Espaço: a última fronteira. É uma das citações mais conhecidas da saga "Star Trek".O que para muitos não passa de ficção científica, para outros é uma inspiração ou uma simples chamada de atenção para as inúmeras oportunidades que se abrem às empresas.
O espaço tornou-se um sector com impacto real na economia e está em franco crescimento em Portugal. Se há 15 ou 20 anos, os jovens que se licenciavam na área da engenharia aeroespacial tinham como destino de trabalho o mercado internacional, nos últimos anos surgiram várias empresas criadas no país que exploraram este sector e que já possuem reconhecimento internacional, tendo como clientes a Agência Espacial Europeia ou a NASA (agência espacial norte-americana).
Portugal possui um Centro de Incubação de Empresas da Agência Espacial Europeia, em Coimbra, coordenado pelo Instituto Pedro Nunes (IPN), desde finais de 2014. O ESA BIC Portugal, como é denominado, faz parte de um dos 18 centros europeus incubadores de start-ups que utilizam algum tipo de tecnologia espacial aplicada a um produto ou serviço na Terra.
O IPN coordena um projecto de cinco anos, nos quais irá incubar 30 empresas, estimando-se um impacto global superior a 6,5 milhões de euros de investimento. Este projecto, de ambição nacional, contou desde a sua génese com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia –Gabinete do Espaço, universidades das regiões mais directamente envolvidas, bem como da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), tendo sido considerado de importância estratégica para Portugal, razão pela qual o Governo, através da FCT, tem investido recursos significativos nesta área. O ESA BIC Portugal representa um investimento total no nosso país de 1.950.000 € em cinco anos.
Em estreita colaboração comos seus parceiros UPTEC (Porto) e DNA Cascais (Cascais), este projecto nasceu de forma ambiciosa para promover a economia espacial em Portugal, um sector emergente das economias europeias, pelo apoio directo a empreendedores e start-ups. Os projectos são apoiados com 50.000€ para a construção de protótipos, gestão de propriedade intelectual, beneficiando adicionalmente de apoio de negócio e apoio técnico, bem como do acesso a uma vasta rede de potenciais clientes, parceiros e investidores.
Carlos Cerqueira, director de Inovação do IPNe coordenador do ESA BIC Portugal e das demais actividades espaço do IPN, refere que à data, "já se ultrapassaram algumas das métricas propostas, tendo já sido apoiadas 20 empresas, com quatro ainda em fase de contratualização".
Nos últimos dois anos, as empresas do ESA BIC facturaram mais de um milhão de euros, dos quais 53% são exportações. Estas empresas asseguraram igualmente mais de um milhão de euros de investimento. Em termos de postos de trabalho qualificados, cresceram no último ano cerca de 30%, indicação clara das externalidades positivas directas do projecto no país.
"Além das valências enquanto centro de incubação de empresas da ESA, o IPN dinamiza também em Portugal o programa de transferência de tecnologia da ESA (Technology Transfer Brokers) e é embaixador do programa ESA Business Application", conta Carlos Cerqueira. Deste modo, e porque este esquema triangular de implementação de iniciativas distintas da ESA surtiu efeitos positivos, pela maximização de oportunidades para as entidades envolvidas, "este modelo foi já replicado noutros locais da Europa", conclui o coordenador do centro.
Impacto positivo na região Centro
Outro aspecto realçado por Carlos Cerqueira é o grande impacto que tem tido na região Centro talvez pela própria natureza do IPN. "Este instituto, desde a sua génese, teve uma forte ligação ao sector espacial, coma incubação de algumas das principais empresas espaciais portuguesas, como a Critical Software ou a Active Space Technologies, e outras cujos fundadores começaram por trabalhar na área do espaço, como é o caso da Feedzai."
Metade das empresas envolvidas no ESA BIC Portugal tem sede na região Centro, contribuindo com mais de metade da facturação total das empresas do programa. Igualmente relevante para os resultados actuais do programa ESA BIC Portugal foi a contribuição de um projecto regional co-financiado pela União Europeia através do FEDER (CENTRO-02-0651-FEDER-000019).Comeste apoio foi possível complementar as actividades do ESA BIC Portugal de forma muito directa, maximizando os resultados obtidos na região. Pelo trabalho desenvolvido em Portugal e na rede europeia, o IPN lidera ainda, e desde Janeiro de 2018, um projecto europeu para promoção da economia do espaço na Europa, no valor de dois milhões de euros. Com este projecto, o Astropreneurs, o IPN e os seus sete parceiros internacionais pretendem alavancar o trabalho que tem sido desenvolvido no âmbito da rede de BIC e "brokers" do ESA, maximizando as oportunidades para empresas do sector e abrindo novos horizontes para empresas que podem vir a incorporar tecnologia espacial nos seus produtos e serviços.
16
empresas incubadas no ESA BIC Portugal
4
empresas adicionais em contratualização
6,5
Milhões de euros de investimento
1
Milhão de euros de facturação nos últimos dois anos
53%
do negócio é exportado