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Roubini: Mercados estão a descontar risco de grande conflito no Médio Oriente
Se o conflito escalar e o crude disparar, o economista antecipa um choque estagflacionista e um "enorme dilema para os bancos centrais".
O economista Nouriel Roubini, conhecido como "Dr. Doom" – profeta da desgraça, ou 'Dr. Apocalipse' – por ter previsto o crash do imobiliário em 2007 e a consequente crise financeira de 2008, considera que os mercados estão a antecipar um vasto conflito no Médio Oriente e que os preços do petróleo, se dispararem, desencaderão um "choque estagflacionista" [aumento da inflação, a par com uma recessão] e constituirão um "enorme dilema para os bancos centrais".
Em declarações à Bloomberg, à margem das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial que decorrem esta semana, o professor de Economia na Stern School of Business, da Universidade de Nova Iorque, disse que os mercados financeiros estão já a descontar o risco de um "vasto conflito em todo o Médio Oriente".
Os investidores consideram que Israel "não tem outra escolha que não entrar em Gaza e eliminar o Hamas", afirmou Roubini. Os mercados estão a incorporar um cenário base, em que "Israel ocupará Gaza". "Vai ser feio, mas o conflito ficará contido".
No entanto, o economista alerta para um "cenário mais pessimista", em que o Irão e o Líbano se envolvem, arriscando um conflito entre Israel e o Irão. "Se isso acontecer, claro que o fornecimento de petróleo do Golfo Pérsico será perturbado – e, nesse caso, haverá uma escalada dos preços do crude e o impacto económico poderá ser enorme", sublinha. "Não é o cenário base, mas é um risco".
Se as cotações do petróleo dispararem, teremos um "choque estagflacionista" e um "enorme dilema para os bancos centrais", apontou o CEO da Roubini Macro Associates.
Os bancos centrais, recorde-se, iniciaram no ano passado um ciclo de subida dos juros diretores para conter a inflação, mais inflamada pela guerra da Rússia na Ucrânia, e a expectativa é a de que em breve ponham fim a este endurecimento da política monetária - mas uma escalada dos preços do crude pode mudar esse cenário.