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Siga os aristocratas dos dividendos

A economia está má. A incerteza reina entre os aforradores. A crise grega ameaça repetir-se noutros estados europeus, incluindo Portugal. Em cenário semelhantes, as empresas boas pagadoras de dividendos tendem a ser as apostas mais seguras para os...

06 de Maio de 2010 às 09:28
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Investir nos oito melhores pagadores de dividendos, que nunca baixaram as distribuições na última década, pode render quase 8% por ano.

A economia está má. A incerteza reina entre os aforradores. A crise grega ameaça repetir-se noutros estados europeus, incluindo Portugal. Em cenário semelhantes, as empresas boas pagadoras de dividendos tendem a ser as apostas mais seguras para os investidores.

Contudo, as bolsas continuam a subir (as acções mundiais escalaram, em média, 30% no último ano), o que torna as acções mais caras e, logo, a rendibilidade potencial desses dividendos inferior. Além disso, são várias as firmas que, enfrentando dificuldades financeiras, preferem jogar pelo seguro e reduzir o pagamento de dividendos, ficando com mais capital em caixa.

É impossível ter a certeza de que uma empresa não reduzirá os dividendos anuais. Porém, à partida, uma companhia que tenha aumentado anualmente as suas distribuições na última década dificilmente irá reduzir nos próximos anos. É por isso que a Standard & Poor's, uma entidade especialista em análises financeiras do mercado (que, na semana passada, reduziu o "rating" da dívida soberana portuguesa), criou índices de acções de empresas que não reduzem os dividendos há muitos anos consecutivos - 25 para os títulos norte-americanos e 10 para os europeus. A esses bons pagadores, a Standard & Poor's chamou de "aristocratas".

O índice S&P 500 Dividend Aristocrats conta actualmente com 43 membros, incluindo a PPG Industries, uma fabricante de materiais industriais que aumentou o dividendo por acção em 37 anos consecutivos. O S&P Europe 350 Dividend Aristocrats reúne 47 acções, mas nenhuma delas é portuguesa.

O Negócios procurou nos dois índices da Standard & Poor's as oito sociedades cujos dividendos distribuídos prometem o melhor retorno para os accionistas. As taxas de dividendos (ou "dividend yield"), que resultam da divisão dos dividendos por acção dos últimos 12 meses pela cotação, foram calculadas a 23 de Abril. Em média, a rendibilidade é de 7,95%.



Aristocracia mais democrática

Para os pequenos investidores que procuram colocar o seu dinheiro num cabaz de acções de bons pagadores de dividendos, há um "exchange-traded fund" (ETF) que simplifica a operação. O S&P Dividend ETF replica a composição do índice S&P High Yield Dividend Aristocrats, que reúne as 50 melhores pagadoras de dividendos norte-americanas que aumentaram os dividendos anualmente desde há 25 anos ou mais. Este fundo cotado compra-se numa bolsa norte-americana através dos intermediários financeiros. Desde que foi criado em Novembro de 2005, o ETF alcançou uma rendibilidade anual de cerca de 2,81 por cento, mais do que 1,49 por cento do índice das 500 maiores empresas norte-americanas.

Infelizmente, os investidores que procuram aristocratas europeus (evitando, assim, o risco cambial) não encontrarão um fundo cotado à altura, embora haja ETF especializados em bons pagadores de dividendos.



OPAP

Taxa de dividendos: 12,82% Bolsa: Atenas
Se lhe dessem a oportunidade de investir no Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não o faria? Embora isso não seja possível, a homóloga grega é uma sociedade aberta cotada na bolsa ateniense. A OPAP, cujas iniciais gregas significam "organização de previsão de jogos de futebol", tem o monopólio das apostas na Grécia, o que inclui jogos semelhantes ao Totoloto e ao Totobola. Contudo, a dimensão é bastante superior: os dividendos pagos pela OPAP referentes à actividade de 2009 estão em linha com todo o volume de negócios do Departamento de Jogos da SCML em 2008.

O próximo dividendo a distribuir pela OPAP no dia 18 de Maio levou um corte de 20 por cento, "tendo em conta o imposto extraordinário cobrado a todas as grandes corporações gregas", explicou a administração do grupo. Apesar disso, os analistas estimam que o segundo dividendo semestral a pagar em 2010 compensará a redução efectuada, o que poderá permitir que a OPAP mantenha o crescimento anual dos dividendos de 13,49% nos últimos cinco anos.



Man Group

Taxa de dividendos:11,72% Bolsa: Londres
Quando a volatilidade aumenta, os gestores de "hedge funds" têm mais oportunidades de comprar barato para vender caro. Assim, empresas como o Man Group, a maior gestora de "hedge funds" listada na bolsa, conseguem aumentar as suas receitas - e também os dividendos que espalham pelos seus accionistas. Graças à forte volatilidade no mercados durante os últimos 5 anos, o Man Group aumentou os dividendos por acção a um ritmo anual de 39%.

Nitin Arora, analista do banco de investimento Execution Noble, alertou para o facto do Man Group ter mais de mil milhões de euros em caixa que poderá despejar nos bolsos dos accionistas, segundo relatos do "The Daily Telegrah". Nitin Arora recomenda a compra das acções do Man Group.



