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Mago da matemática faz fortuna de 700 milhões sem traders humanos

Quando os antigos alunos da New Economic School se reuniram em Londres, em setembro, para o seu primeiro encontro informal fora da Rússia, o programa de dois dias incluía palestras com antigos formandos, convidados como o bilionário Petr Aven, chairman do Alfa-Bank, e bebidas em bares locais.

06 de Dezembro de 2019 às 18:46
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Os ex-alunos também tiveram direito a uma visita ao escritório londrino da XTX Markets, fundada por Alex Gerko, um antigo estudante da prestigiada escola, onde os convidados puderam ver a réplica da cápsula da Apollo 11 da empresa, máquinas de jogos e um corredor iluminado com mais de 30 mil LEDs que geram simulações do ciclo de vida das células.

Embora esses elementos se encaixem perfeitamente numa típica start-up de tecnologia, a XTX ganha dinheiro de uma forma mais antiquada: market-making.

A XTX, que está a crescer fora da Europa e a ganhar presença nos Estados Unidos, registou lucros de 117 milhões de libras em 2018, mais do dobro do ano anterior.

O sucesso da empresa proporcionou a Gerko uma fortuna equiparável à de um empreendedor da área da tecnologia. A sua fortuna é de 700 milhões de dólares, segundo cálculos do Índice de Bilionários da Bloomberg.

A XTX - o nome faz referência a uma fórmula matemática usada nos seus algoritmos de negociação - depende da análise de dados e de um enorme poder computacional. O site da empresa orgulha-se dos seus 42 petabytes de armazenamento utilizável e 850 terabytes de memória RAM, o que ajuda a empresa a gerir mais de 150 mil milhões de dólares em volume diário de negociação de ações, moedas, obrigações e commodities.

Dados do LinkedIn mostram que a empresa tem uma força de trabalho que mais facilmente se encaixaria em Silicon Valley do que na City de Londres, já que os funcionários especializados em ciência da computação superam em muito os profissionais com cursos de finanças e economia.

A XTX, numa medida que lembra uma antiga estratégia da Google, iniciou um concurso online este ano com um prémio de 100 mil dólares para ajudar na procura por cientistas de dados. Os eventos da equipa incluem competições de xadrez, e Gerko e a sua empresa patrocinaram as Olimpíadas Internacionais de Matemática, as Palestras Públicas de Matemática de Oxford e a King’s Maths School, em Londres.

Embora outras empresas, como a concorrente Citadel Securities, também tenham contratado profissionais de Silicon Valley, o compromisso da XTX com as competências tecnológicas destaca-se - a empresa não tem traders humanos e conta com apenas um vendedor.

Gerko fez um doutoramento na Universidade de Moscovo e, posteriormente, estudou na New Economic School. O executivo iniciou a sua carreira financeira a negociar ações no Deutsche Bank em 2004, antes de ser transferido para a área cambial. Em 2009, Gerko foi para o hedge fund GSA Capital.

Em 2015 fundou a XTX, que depois contratou Zar Amrolia, que divide as funções de CEO com Gerko. Amrolia também tem um doutoramento em matemática e foi vice-diretor de renda fixa, moedas e commodities no Deutsche Bank.

A sua mudança para a XTX, na época minúscula comparada ao gigante financeiro global que deixou para trás, parecia presciente menos de um ano depois, quando a XTX superou o Deutsche Bank no ranking do Euromoney Institutional Investor entre as maiores plataformas de negociação cambial do mundo.

A XTX continuou a expandir-se, abrindo escritórios em Singapura, Nova Iorque e, mais recentemente, em Paris. A empresa está a introduzir novos produtos, incluindo ações e títulos do Tesouro dos EUA.

 

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