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A atividade não parou

A construção nova e a reabilitação urbana resistiram à pandemia. O comportamento dos empresários e investidores foram fundamentais para a dinamização de um setor importante na economia nacional e que este ano poderá continuar no caminho certo.

25 de Janeiro de 2022 às 12:57
Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros
Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros
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Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, acredita que o setor da construção civil vai ter um ano de excelência em Portugal. Nesta entrevista Carlos Mineiro Aires explica o porquê, aponta os desafios que se avizinham, fala da habitação nova e da reabilitação urbana, e não só.

Como antevê que vá estar a área da construção civil em 2022?
Sem falsos otimismos, tudo aponta para que o ano de 2022, quer no setor público, quer no setor privado, seja um ano de excelência. O volume de obras públicas decorrentes da conjugação do PT 2020, do PRR e do PT 2030, aliado ao forte investimento privado que se está a verificar, são excelentes notícias para um setor vital e com um elevado peso no PIB da economia nacional.

O preço dos materiais vai afetar o setor?
Não só vai continuar, como já afetou. Por exemplo, o preço das casas, por si já elevado, vai continuar a aumentar em 2022 devido à inflação, no qual o agravamento do preço dos materiais tem um peso relevante, também devido ao aumento da procura.

Que outros desafios antevê para este ano?
As empresas estão a defrontar problemas complicados, como o já referido aumento dos materiais e o gravíssimo problema da falta de mão de obra. Chamo a atenção para o facto de os contratos públicos preverem, por força da Lei, mecanismos de revisão de preços quando estes sobem nos mercados, como é o caso dos materiais e da escassez de mão de obra, o que já não sucede nos contratos com entidades privadas. Estas recusam-se a aceitar esta realidade, optando por exigir aos adjudicatários o cumprimento de contratos que irão arrastar as empresas para prejuízos e para litigâncias intermináveis. Não é certamente o melhor caminho.

O setor da construção nova e a reabilitação urbana resistiu à pandemia. Pode explicar porquê?
Fundamentalmente porque em boa hora os empresários tomaram a decisão de não pararem a atividade. Se atentarmos, apesar desta decisão e face ao número de obras em curso, os casos de contágio em estaleiros é bastante diminuto. Para tal, contribuiu um conjunto de iniciativas e boas práticas que estão a permitir lidar com esta realidade que teima em ficar.

A par, recordar que os investidores também apostaram em contraciclo, o que é de enaltecer, e, ao invés de ficarem na expetativa, continuaram a promover obras de construção e reabilitação, criando mercado e gerando riqueza e empregos. Considero até que desde 2020 se têm feito as mais notáveis e bem conseguidas obras de reabilitação.

Considero até que desde 2020 se têm feito as mais notáveis e bem conseguidas obras de reabilitação
Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Enegenheiros

Numa outra entrevista que nos deu em 2021 disse que a generalidade da qualidade da habitação em Portugal é muito baixa. E que temos um parque habitacional envelhecido. Como define a construção nova no nosso País? Tem mais qualidade?
Na altura datei a habitação a que me referia e que hoje está bastante degradada e com uma parte significativa sem condições dignas para poder ser habitada. Por isso, não é de estranhar que Portugal seja o quarto pior país da Europa no que se refere ao índice de pobreza energética, que avalia a incapacidade de aquecer as casas no inverno e refrescá-las no verão, um país onde se morre de frio ou de calor.

No que se refere à habitação nova e à reabilitação urbana, o panorama modificou-se completamente, pois a qualidade é muito superior e aceitável por força de uma nova postura dos promotores, da exigência dos consumidores e das imposições legais que, no seu conjunto, garantem maior conforto e perenidade aos ativos.

Na reabilitação do edificado, na generalidade, cumprem-se as boas regras?
Na generalidade, na área da reabilitação urbana as boas regras são cumpridas, havendo mesmo uma escola neste domínio. A pouco e pouco, com o desenvolvimento da atividade, engenheiros e arquitetos têm sabido trabalhar em conjunto, criar conhecimento e, até, bibliografia especializada que deve ser reconhecida como um caso exemplar porquanto a sua importância é vital para a divulgação e transmissão intergeracional deste saber.

Pode dar-me alguns exemplos do que a Ordem dos Engenheiros tem feito ou vai fazer em 2022 para incentivar as melhores práticas ou as práticas adequadas que as empresas e os seus trabalhadores devem ter na construção nova ou na reabilitação do edificado?
A Ordem dos Engenheiros, como seria de esperar, segue com muita atenção e participação os desenvolvimentos tecnológicos na indústria da construção civil e os desenvolvimentos conexos, como é o caso do BIM, sendo que Portugal ao não impô-lo na contratação pública, mesmo progressivamente, mostra o que é um retrocesso na nossa sede de modernidade e constante atualização.

A Ordem dos Engenheiros tem assegurado de forma contínua e persistente ações de formação e divulgação das melhores práticas na construção nova e na reabilitação e é um parceiro em edições bibliográficas especializadas e de autores conceituados e reconhecidos que felizmente também são nossos membros. Por outro lado, a proximidade às escolas de engenharia e às associações empresariais do setor, fazem com que estejamos permanentemente ativos e informados sobre o que passa, sobre as necessidades formativas dos nossos membros e sobre as dificuldades que as empresas sentem. Seria urgente e importante a criação de uma escola de formação profissional para suprir as carências de mão de obra, preferencialmente em parceria, para o que a Ordem dos Engenheiros estará disponível através dos seus membros.

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