Num mercado em constante mutação e marcado pela transformação digital, torna-se fundamental que os executivos tenham uma predisposição para as novas tecnologias. Isso mesmo é confirmado por Jorge Lopes, diretor da Rumos. "Sem dúvida. A dimensão e a rapidez das transformações que estão a acontecer na economia levaram as tecnologias de informação a assumir um papel fundamental no dia a dia das empresas, com especial destaque na gestão e desenvolvimento do negócio", explica. O responsável da Rumos refere também que o desafio de responder a uma realidade cada vez mais tecnológica "obriga os profissionais a adequar os seus conhecimentos e competências a estas mudanças, aumentando a sua capacidade de adaptação e diferenciação".
Ana Côrte-Real, associate dean da Católica Porto Business School, afirma que um gestor atual deve ter uma predisposição para as novas tecnologias. E acrescenta que a formação na área digital é decisiva para os processos de redefinição de modelos de negócio, inovação e mudança organizacional. Mas esta questão difere de acordo com a geração a que o profissional pertence.
"A partir dos millennials esta discussão sobre a predisposição para a tecnologia já não se colocará. Fará parte do seu modo de pensar e de executar. Já para as gerações mais velhas, a atualização na área do digital é fundamental", salienta, aproveitando para informar que a Católica Porto Business School lançará um conjunto de seminários sobre temas como IoT, inteligência artificial, blockchain, cibersegurança, entre outros, "exatamente para estimular a literacia tecnológica junto dos gestores que não nasceram na era do digital, mas que continuam a ser determinantes para as organizações".
Essencial para quem quer progredir
Mário Ceitil, presidente da Direção Nacional da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), confessa alguma "inquietação" em relação ao termo de "predisposição". Apesar de a sua formação de base ser a Psicologia, tem uma desconfiança disciplinar, e mais ou menos "disciplinada", relativamente a todas as perspetivas e modelos que, de forma mais ou menos evidente, insinuam a ideia de que o ser humano é essencialmente um produto das suas "inclinações pessoais". "O que para mim é claro, hoje, é que o domínio, a compreensão, mas também uma perspetiva crítica informada e bem fundamentada sobre as tecnologias digitais, são essenciais para quem queira realmente progredir no caos da complexidade crescente da vida empresarial moderna." Daí, a resposta à pergunta é clara: com predisposição, ou sem ela, o domínio das competências digitais é um alicerce essencial de uma performance diferenciadora.
José Cardeira Seno, partner da Prime Search, assegura que é fundamental compreenderem de que forma a transformação digital afetará a indústria em que estão inseridos. "Terão de ter abertura para as novas tecnologias e capacidade de adaptação, de modo a conseguirem inspirar toda a organização para a mudança que a transformação digital implica."
Por sua vez, Inês Casaca, associate director da Randstad, afirma que a tecnologia assumiu nos últimos anos um papel "crucial" no mercado de trabalho e nas organizações. "Mais do que transformações estruturais, as empresas vivem dias intensos de transformação digital, em que a adaptação dos seus executivos a esta realidade é obrigatória. Mais do que compreender esta mudança, o sucesso passará por fazer parte da mesma, promovendo e integrando a tecnologia de forma natural nos métodos e processos internos das equipas", explica. Inês Casaca aconselha os executivos a ser embaixadores da utilização de nova tecnologia, independentemente da sua área de negócio.