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Juros portugueses em mínimos de sete meses prestes a quebrar os 3%
A descida da inflação na Zona Euro está a motivar uma descida dos juros por toda a Zona Euro, que é mais acentuada em Portugal. Em mínimos de Outubro, a 'yield' a dez anos está próxima de baixar os 3%.
Os juros da dívida portuguesa estão em queda esta quarta-feira, 31 de Maio, próximos de quebrar a fasquia dos 3% no prazo a dez anos.
Apesar de a tendência ser de alívio na generalidade dos países do euro, Portugal destaca-se nas descidas. A ‘yield’ associada às obrigações a dez anos desce 5,6 pontos base para 3,053%, o valor mais baixo desde 24 de Outubro, dia em que os juros atingiram os 3,024%.
A ‘yield’ está, assim, próxima de baixar a barreira dos 3%, algo que não acontece desde 8 de Setembro de 2016.
Em Espanha, os juros da dívida a dez anos caem 1,6 pontos para 1,512% e em Itália recuam 2,4 pontos para 2,156%. Na Alemanha, pelo contrário, a ‘yield’ sobe uns ligeiros 0,2 pontos para 0,294%, encurtando o risco da dívida portuguesa – medido pelo spread face à dívida germânica – para 275,9 pontos.
O alívio nos juros está a ser impulsionado, esta quarta-feira, pela descida da inflação na Zona Euro, que diminui as hipóteses de o Banco Central Europeu (BCE) equacionar uma redução dos estímulos à economia.
Segundo os dados revelados pelo Eurostat, esta quarta-feira, a taxa de inflação na região da moeda única desceu de 1,9%, em Abril, para 1,4%, em Maio, a leitura mais baixa deste ano e já afastada da meta do BCE para a inflação – abaixo mas próxima de 2%.
"Os dados sobre os preços dificilmente agradarão ao BCE, pois mostram que, mais uma vez, a projecção de inflação para 2017 é muito alta. Acima de tudo, porém, a queda da inflação core de 1,2% para 0,9% é um resultado doloroso", afirma o Commerzbank, numa nota a que o Negócios teve acesso, acrescentando que os dados sugerem que o BCE "provavelmente não aumentará as taxas de juro no futuro próximo".
Ainda no início desta semana, Mario Draghi reconheceu que "as pressões dos custos internos, principalmente dos salários, ainda são insuficientes para sustentar uma convergência duradoura e auto-sustentável da inflação em relação ao nosso objectivo de médio prazo". O banco central continua "firmemente convencido de que ainda é necessária uma quantidade extraordinária de apoio da política monetária", acrescentou o presidente do BCE, no Parlamento Europeu.
Em relação a Portugal, crescem, por outro lado, as pressões para que as agências de rating revejam a avaliação atribuída a Portugal, especialmente depois de a Comissão Europeia ter proposto a saída do Procedimentos dos Défices Excessivos.
Mesmo reconhecendo que "a recuperação da economia portuguesa é impressionante", Jean-Michel Six, economista-chefe da agência de notação financeira americana Standard & Poor’s, considerou, em entrevista ao Diário de Notícias, que "ainda é preciso perceber se esta recuperação [económica] é sustentável".