O sector das telecomunicações europeias está a ser penalizado pela evolução negativa da Orange no segundo dia de negociação, depois da oferta pública inicial (IPO) da segunda maior operadora móvel europeia ter sido «muito abaixo das expectativas».

«A reacção do mercado ao mau comportamento da Orange está a ser exagerado, e penso que será efémera. A IPO da Orange, que foi adiada várias vezes no ano passado, está a ter um grande impacto no sector das telecomunicações europeias porque mede a intenção dos investidores em relação à terceira geração de telemóveis (UMTS)» explicou um operador ao Canal de Negócios.

A France Telecom alienou 13% da Orange a 10 euros (2000 escudos) por acção, o que valorizou a participada para a área das telecomunicações móveis em 48,6 mil milhões de euros (9,7 mil milhões de contos). Michel Bom, director executivo da empresa, afirmou em Maio passado que esperava que a Orange atingisse os 150 mil milhões de euros (30 mil milhões de contos).

O valor pago pelas empresas de telecomunicações europeias para a obtenção das licenças UMTS foi superior a 200 mil milhões de euros (40,1 mil milhões de contos).

As principais empresas de telecomunicações evoluíam hoje negativas depois de terem registado ontem quedas «ligeiras». A France Telecom perdia 7,62% para os 72,7 euros (14.575 escudos), a germânica T-Online desvalorizava 7,94% para cotar nos 11,82 euros (2.370 escudos) e a finlandesa Nokia recuava 5,92% para negociar nos 29,55 euros (5.924 escudos).

«As telecoms europeias pagaram valores muito elevados pelas licenças UMTS, acumulando dívidas muito grandes, o que juntamente com as elevadas taxas de juro, tornou necessário o recurso ao mercado de capitais, que não se mostrou interessado nestas empresas. A oferta inicial da Telefónica Moviles já não correu muito bem e a Orange era vista como essencial, para avaliar o comportamento dos institucionais face a este movimento de colocação das empresas em Bolsa» referiu o mesmo operador.

Os títulos da subsidiária móvel da France Telecom, depois da desvalorização de 6% protagonizada ontem, caiam 4,36% para cotar nos 8,99 euros (1.802 escudos).