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Fecho dos mercados: Recordes nas bolsas e queda a pique dos juros após vitória de Macron

A vitória de Emmanuel Macron na primeira volta levou os investidores a apostar em activos de maior risco. Houve bancos franceses a subir 10%. A bolsa de Paris negoceia no valor mais alto em quase uma década e as acções alemãs renovaram máximos.

Reuters
24 de Abril de 2017 às 17:26
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Os mercados em números

PSI-20 subiu 2,48% para 4.997,54 pontos

Stoxx600 valorizou 2,11% para 386,09 pontos

S&P 500 ganha 0,91% para 2.370,01 pontos

Juros da dívida portuguesa a dez anos caíram 18,5 pontos base para 3,558%

Euro ganha 1,10% para 1,0846 dólares

Brent recua 0,75% para 51,57 dólares por barril

Recordes e fortes subidas após vitória de Macron

A vitória de Emmanuel Macron na primeira volta das presidenciais francesas foi um desfecho aplaudido pelos mercados, que começaram a descontar um menor risco político. Na Europa, a sessão foi marcada por fortes ganhos. O Stoxx 600 subiu 2,11% para o valor mais alto desde final de 2015. A bolsa alemã bateu mesmo máximos históricos e o índice francês subiu 4,14% para máximo de quase dez anos. O CAC teve mesmo o maior ganho diário desde 2015.

"A corrida ainda não terminou, mas os investidores irão, provavelmente, ter um maior conforto e começar a pensar nas avaliações mais atractivas que as acções europeias oferecem depois de este mercado ter tido dificuldade em juntar-se ao optimismo sobre a reflação global devido à incerteza política", referiram os especialistas da Schorders, numa nota a investidores.

O sector que mais brindou a vitória do antigo banqueiro foi o financeiro. O índice que mede o desempenho dos bancos do Velho Continente valorizou 4,76% para máximos de final de 2015. Foi a maior subida diária dos últimos 12 meses.

Os bancos franceses estiveram em destaque. O Credit Agricole e o Société Générale tiveram subidas em torno de 10%.

Também entidades financeiras como o Unicredit e o Deutsche Bank avançaram 13% e 9%, respectivamente. Apesar de a banca ter estado em destaque, os ganhos foram generalizados, com todos os índices sectoriais do Stoxx 600 a encerrarem a sessão com ganhos.

O PSI-20 acompanhou esta reacção das acções europeias a uma menor incerteza política. O índice avançou 2,48%. Chegou mesmo a negociar durante a sessão acima da fasquia dos 5.000 pontos. BCP e Nos foram os maiores destaques, com subidas de 5,60% e 4,06%. A bolsa americana também beneficiou, mas com ganhos mais moderados. O S&P 500 seguia a valorizar 0,91%.

"França escapou ao pior cenário possível, que seria uma corrida entre a candidata da extrema-direita radical, Le Pen, e da esquerda radical, Jean-Luc Melenchon", consideram os analistas do Commerzbank numa nota a investidores. E respiram de alívio porque "contrariamente ao referendo do Brexit e à eleição presidencial nos EUA, as sondagens acertaram".

Macron recolheu 23,75% dos votos, enquanto Le Pen ficou com 21,53%. Na segunda volta, o mercado antecipa uma vitória do candidato independente por uma vantagem confortável. "As sondagens para a segunda volta mostram de forma consistente que Macron derrotará Le Pen por uma margem de 60% a 40%", referem os analistas do RBC Capital Markets. A segunda volta está marcada para 7 de Maio. Os analistas da IHS Markit alertam, no entanto, que a volatilidade poderá aumentar se Le Pen passar acima da barreira de 40% nas sondagens.

Apesar da reacção inicial das bolsas europeias ter sido positiva, há entidades a alertar que este sentimento de alívio possa ser curto. "As implicações para o mercado da vitória de Emmanuel Macron serão positivas para o mercado mas poderão ter uma duração curta já que o foco irá mudar rapidamente para as eleições legislativas em Junho", alertaram os especialistas da Pictet, num relatório.

Já o Deutsche Bank realça que como os mercados não colocaram de forma agressiva nos preços a probabilidade de um cenário desfavorável nas eleições, a reacção de alívio poderá ser limitada. "O sentimento de apetite pelo risco será limitado devido ao facto de não ter existido uma enorme aversão ao risco antes das eleições", defenderam numa nota a investidores.

Juros afundam. Taxa portuguesa em mínimos do ano

O mercado de obrigações da Zona Euro era, provavelmente, um dos mais sensíveis a um desfecho considerado desfavorável para os investidores. Mas com o respirar de alívio após os resultados, as taxas da maior parte dos países do euro afundaram assim como os prémios de risco face à Alemanha.

A taxa gaulesa a dez anos desceu 10,9 pontos base para 0,831%. E o prémio de risco de França face à Alemanha afundou de 69 para 50 pontos base, depois de nos meses que antecederam as eleições se terem registado agravamentos. "Esperamos que o prémio de risco político de França desça nos próximos dias, mas que não despareça totalmente antes da segunda volta", referem os analistas da CreditSights numa nota a investidores.

Já os economistas da Capital Economics defendem que esta correcção das taxas francesas poderá não ser duradoura, dados os problemas económicos do país. "O cenário político já não tem uma nuvem tão negra no horizonte. Mas o Estado francês já não é encarado tão digno de crédito como no passado, reflectindo a elevada e crescente dívida pública e o défice estrutural elevado", refere a consultora num relatório.

Apesar destas dúvidas, as taxas de outros países europeus também caíram a pique. Portugal foi um dos mais beneficiados. A "yield" a dez anos baixou 18,5 pontos base para 3,558%, o valor mais baixo desde o início de Dezembro do ano passado. O prémio de risco da dívida nacional caiu de 349 para 323 pontos base. Além do efeito da descida da taxa portuguesa, a "yield" alemã aumentou 7,6 pontos base para 0,329% penalizada pelo sentimento de apetência pelo risco dos investidores.

Euribor sobem

As taxas Euribor subiram nos principais prazos. A taxa a três meses subiu 0,2 pontos base para -0,329%, segundo dados da Lusa. O indexante a seis meses aumentou também 0,2 pontos base para -0,247%, enquanto a Euribor a 12 meses aumentou 0,3 pontos base para -0,121%.

Euro brinda a vitória de Macron na primeira volta

Além das acções e das obrigações, o euro foi outro dos grandes beneficiados pelo resultado da primeira volta das eleições francesas. A moeda única sobe 1,10% para 1,0846 dólares, o valor mais alto desde Novembro. Com o cenário político em França a ganhar uma maior clarificação, há analistas a defender que Mario Draghi enfrenta menos um obstáculo para começar a sinalizar o processo de retirada dos estímulos. No entanto, o consenso do mercado é de que isso ainda não venha a acontecer na reunião desta quinta-feira.

Petróleo desce com maior produção nos EUA

O Brent perde 0,75% para 51,57 dólares, enquanto o West Texas Intermediate cede 0,85% para 49,20 dólares. Os preços do ouro negro estão pressionados pelo aumento da produção nos EUA. E a tendência aparenta ser de que o país continue a acelerar já que o número de plataformas activas voltou a aumentar na semana passada.

Corrida ao risco trava ouro

O resultado da primeira volta das eleições em França penalizou o ouro. Os investidores mostraram maior propensão pelo risco, abandonando as posições na segurança do metal amarelo. O preço da onça de "troy" desce 0,75% para 1.274,87 dólares. 

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