O agravamento da crise financeira mundial não está a afectar apenas o crescimento da economia brasileira. O real já perdeu um quinto do seu valor face ao euro e cerca de 27% face à moeda norte-americana, já que a crise aumenta a aversão dos investidores aos activos dos mercados emergentes, como é o caso do Brasil.

Hoje, para comprar um real é preciso apenas 33 cêntimos. Há dois meses era preciso mais de 40 cêntimos. A queda do real está a forçar o banco central a efectuar vendas recordes de reservas em dólares.

“A situação do mercado financeiro norte-americano está a agravar-se. Isso reflecte-se nas bolsas norte-americanas e automaticamente no Brasil, onde os investidores saem da bolsa para adquirir dólares”, explica Vanderlei Arruda, da Corretora Souza Barros, citado pela Bloomberg.

Empresas brasileiras podem perder 28 mil milhões de dólares

A queda do real pode levar as empresas brasileiras a perder 60 mil milhões de reais (28 mil milhões de dólares), estima Paulo Vieira, antigo membro do banco central do Brasil. Sérgio Werlang, do Banco Itau, estima prejuízos de 24 mil milhões de dólares e Lisa Schineller antecipa valores muito superiores.

Estas estimativas surgem numa altura em que as empresas começam a divulgar resultados referentes ao terceiro trimestre deste ano. Companhias como a Aracruz, Sadia e Votorantim podem ser fortemente penalizadas pela queda do real.

As perdas da Aracruz devido à queda da divisa podem chegar a mil milhões de dólares, avançou a própria empresa no início do mês.

O jornal “Estado de S. Paulo” avançou no passado dia 14 que, pelo menos, 200 empresas podem perder dinheiro com a queda do real. E entre elas podem estar empresas portuguesas.

De acordo com as estimativas da JP Morgan, a Portugal Telecom pode ver reduzidos em 10% os lucros do próximo ano, em resultado da forte queda do real, noticiou o Negócios, na passada sexta-feira.

Além da PT, outras empresas portuguesas estão expostas ao mercado brasileiro, como é o caso da EDP, Cimpor, e Brisa.