Desde o início do mês está acessível a qualquer pessoa a consulta de um conjunto de dados que permitem conhecer em detalhe os indicadores de referência na actividade da Unidades de Saúde Familiar. Para cada unidade, para cada região do país, desde 2009 até final de 2013, os dados disponíveis caracterizam a população que recorre a estes serviços, a forma como estes funcionam, os serviços que aí são prestados e como são prestados.
A iniciativa é da responsabilidade da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar. Materializa-se num portal de Internet que tem como principal missão dar a conhecer o trabalho destas unidades, expor a sua abordagem multidimensional, e partilhar os números que atestam os resultados do modelo que nos últimos anos tem vindo a substituir os Centros de Saúde.
A plataforma pretende dar um contributo para alterar esta situação e fazer chegar números e indicadores de actividade ao público em geral, mas também aos decisores políticos e aos próprios profissionais de saúde, a quem faltava a visão global de um conjunto de informação importante para dar suporte a processos de melhoria continua, sustentabilidade e desenvolvimento organizacional.
Descobrir informação nos dados que já existem
Todos os dados da operação diária nas USF são registados electronicamente e de forma parametrizada. Esse acervo é propriedade da Administração Central dos Sistemas de Saúde com quem agora foi firmado um protocolo que viabiliza a sua utilização e o tratamento dos dados na nova plataforma, que tira partido de tecnologias de Business Intelligence da Microsoft para trabalhar toda a informação.
"Portugal deve ser o país do mundo ocidental que tem maior informatização na informação clínica que gera, mas tem um defeito a seguir a isto. Temos este volume de dados mas não temos instrumentos e capacidade para fazer a sua gestão", defende José Luis Biscaia.
O projecto da USF – NA é um esforço para alterar a situação e também um ponto de partida para a partilha de boas práticas e para o trabalho de investigação a partir dos dados compilados junto do universo da população que é acompanhada nestas unidades. Mais do que aumentar a informação disponível, os promotores querem melhorar a qualidade da informação a que podem já hoje ter acesso.
"Mais interessante do que saber quantas citologias foram feitas, será perceber quantas mulheres fizeram o rastreio ao cancro do colo do útero em tempo adequado", exemplifica José Luis Biscaia.
Com a evolução da plataforma, o objectivo é que este tipo de análise possa continuar a evoluir, dando consistência à informação disponível e permitindo ir mais a fundo na análise, explorando a base de dados de forma mais adaptada às necessidades. Avançar neste sentido implica um modelo distinto, mais complexo e com exigências diferentes ao nível da protecção de dados. A USF – AN já está a trabalhar na evolução e conta tê-la concluída até final do ano.
Além do protocolo com a ACSS, o BI das USF nasce tirando partido de parcerias com a indústria, mas também com as ordens dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos. A associação a estes parceiros tem em vista a colaboração na identificação ou aferição de novos indicadores que permitam medir ou qualificar a actividade. Já a parceria com três escolas do país (escolas de negócios da UP e da UNL e Centro de Estudos e Investigação em Saúde da UC) têm como principal objectivo criar condições para fomentar a investigação, potenciando o valor da informação existente. A Microsoft é a parceira tecnológica do projecto. Fornece a tecnologia de base ao portal (Sharepoint) e a tecnologia de Business Intelligence, para além de suportar toda a infra-estrutura na "cloud" da empresa, através da plataforma Windows Azure.
386 unidades
Com quase 5 milhões de cidadãos inscritos, as 386 Unidades de Saúde Familiar espalhadas pelo país envolvem 7 mil profissionais. São a face mais visível de uma profunda reforma no sistema de prestação de cuidados de saúde primários, que acelerou o passo em 2006 e que se mantém.
Mais eficiência
O BI das USF quer ajudar a afirmar a identidade do modelo, demonstrar os seus ganhos em termos de saúde, eficiência, criar mecanismos de melhoria continua e promover a transparência.