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Membros do conselho do BCE divididos sobre medidas de resposta à guerra

Dentro da cúpula de decisão sobre a política monetária da zona euro, há quem considere que seria apropriado terminar a compra de dívida já este verão. Mas não houve consenso já que outros decisores políticos pediram cautela.

O banco central com a supervisão dos principais bancos na Zona Euro vai apertar avaliação dos gestores.
Reuters
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Os membros do Conselho de Banco Central Europeu (BCE) não chegaram a consenso sobre as medidas a adotar em resposta à guerra na Ucrânia. Na última reunião, entre 9 e 10 de março, os responsáveis pela política monetária da zona euro dividiram-se sobre se faria sentido definir o fim do programa de compra de dívida ou se seria necessária maior cautela.

"Alguns membros preferiam definir uma data firme para o fim do APP [programa de compra de ativos] durante o verão e não deixar a data em aberto consoante a evolução dos eventos", pode ler-se nas atas do encontro, divulgadas esta quinta-feira. Nesse dia, a instituição liderada por Christine Lagarde reiterou a redução progressiva dos estímulos monetários.

Apesar da guerra, e com a inflação já em máximos, o conselho do BCE confirmou o fim do o Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP) e definiu compras líquidas cada vez mais pequenas no programa regular, já a partir do segundo trimestre. 
As compras líquidas mensais ao abrigo do APP, na sigla inglesa passaram, este mês, para 40 mil milhões de euros, sendo prevista uma redução para 30 mil milhões de euros em maio e outra para 20 mil milhões de euros em junho.

Os defensores do fim do APP no verão esperavam que o posicionamento abrisse caminho a uma possível subida das taxas de juro de referência no terceiro trimestre deste ano, à luz da deterioração do "outlook" sobre a inflação. No entanto, nem todos concordaram.

"Outros membros expressaram preferência em adotar uma abordagem de esperar para ver na reunião atual à luz da incerteza excecionalmente elevada criada pela guerra entre Rússia e Ucrânia", apontam as atas. "Enquanto a situação pré-guerra poderia requerer alguma remoção do apoio da política monetária à recuperação, na forma de um ajustamento cauteloso que se juntasse às decisões de normalização tomadas em dezembro de 2021, não requeria que se desse início a um ciclo de aperto monetário".

Este grupo considera, assim, que, tendo em conta os desenvolvimentos no seguimento da invasão, tais movimentos são ainda menos justificados e poderiam mesmo comprometer a confiança. Acrescentam os relatos do encontro que o novo ambiente resultante da guerra implica "mudanças consideráveis" no cenário macroeconómico da zona euro, sublinhando que a região poderá cair em recessão técnica no verão.

Os economistas do BCE cortaram, nessa mesma reunião, as projeções de crescimento para a zona euro, esperando agora que o PIB cresça 3,7%, em vez dos 4,2% anteriormente esperados. Depois disso, o staff da autoridade monetária espera um crescimento de 2,8% em 2023 e de 1,6% em 2024. Já a inflação média chegará este ano aos 5,1%.

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