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Europa no verde em antecipação de acordo histórico na Alemanha
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
Europa no verde em antecipação de acordo histórico na Alemanha
As bolsas europeias arrancaram a terceira sessão consecutiva no verde, num dia em que todas as atenções se viram para o Parlamento alemão e para a votação de um plano que pode desbloquear centenas de milhares de milhões de euros para financiar o setor da Defesa europeu.
O "benchmark" para a negociação da região, o Stoxx 600, avança 0,74% para 554,99 pontos, muito próximo dos máximos históricos atingidos em meados de fevereiro. O índice encaminha-se para fechar o primeiro trimestre do ano com o melhor saldo desde 2019, impulsionado ainda por bons resultados trimestrais e um desvanecer do chamado "excecionalismo americano", que está a fazer com que os investidores procurem outros mercados para apostar.
Em antecipação ao voto do plano alemão no Bundestag, as empresas do setor da defesa estão a registar ganhos esta manhã. A Thyssenkrupp dispara 7,01% para 9,80 euros, enquanto a Rheinmetall regista uma valorização mais moderada de 0,84% para 1.379,50 euros. Já o índice alemão DAX lidera os ganhos entre os seus congéneres europeus, ao avançar 1,08%.
"É evidente que estamos perante programas de estímulo concretos em toda a Europa, com destaque para os planos alemães e pelos projetos de rearmamento da União Europeia. Isto tudo deverá ter um impacto no crescimento económico", explica Stephane Boujnah, CEO da Euronext, numa entrevista à Bloomberg TV.
O otimismo que se vive nas praças europeias esta manhã pode ainda ser impulsionado pela conversa agendada para hoje entre o Presidente norte-americano e o seu homólogo russo. Os dois líderes vão discutir os detalhes de um acordo de cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia, de forma a pôr em pausa ou mesmo acabar o conflito que assola o continente europeu há mais de três anos.
Entre as restantes principais praças europeias, o italiano FTSEMIB avança 1%, o francês CAC-40 soma 0,60%, o britânico FTSE100 salta 0,49%, enquanto o holandês AEX ganha 0,56% e o espanhol IBEX 35 cresce 0,89%.
Juros agravam-se na Zona Euro à espera do Parlamento alemão
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar-se esta terça-feira, num dia marcado pela votação no Parlamento alemão do fundo de 500 mil milhões destinado a reforçar verbas na Defesa e desenvolver infraestruturas.
Para financiar este projeto, a Alemanha vai ter de emitir mais dívida e os conservadores da CDU, em conjunto com os Verdes e os sociais-democratas do SPD, querem mexer no chamado "travão da dívida" - um mecanismo previsto na Constituição alemã que estabelece limites rigorosos à subida anual da despesa pública.
Em antecipação, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, de referência para a região, avançam 2,5 pontos base para 2,841% e registam o maior agravamento entre os seus pares da Zona Euro. Já em França, as "yields" sobem 1,6 pontos base para 3,503% - isto depois de a agência de notação financeira Fitch ter decidido manter o "rating" da dívida francesa com um "outlook" negativo.
Nos países do sul da Europa, as obrigações portuguesas, também a dez anos, crescem 1,9 pontos para 3,318%, enquanto os juros da dívida espanhola aceleram 2 pontos para 3,452%. Em Itália, as "yields" sobem 1,6 pontos para 3,932%.
Fora da Zona Euro, mas seguindo a mesma tendência, as obrigações britânicas agravam-se em 3,5 pontos base para 4,675%, num semana marcada pela reunião do Banco de Inglaterra. A autoridade monetária deverá manter as taxas de juro inalteradas nos 4,5%.
Euro estabiliza em máximos de cinco meses. Iene perde terreno
O euro continua a negociar perto dos máximos de cinco meses que atingiu na semana passada, num dia em que o Parlamento alemão se prepara para votar no acordo tripartido dos conservadores, ecologistas e sociais-democratas alemães para criar um fundo de 500 mil milhões de euros destinados à Defesa e desenvolvimento de infraestruturas.
A esta hora, a moeda única europeia avança 0,28% para 1,0953 dólares, o valor mais elevado desde 10 de outubro. O euro está ainda a beneficiar da fragilidade do dólar no mercado cambial, numa altura em que se acumulam as dúvidas sobre o futuro económico nos EUA.
O fantasma da recessão ameaça a maior economia do mundo, com as tarifas de Donald Trump a pesarem sobre as projeções para a inflação norte-americana. Esta semana, a Reserva Federal (Fed) norte-americana deve optar por deixar as taxas de juro inalteradas e os investidores aguardam com alguma expectativa as novas projeções económicas do banco central para o resto do ano.
"As previsões para a inflação estão em alta, mas o sentimento [em torno do dólar] está em queda… Estamos a viver um momento muito confuso e creio que a própria Fed não tem dados suficientes para apoiar qualquer um dos lados", afirma Bart Wakabayashi, diretor da sucursal de Tóquio da State Street, à Reuters.
Neste contexto, o índice do dólar – que mede a força da moeda norte-americana face às suas principais concorrentes – recua 0,10% para 102,910 pontos. Desde que atingiu máximos de dois anos em meados de janeiro, este índice já desvalorizou mais de 6%.
Apesar da queda generalizada, o dólar está a conseguir recuperar terreno face à divisa nipónica, avançando 0,36% para 149,74 ienes. Esta terça-feira, o Banco do Japão (BOJ) dá início à sua reunião mensal de dois dias e, apesar de não se esperar que a autoridade monetária volte a subir as taxas de juro este mês, espera-se um aperto da política monetária já este ano.
