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Beja volta a ser “Nuts”

Pelas suas qualidades nutricionais, os frutos secos, agora denominados nuts, fazem parte dieta mediterrânica. A inovação marca esta fileira, que cresce há dez anos. No II Congresso Portugal apontaram-se curiosidades, esclareceram-se mitos e partilharam-se factos do setor.

31 de Maio de 2023 às 16:57
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A Portugal Nuts, Associação para a Promoção dos Frutos Secos, realizou no passado dia 9 de maio o II Congresso Portugal Nuts em Beja. A cidade, capital do Baixo Alentejo, assumiu o compromisso de receber este evento até 2025, reconhecendo a importância da fileira dos frutos secos no desenvolvimento da região através da criação de postos de trabalho e dinamizando o investimento.

 

O II Congresso Portugal Nuts teve cerca de 500 participantes tendo sido transmitido através das redes sociais o que possibilitou a presença dos amantes de frutos secos espalhados pelo mundo.

 

Na edição de 2023, o tema central foi a água tendo sido apresentado o estudo que demonstra as necessidades hídricas para as culturas de frutos secos nas principais regiões de produção. Foram ainda abordados os temas da inovação e sustentabilidade assim como das tendências de mercados a nível nacional e internacional.

 

O evento culminou com o momento "Amigos Portugal Nuts" no qual foi atribuído um donativo decorrente dos apoios recebidos e que foi destinado ao Centro de Acolhimento Temporário – Buganvília.

 

Foi ainda apresentado publicamente António Saraiva, o novo diretor executivo da Portugal Nuts.

 

Água e o setor dos frutos secos

Para as produtividades ótimas que os produtores de pomares modernos se comprometem a obter, é fundamental ter em conta o que o conhecimento atual considera sobre as dotações de rega mais adequadas.

 

"Fizemos, nesta região, uma transformação extraordinária reconhecida em todo o mundo. Tudo aquilo que vocês já fizeram no Baixo Alentejo tem sido absolutamente notável", afirmou Pedro Carmo, presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas.

 

O painel comentou os resultados do estudo "Determinação das necessidades hídricas das culturas de árvores de frutos de casca rija nas principais zonas de produção de Portugal", realizado pela Real Academia de Engenharia de Madrid, apresentado na sessão introdutória do Congresso por Tiago Costa e Duarte Correia, presidente e diretor da Portugal Nuts, respetivamente.

 

O estudo incluiu as culturas da amendoeira, nogueira e pistácio e usou a informação existente para estas espécies, neste regime de cultivo, em Espanha, na Califórnia e na Austrália e adapta-a às principais regiões produtoras de Portugal, com base nos dados de evapotranspiração e meteorológicos fornecidos pelo IPMA.

 

A avaliação foi feita para pomares com árvores com o porte e o compasso dos pomares modernos para as regiões de Trás-os-Montes, Beira Baixa, Ribatejo, Alto e Baixo Alentejo.

 

A premência deste estudo deve-se ao facto de antecipar campanhas com escassez de água, caso se venham a verificar as previsões mais recentes que apontam para séries de sete anos secos em cada 10 até 2050. Essa informação é importante, não só para os associados produtores da Portugal Nuts, mas também para outros produtores das zonas em análise.

 

Moderado pelo jornalista Rodrigo Pratas, estiveram no painel, José Pedro Salema, presidente da EDIA, Tomás Tenreiro, um dos autores do estudo, Pedro do Carmo, presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas, e Isabel Martins, diretora da revista "Vida Rural".

 

Foi referido que Portugal tem boas condições de solo e clima para a produção deste tipo de culturas, previsibilidade de água para mais do que uma campanha (para os beneficiários de rega de Alqueva) e isso atrai empresários agrícolas que querem criar um setor produtor e exportador, profissionalizado e competitivo.

 

Para além destes pomares modernos, concordou-se que é importante manter um mosaico agrícola, diverso com necessidades hídricas não concorrentes no tempo, até para que a capacidade de resposta do regadio de Alqueva não esteja sujeita a picos de consumo.

 

Foi dito que a cultura da amêndoa precisa, nas nossas condições, entre 6.500 e 8.000 m3/ha/ano de água para atender às suas necessidades reais. A amendoeira gera três vezes mais valor por m3 de água utilizada do que o tomate ou o milho. As dotações de referência, comunicadas pela EDIA, são de 5.700 m3 ha por ano e foi referido que, a serem concretizadas, podem ter um impacto negativo no resultado líquido nos 25.000 ha de amendoal de Alqueva em cerca de 30 milhões de euros por ano.

