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Fecho dos mercados: Guerra comercial e Brexit voltam a pesar nas bolsas, nos juros, euro e petróleo
As bolsas europeias voltaram às quedas, num dia em que a tensão entre a China e os EUA voltou a aumentar e em que os receios de um Brexit sem acordo também cresceram. Os juros estão a beneficiar deste contexto.
Os mercados em números
PSI-20 desceu 0,4% para 4.913,35 pontos
Stoxx 600 perdeu 1,1% para 378,71 pontos
S&P500 cai 1,33% para 2.899,78 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos descem 1,8 pontos base para 0,11%
Euro recua 0,2% para 1,0949 dólares
Petróleo em Londres cai 0,63% para 57,98 dólares o barril
Guerra comercial e Brexit voltam a quebrar bolsas
As bolsas europeias fecharam com quedas, a refletir os desenvolvimentos em torno das negociações comerciais entre os EUA e a China, bem como a crescente expectativa de um Brexit sem acordo.
China e EUA parecem ter feito, novamente, marcha atrás, numa semana em que estão agendadas reuniões em Washington entre comitivas dos dois países. Em causa estão notícias que revelam que os EUA estão a ponderar introduzir restrições ao fluxo de capitais para a China, tendo como alvo preferencial os investimentos feitos pelo fundo de pensões do Governo norte-americano.
Por outro lado, as autoridades americanas colocaram oito empresas tecnológicas chinesas numa lista negra, o que aumenta a tensão entre os dois países, tendo já merecido uma reação da China, com Pequim a garantir que vai "salvaguardar os seus interesses", ameaçando "contra-atacar".
A contribuir para o pessimismo dos investidores está também o Brexit, numa altura em que um potencial acordo entre Reino Unido e União Europeia é cada vez mais improvável. A imprensa internacional cita fontes do governo britânico que dão conta de negociações cada vez mais frias e de pressão por parte de Boris Johnson para que os Estados-membros recusem novo adiamento do Brexit.
Este contexto está a provocar perdas nas bolsas um pouco por todo o mundo. Na Europa, o Stoxx600, índice que agrega as 600 maiores cotadas europeias, recuou mais de 1%. Já o PSI-20 cedeu 0,4%, num dia em que o grupo EDP e a Altri foram determinantes para o desempenho da prça lisboeta.
Dívida usada como refúgio
Num contexto de elevada incerteza, as dívidas soberanas são usadas como ativo de refúgio, o que acaba por ditar a descida das taxas de juro implícitas. Portugal tem sido um dos mais beneficiados por este cenário, com os juros a cederem e a negociarem perto de mínimos históricos e a recuarem para valores abaixo dos de Espanha, que está num período de instabilidade política. Sem acordo que permita formar governo, Espanha vai novamente a eleições em novembro.
Assim, a taxa implícita na dívida a 10 anos de Portugal desceu 1,8 pontos base para 0,11%. A taxa espanhola recuou 1,5 pontos para 0,117% enquanto a alemã cedeu 2 pontos para -0,597%.
Nervosismo com questões geopolíticas "protege" dólar
O contexto de instabilidade geopolítica, com a guerra comercial e o Brexit como pano de fundo, tem beneficiado o dólar, que tem sido usado como ativo de refúgio. Os investidores acabam por preferir proteger-se no mercado cambial, mais especificamente no dólar, enquanto as nuvens não se dissipam. É neste contexto que o euro segue a descer 0,2% para 1,0949 dólares.
Petróleo quebra com receios de travagem económica
A guerra comercial entre os EUA e a China continua a elevar os receios de uma travagem brusca da economia mundial e uma das primeiras "vítimas" é o petróleo. O barril do Brent, negociado em Londres e referência para Portugal, está a recuar 0,63% para 57,98 dólares.
Ouro sobe
O ouro está, como tem sido habitual, a beneficiar da conjuntura internacional, seguindo a subir 0,59% para 1.502,3 dólares por onça.