No entanto, caso o BOJ adote uma posição mais "dovish" nas suas projeções e na mensagem que passa em torno do impacto das tarifas de Trump na economia, o iene pode vir a perder ainda mais terreno. "Esse poderá ser o maior risco: nenhuma alteração e uma posição mais ‘dovish’", explica ainda Wakabayashi.
Ouro volta a bater máximos com desenho geopolítico mais complexo
É mais um recorde para o ouro. Depois de no final da semana passada o metal precioso ter atingido os 3 mil dólares, esta terça-feira o ouro soma e segue, ao atingir um novo máximo histórico, numa altura em que um desenho geopolítico mundial cada vez mais complexo aumenta o prémio de risco sobre a matéria-prima.
O ouro, visto como o ativo-refúgio de eleição, acelera 0,55% para 3.016,96 dólares por onça, depois de ter chegado a tocar, pela primeira vez, nos 3.018,66 dólares. Só este ano, o metal precioso já avançou mais de 14% e este "rally" tem um catalisador principal: Donald Trump.
A política comercial protecionista do republicano, que passa por impor tarifas aduaneiras à importações de vários países, está a conhecer vários avanços e recuos, mas a incerteza criada é suficiente para fazer com que o ouro ganhe terreno no mercado internacional.
"A combinação entre incerteza geopolítica e geoeconómica, inflação, taxas de juro em queda e um dólar mais frágil continuam a ser um grande impulsionador para a procura do ouro", explicam analistas do World Gold Council, numa nota acedida pela Reuters.
Neste contexto, já várias casas de investimento decidiram rever as suas projeções em torno do potencial de valorização do metal precioso. Esta segunda-feira foi a vez do UBS, que decidiu aumentar o "target" do ouro de 3.000 para 3.200 dólares por onça. "No curto prazo, reconhecemos que o mercado entrou em território de sobrecompra, mas consideramos que o espírito dominante junto dos investidores continua a ser de cautela face às ações norte-americanas e de confiança no ouro", refere a análise do banco suíço a que o Negócios teve acesso.
Também o ANZ, de acordo com a Reuters, decidiu rever em alta as suas projeções para os próximos meses. O banco australiano vê o ouro atingir os 3.100 dólares num espaço de três meses, enquanto prevê que os preços do metal precioso atinjam os 3.200 dólares em apenas meio ano.
Médio Oriente mais "quente" dá gás aos preços do petróleo
O barril de petróleo está a valorizar pela terceira sessão consecutiva, numa altura em que o aumento de tensões no Médio Oriente está a eclipsar as habituais preocupações com a queda da procura mundial por esta matéria-prima.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para o mercado norte-americano – avança 0,62% para 68 dólares por barril, enquanto o Brent, usado na Europa, soma 0,65% para 71,53 dólares. Nas duas últimas sessões, os dois crudes de referência avançaram cerca de 1,7%, à medida que o desenho geopolítico mundial se torna cada vez mais complexo.
No Médio Oriente, Israel voltou a intensificar a ofensiva em Gaza e lançou uma série de ataques aéreos contra o território – mais um sinal de que o acordo de cessar-fogo, implementado há quase dois meses, entre Tel Aviv e o Hamas parece estar cada vez mais de posto de lado.
Estes ataques acontecem numa altura em que se desenha outro conflito na região. Donald Trump, presidente dos EUA, afirmou esta segunda-feira que iria ver qualquer ataque a navios por parte dos rebeldes houthis do Iémen como uma afronta direta por parte do Irão, que financia o grupo.
No sábado, ataques aéreos dos EUA a infrastruturas houthis vitimaram, pelo menos, 31 pessoas. No dia seguinte, o secretário da Defesa norte-americano sinalizou e a pressão do país sobre o grupo rebelde se vai manter enquanto durarem os ataques dos houthis aos navios que atravessam o Mar Vermelho.
"Rally" das tecnológicas chinesas não conhece travões. Ásia e Europa em alta
As bolsas europeias preparam-se para acompanhar as principais praças asiáticas e arrancarem a sessão desta terça-feira em território positivo, numa altura em que as incertezas em torno do futuro da economia norte-americana está a fazer com que os investidores apostem noutros mercados.
Pela China, o "rally" das tecnológicas não parece conhecer travões e pode vir a encontrar ainda mais catalisadores esta semana, quando empresas como a Xiaomi e a Tencent apresentarem contas ao mercado.
O Hang Seng, de Hong Kong, liderou os ganhos entre os principais índices asiáticos e acelerou 2,09%, impulsionado ainda pelo plano das autoridades chinesas para estimular a economia. A gigante tecnológica Baidu disparou mais de 12% esta terça-feira, depois de ter lançado dois novos modelos gratuitos de inteligência artificial, que, diz a empresa, consegue competir com o DeepSeek.
No Japão, os mercados beneficiaram do aumento de participações da Berkshire Hathaway, liderada por Warren Buffet, em cinco corretoras japonesas. Estas "trading houses" ganharam todas entre 2,45% e 3,61% e deram gás ao Nikkei 225 e ao Topix, que encerraram com valorizações de 1,20% e 1,29%, respetivamente.
"A retórica favorável de Pequim está a proporcionar um cenário mais otimista para as ações asiáticas e as notícias de um aumento do investimento de empresas como a Warren Buffett estão certamente a ajudar", explica Homin Lee, estratega da Lombard Odier, à Bloomberg. Isto tudo, acrescenta o analista, num cenário de grande incerterza, provocado pelas políticas comerciais protecionistas dos EUA.
Nas restantes praças asiáticas, o sul-coreano Kospi e o australiano S&P/ASX 200 fecharam praticamente inalterados, avançando 0,06% e 0,08%, respetivamente, enquanto o indiano Nifty 50 saltou 1,01%.