-piloto e colocando toda a rede em fase comercial", explica Henrique Sánchez.
Por seu turno Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, refere que "a rede está a crescer e a gradual generalização do pagamento dos carregamentos nos postos irá tornar sustentável o aumento de carregadores rápidos, os quais são fundamentais no processo de eletrificação".
Roberto Gaspar, secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), afirma que, neste momento, "provavelmente o número de postos de carregamento responde às necessidades mais imediatas do mercado". Mas pelo crescimento acelerado no mercado destes veículos, o país terá de "fazer um esforço significativo para acompanhar este mesmo crescimento".
E nas cidades?
Além da realidade dos postos de carregamento, estarão as cidades portuguesas preparadas para a mobilidade elétrica? Henrique Sánchez, da UVE, conta que serão sempre necessárias "algumas adaptações, pois as cidades e a distribuição da potência nos aglomerados urbanos foi executada tendo em linha de conta as zonas de habitação, que requerem pouca potência, e as zonas industriais, que requerem mais potência disponível".
Helder Pedro, da ACAP, diz que será necessário "um investimento contínuo e sustentado de postos de carregamento público, uma vez que a maioria dos habitantes das cidades vive em prédios, com as consequentes limitações ao nível da disponibilidade de pontos de carregamento".