 

É bom saber-se a água com que se pode contar. A produção de frutos secos em Alqueva tem a vantagem de ter arrancado mais recentemente e beneficiou do conhecimento e experiência de outras culturas na região de Alqueva, nomeadamente do olival.

 

Os novos produtores de amêndoa estão a ver o tema da água de forma integrada. Há amendoais com espírito de agricultura de conservação que olham para o solo, para práticas regenerativas e de sustentabilidade.

 

Concordou-se que a métrica mais importante de sustentabilidade é o conhecimento e que a renovação geracional é o melhor indicador de sustentabilidade.

 

Enalteceu-se o espírito dos produtores e o seu esforço na procura de soluções e não para sinalizarem problemas sistematicamente.

 

Este é um setor que tem tido capacidade de atrair gente nova, o que não acontece no sequeiro. Há capacidade de remunerar técnicos jovens e retê-los. Na cultura da amendoeira, há conhecimento e investigação científica recente.

 

Falou-se da necessidade de melhorar a eficiência de outros regadios e investimento público nesse sentido, não apenas em Alqueva, para outros produtores noutras zonas do país.

 

Abordou-se ainda o recurso à prática de rega deficitária que pode ser uma técnica muito específica de regadio em anos em que o fornecimento de água no ótimo das culturas se veja severamente comprometido.

 


Inovação e sustentabilidade

Alimentar a população crescente é das equações mais críticas que temos para resolver enquanto humanidade. A inovação é central neste objetivo, com foco na sustentabilidade, mas há que encontrar modelos de negócio para as fileiras, que sejam "saudáveis", escaláveis e replicáveis.

 

Com a moderação de Rosália Amorim, diretora do Diário de Notícias, estiveram nesta sessão Filipa Saldanha, diretora de Sustentabilidade do Crédito Agrícola, Rui Coutinho, da Nova SBE, Pedro Neto, da Câmara Municipal do Fundão, e Pedro Pimentel, da Centromarca.

 

A sustentabilidade tem sido seguida por ser um imperativo moral e ético e não porque já há um claro modelo de negócio associado.

 

Adotar critérios de sustentabilidade vai ser fundamental para a sobrevivência das empresas, até mesmo quando se estiver a falar de financiamento bancário. Más práticas podem significar o não acesso ao crédito. A banca tem um apetite cada vez maior por empresas que estão alinhadas por critérios de sustentabilidade, com boas práticas ambientais, sociais e de governação. Está a ser uma tendência de mercado muito marcada e que não vai voltar atrás porque os impactos a que os clientes dos bancos estão sujeitos repercutem-se com o negócio bancário.

 

É importante reverter a ordem das palavras na frase "do prado ao prato" e convencer o cidadão urbano da necessidade da atividade agrícola. Temos uma agricultura que fala pouco para o cidadão comum.

 

Cada vez temos uma agricultura mais capacitada para lidar com a escassez de água, através de modelos de precisão e usando a economia do espaço. A inovação e a sustentabilidade são o único caminho possível para a agricultura portuguesa e até para a mundial.

É importante estar associada a boas marcas

Mas a inovação significa correr riscos. Na área do grande consumo, na qual os frutos secos estão inseridos, ao fim do primeiro ano, sete em cada dez produtos inovadores não resistem e ao fim do segundo ano são menos de um e meio, em média, aqueles que se mantêm no mercado. A sustentabilidade vai trazer uma vantagem competitiva, mas rapidamente se vai tornar um pré-requisito. É muito importante estar associada a boas marcas.

 

Para captar investidores é preciso criar-lhes condições. O município do Fundão lançou uma infraestrutura que permite que os sistemas de dados comuniquem gratuitamente cobrindo o território municipal e instalou uma rede de estações meteorológicas para o fornecimento de dados aos agricultores. Dispõem também de quintas experimentais onde é feita experimentação por conta do agricultor. Foram também criados centros de acolhimento de emigrantes e refugiados, que os formam como trabalhadores agrícolas capacitados para lidar com tecnologia.

 

A coordenação entre os municípios é importante para antecipar os problemas do regadio e da planificação a longo prazo.

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