CenturyTel

Taxa de dividendos: 8,24% Bolsa: Nova Iorque
Alguns analistas mais pessimistas receiam que Glen Post não consiga manter os dividendos da CenturyTel, uma companhia telefónica integrada que nasceu no Luisiana, nos Estados Unidos da América. O presidente anunciou um plano de aquisição da concorrente Qwest Communications por cerca de 7,5 mil milhões de euros, a segunda grande aquisição em 1 ano.

Todavia, os analistas mais optimistas recordam que Glen Post colocou a CenturyTel na terceira posição do mercado norte-americana de telecomunicações (já contabilizando a Qwest) através de uma dúzia de aquisições na última década sem nunca prejudicar os dividendos. Aliás, nos últimos 5 anos, os dividendos cresceram a uma taxa anual de quase 65%, segundo a Bloomberg.



RSA Insurance Group

Taxa de dividendos: 7,47% Bolsa: Londres
A actividade do vulcão islandês Eyjafjallajökull durante o mês de Abril preocupou os accionistas do RSA Insurance Group, a maior companhia de seguros britânica do ramo não-vida. O negócio de seguros de viagem e a forte exposição a países como a Dinamarca e Suécia, onde é o terceiro maior segurador, causou inquietação aos investidores habituados aos dividendos generosos do RSA. Contudo, os analistas foram rápidos a dizer que a redução de dividendos em consequência das erupções na Islândia é improvável. Os seguros de viagem são só um negócio entre os vários do RSA Insurance Group, que inclui seguros automóvel, de habitação, de saúde e de engenharia. Além da Escandinávia, o Reino Unido, o Canadá e a Itália são os principais mercados, embora também actue em vários países emergentes, como o Brasil.



Scottish and Southern Energy

Taxa de dividendos: 6,66% Bolsa: Londres
As "utilities" - empresas que fornecem serviços básicos como água e electricidade - são reconhecidas nos mercados financeiros como capazes de gerar fluxos estáveis de capital, o ideal para manter uma política de dividendos atraente. É por isso que são vistas muitas vezes como acções defensivas, uma vez que ficam menos expostas aos humores do mercado. A Scottish and Southern Energy, a segunda maior produtora de electricidade do Reino Unido, é um bom exemplo: nos últimos 5 anos, os dividendos aumentaram cerca de 12 por cento por ano.
Embora a Scottish and Southern Energy vá gastar cerca de 420 milhões de euros para adquirir reservas de gás natural da Hess no Mar do Norte, os analistas acreditam que os dividendos continuarão elevados.



ACS

Taxa de dividendos: 5,82% Bolsa: Madrid
A Actividades de Construcción & Servicios conta com a sua dimensão para manter os dividendos semestrais estáveis. Às cotações actuais, a construtora espanhola ACS é cerca de duas vezes mais valiosa que a portuguesa Mota-Engil. Florentino Perez, que presidente ao grupo (bem como ao Real Madrid), disse aos accionistas na assembleia geral do passado dia 15 de Abril que pretende manter ou incrementar os dividendos que a ACS tem pago semestralmente. O seu desejo de adquirir mais 8 por cento da Iberdrola no curto prazo até atingir os 20 por cento do capital da eléctrica não põe em causa os dividendos futuros, apesar de representar um custo superior a 2,6 mil milhões de euros.



RWE

Taxa de dividendos: 5,57% Bolsa: Frankfurt
O presidente da RWE, Jürgen Großmann, acredita que os resultados da companhia eléctrica alemã aumentarão todos os anos até 2012, apesar de ainda faltarem muitos anos até à procura europeia de energia voltar aos níveis pré-crise de 2008. Apesar da quebra da facturação em 2009, Großmann estima que os dividendos a distribuir até ao final de 2012 crescerão a uma taxa média anual de cerca de 5 por cento.

O ano de 2013 pode, no entanto, ser de ruptura para a segunda maior "utilty" da Alemanha. É nessa altura que entra em vigor a terceira fase do regime de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa. Está previsto que os direitos a poluir na União Europeia passem a ser vendidos em leilão - o que é decisivo para a maior emissora privada de dióxido de carbono da Europa.



Repsol YPF

Taxa de dividendos: 5,26% Bolsa: Madrid
Na sexta-feira passada, na assembleia geral, os accionistas votaram uma redução de 19 por cento dos dividendos da Repsol YPF. Porém, a administração da maior petrolífera espanhola tem conduzido um plano para convencer os investidores que o corte não é para se repetir. Assim, em Fevereiro passado, o presidente da Repsol, Antonio Brufau, reduziu a verba prevista para investimentos entre 2008 e 2012 em 13 por cento para 25 mil milhões de euros. Foi também neste sentido que a Repsol renunciou ao investimento no complexo de Sines e no Bloco 39 da Amazónia peruana. A última medida de poupança foi a venda da participação de 82 por cento no pólo de armazenamento subterrâneo de gás natural na Biscaia.





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