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Empréstimo a empresa de hackers preocupa Wall Street

Ajudou o México a monitorizar El Chapo, mas também foi acusada de auxiliar a Arábia Saudita a espionar dissidentes.

Bloomberg
14 de Abril de 2019 às 15:00
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Agora chamada de NSO Group, a empresa que oferece serviços de pirataria a agências de inteligência tornou-se uma dor de cabeça para dois bancos de Wall Street que ajudaram a financiar uma aquisição do grupo com sede em Israel no mês passado. Depois de muito esforço para encontrarem interessados no empréstimo de 500 milhões de dólres, o Jefferies Financial e o Credit Suisse tiveram de injetar eles próprios dinheiro no negócio e agora estão a desfazer-se da dívida com um grande desconto, segundo fontes com conhecimento do assunto.

Os bancos acabaram por assumir o empréstimo depois de o produto de maior destaque da NSO ter começado a chamar a atenção das autoridades: uma ferramenta para piratear smartphones conhecida como Pegasus que ajudou a empresa a ganhar centenas de milhões de dólares com a venda de licenças a governos estrangeiros e agências de inteligência. Nas últimas semanas, a NSO tem procurado defender-se das acusações de que o Pegasus está a ser usado por países para espionar dissidentes: um cidadão saudita afirma que o software permitiu que o governo do país monitorizasse as suas comunicações com o jornalista assassinado Jamal Khashoggi.

"Não passámos dos estágios iniciais de análise devido aos nossos requisitos de ESG", disse Azhar Hussain, diretor de global high yield da Royal London Asset Management, referindo-se à sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança usados para selecionar potenciais investimentos. "Não seria a seleção de crédito ideal para o nosso portefólio, considerando a cobertura negativa dos media e a natureza do que a empresa faz".

No final, os bancos parecem ter encontrado investidores suficientes para fechar o negócio oferecendo um dos maiores descontos do mercado de empréstimos nos últimos anos.

Depois de procurar interessados durante um mês, o Jefferies fez uma série de mudanças favoráveis aos investidores na estrutura do empréstimo, como a redução do preço, abaixo da proposta inicial. O empréstimo deverá ser alocado na terça-feira. Algumas empresas que gerem obrigações de empréstimos colateralizados (CLO, na sigla inglesa) e que concederam financiamento à empresa no passado estão entre as interessadas no novo acordo, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as conversas são confidenciais.

O Jefferies e o Credit Suisse não quiseram comentar.

Ligação a Khashoggi

Em dezembro, Omar Abdulaziz, um crítico da Arábia Saudita que vive no Canadá, entrou com um processo contra a NSO em Israel, alegando que o software da empresa permitiu ao país piratear o seu telemóvel e controlar as suas comunicações com Khashoggi. Essas mensagens, de acordo com o processo, contribuíram para a decisão de assinar Khashoggi.

Shalev Hulio, cofundador e CEO da NSO, disse que a tecnologia da empresa não foi usada para investigar Khashoggi ou os seus familiares e que a NSO identificou apenas três casos de uso indevido desde o início das suas operações.

Fundada em 2010, a NSO vende os seus produtos exclusivamente a agências de inteligência e combate ao crime, segundo o site da empresa. O software da NSO é usado por países como o México e o Brasil, e a empresa diz que apoia as prioridades de segurança nacional de Israel, dos EUA e da Europa.

Texto originalHacker-for-Hire Accused of Aiding Saudis Is Worrying Wall Street

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