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Rede pública de carregamento bate recordes de utilização em Portugal

Mobi.E regista quase um milhão de carregamentos em 2023. Infraestrutura de carregamento quadruplicou desde julho de 2020.

27 de Abril de 2023 às 16:52
Luís Barroso, presidente da Mobi.E
Luís Barroso, presidente da Mobi.E
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Em julho de 2020, quando se iniciou a fase plena do mercado de mobilidade elétrica, a rede de acesso público contava com pouco mais de 850 postos de carregamento. Atualmente, existem quase 3.400. Ou seja, em pouco mais de dois anos e meio, a infraestrutura de carregamento de acesso público quadruplicou.

Para Luís Barroso, presidente da Mobi.E, empresa pública que atua desde 2015 como entidade gestora da rede de mobilidade elétrica, "este dado é tanto ou mais significativo, quanto este crescimento se deveu em cerca de 90% ao investimento privado, numa conjuntura económica de crise, determinada pela pandemia, e depois pela guerra da Ucrânia, e que veio afetar as cadeias logísticas e a produção de componentes para equipamentos de carregamento e para viaturas".

Número de carregamentos aumenta 73%

De acordo com os dados disponibilizados por esta entidade, a rede Mobi.E registou em março um novo recorde de utilização, com mais de 298 mil carregamentos. Este ano já se realizaram mais de 869 mil carregamentos, o que representa um aumento de cerca de 73% face ao ano passado. Segundo aquela entidade, também ao nível dos consumos de energia, a rede ultrapassou os recordes anteriores, tendo-se atingido os 4.769.326 kWh, um aumento de 95% em comparação com o período homólogo.

Luís Barroso explica que "o contínuo crescimento da rede é um dos principais fatores que contribui para estes números, uma vez que tem acompanhado o incremento do parque de viaturas elétricas". No final de março, integravam a rede Mobi.E um total de 4.314 postos (3.361 públicos), o que corresponde a 7.251 pontos de carregamento. Destes, cerca de 1.219 postos eram rápidos ou ultrarrápidos, o que representa 35% do total. Desde 1 de janeiro acederam à rede pública nacional mais de 69.969 utilizadores distintos, uma subida de 61% face a 2022. Durante o primeiro trimestre do ano, cada utilizador efetuou, em média, um carregamento por semana na rede Mobi.E. Nas contas da empresa, existem atualmente, em média, 52 tomadas por cada 100 quilómetros de rodovia. E, por cada 100 mil habitantes, são disponibilizadas, em média, 70 tomadas.

Estes dados permitem afirmar, de acordo com o responsável da MOBI.E, que "os crescimentos têm sido contínuos e significativos: em 2022, a utilização da rede Mobi.E duplicou e, durante o primeiro trimestre deste ano, já mais do que duplicou os valores registados no período homólogo do ano passado". Isto faz com que cada vez se realizem mais quilómetros em veículos elétricos e, com isso, "aumentam-se as poupanças com a emissão de gases de efeito de estufa".

Só no ano passado, a utilização da rede Mobi.E de acesso público permitiu, segundo os cálculos da empresa, reduzir as emissões em 28.807 toneladas de C02. "Este ano, e decorridos pouco mais de um quarto dos meses, as poupanças de emissões ultrapassam já as 14.700 toneladas. Ou seja, num quarto do tempo, já poupámos a emissão de mais de metade de CO22, relativamente ao ano anterior". Este indicador é importante para dar a verdadeira dimensão do benefício ambiental que a mobilidade elétrica tem vindo a introduzir no país. Ao mesmo tempo, tem-se assistido a uma significativa evolução tecnológica nos veículos elétricos, com cada vez mais ofertas, com preços mais baixos, com maiores autonomias e com baterias mais eficientes. Para Luís Barroso, "o efeito conjugado do aumento da infraestrutura de carregamento e da oferta de veículos elétricos com mais autonomia veio dar maior confiança aos consumidores, o que tem provocado um significativo aumento da procura".
 

Já neste ano assistiu-se ao marco histórico de o veículo mais vendido na Europa durante o primeiro trimestre ter sido elétrico. Em Portugal, a venda de veículos elétricos e plug-in, durante este período, tem também vindo a ultrapassar, de forma sustentada, a venda de veículos a gasóleo. Na perspetiva do presidente da Mobi.E, "assim, as principais oportunidades prendem-se com um mercado em franco crescimento que ainda está numa fase embrionária". "Quanto aos principais desafios, colocam-se na capacidade de satisfazer esta procura crescente", acrescenta.

Eletrificação gradual das frotas

E como é que uma empresa pode determinar se um veículo elétrico e híbrido é a melhor opção para si ou para o seu negócio? Sabemos que, nos últimos anos, as empresas têm introduzido nas suas práticas um novo fator, que se prende com a responsabilidade ambiental. Para Luís Barroso, esta preocupação tem feito com que "cada vez mais empresas tenham vindo gradualmente a eletrificar as suas frotas, de acordo com as suas possibilidades, tendo em conta o desenvolvimento tecnológico e as suas necessidades, bem como a possibilidade de aproveitar os diversos benefícios fiscais e incentivos públicos que o Governo tem vindo a promover para acelerar a transição energética no setor da mobilidade". Neste contexto, "não há, assim, uma fórmula mágica, que permita determinar a melhor opção".

Contudo, o que se tem visto é que, com o desenvolvimento tecnológico das viaturas 100% elétricas, "cada vez mais as empresas têm vindo a optar por veículos 100% elétricos nas suas frotas profissionais", refere o responsável.
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