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BIS alerta para riscos de taxas ainda mais negativas

Apesar de não identificar, por agora, grandes deturpações no mercado, a instituição sediada na Suíça questiona os potenciais riscos de taxas ainda mais negativas. Principalmente no que toca às instituições financeiras. Certo é que, explica, os benefícios ainda estão por provar.

REUTERS
07 de Março de 2016 às 13:28
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Seis bancos centrais já adoptaram taxas de juro negativas. A Dinamarca marcou a estreia em 2012, com o Banco Central Europeu a seguir-lhe os passos dois anos depois. Uma política que, explica o Bank for International Settlements (BIS), parece estar a ter o mesmo resultado que as taxas positivas. Mas se os bancos centrais arriscarem ainda mais em "terreno" negativo, o resultado é incerto.

"A experiência mostra, até agora, que taxas de juro modestamente negativas são transmitidas para os mercados monetários em grande parte da mesma forma que as taxas positivas", defende o BIS no seu relatório trimestral, publicado no domingo, 6 de Março. A instituição sediada em Basileia, Suíça, acrescenta que "parece também que são transmitidas para taxas com maturidades mais longas e de risco mais elevado, apesar de esta conclusão ser deturpada por medidas complementares de política monetária".

No entanto, Morten Bech e Aytek Malkhokov, economistas do BIS, salientam que "as taxas dos depósitos e retalho mantiveram-se isoladas, em parte devido à própria estrutura". Por outro lado, explicam que, "pelo menos na Suíça, as taxas negativas acabaram por impulsionar, em vez de pressionar, as taxas das hipotecas". No global, as taxas de juro de 0% não se revelaram, até agora, "o limite mínimo tecnicamente obrigatório para as taxas dos bancos centrais".

Mas há riscos, alerta o BIS. "Todavia, há uma elevada incerteza sobre o comportamento de indivíduos e instituições, caso as taxas recuem ainda mais em terreno negativo, ou se se mantiverem negativas durante um período prolongado", alertam os economistas. Isto porque, defendem, "é desconhecido se os mecanismos de transmissão [de política monetária] continuarão a operar tal como no passado, em vez de ficarem sujeitos a pontos de inflexão".

Actualmente, Zona Euro, Dinamarca, Suécia, Noruega, Suíça e Japão são as regiões cujos bancos centrais apostaram nesta estratégia. Por isso, o BIS diz que ainda "não é claro quais os impactos que as taxas negativas terão noutras estruturas institucionais". E acrescenta que existem ainda "muitas perguntas" sobre "o impacto das taxas negativas no sistema financeiro como um todo".

"Mais recentemente, o impacto debilitante de taxas de juro persistentemente negativas, na rendibilidade do sector bancário, emergiu como um factor importante", explicam os economistas da instituição. Referem até o impacto mais directo que poderá existir em "instituições com passivos de longo prazo, como seguradoras e fundos de pensões, afectando seriamente os seus modelos de negócio". E concluem que ainda está por provar a eficácia destas medidas, no cumprir dos objectivos dos bancos centrais, bem como "os seus impactos mais gerais na estabilidade financeira e macroeconómica".


Quais os riscos das taxas de juro negativas?
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Há já vários bancos centrais com taxas de juro negativas. André Tanque Jesus, jornalista do Negócios, explica o perigoso mundo destas taxas negativas.
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