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Comissões «comem» 4,4% do investimento em bolsa
Para uma carteira de 2500 euros investida em quatro títulos da bolsa de Lisboa durante um ano, 4,4% é «comido» pelas várias comissões pagas pelos investidores. Este é o custo médio praticado pelos intermediários financeiros a operar no mercado nacional.
Para uma carteira de 2500 euros investida em quatro títulos da bolsa de Lisboa durante um ano, 4,4% é «comido» pelas várias comissões pagas pelos investidores. Este é o custo médio praticado pelos intermediários financeiros a operar no mercado nacional. O máximo chega aos 6,15% ou 153,75 euros. O presidente da CMVM considera estes custos «claramente elevados».
Para uma carteira de 2500 euros investida em quatro títulos da bolsa de Lisboa durante um ano, 4,4% é «comido» pelas várias comissões pagas pelos investidores. Este é o custo médio praticado pelos intermediários financeiros a operar no mercado nacional. O máximo chega aos 6,15% ou 153,75 euros.
Esta é uma das conclusões do estudo da CMVM "Custos da Intermediação Financeira em Portugal para o Investimento em Acções", hoje divulgado. O presidente da CMVM considera estes custos "claramente elevados".
"Estes custos são claramente elevados para um investimento de um ano, tendo em conta as actuais taxas de juros", afirmou Carlos Tavares, presidente da CMVM, na apresentação do estudo.
O custo total da negociação de acções inclui a comissão de corretagem, a comissão de custódia, a comissão de pagamento de dividendos e os encargos fiscais. O estudo conclui que ainda que existe uma grande disparidade entre o custo mais elevado e o custo mais baixo, que é de 2,75 pontos percentuais. A Netinvest, da Caixa de Crédito Agrícola, tem o custo mais baixo, 3,4% do valor investido (85 euros), e o Barclays o mais caro, com 6,15% (153,75 euros).
Para um investimento de 5000 euros, a média dos custos totais baixa para 2,57% e estreita-se a diferença entre o custo mais elevado e o mais baixo, que passa a ser de 1,37 pontos percentuais.
"Propusemos várias medidas de dinamização e incentivo ao mercado de capitais. Ao lado desses incentivos, é importante que não existam desincentivos ao investimento por parte dos pequenos investidores através dos custos praticados pelos intermediários financeiros", afirmou Carlos Tavares.
CMVM disponibiliza simulador para investidores
"Dada a multiplicidade de comissões, é importante que os pequenos investidores conheçam todos os custos para aferirem a rentabilidade dos seus investimentos", acrescentou.
Nesse sentido, a CMVM vai obrigar os intermediários financeiros a operar no mercado português a enviar à entidade reguladora do mercado de capitais o seu preçário de prestação de serviços actualizado e uma simulação simples dos custos. O mesmo se vai aplicar aos fundos de investimento.
A CMVM vai ainda disponibilizar na sua página da Internet um simulador para os investidores compararem preços na negociação directa de acções. "Justifica-se uma análise cuidada das comissões praticadas porque isso pode fazer a diferença", afirmou Carlos Tavares.
Custos anulam dividendos
A comissão de custódia de títulos e pagamento de dividendos é destacada no estudo. A média dos custos associados à guarda de títulos para uma carteira de 2500 euros é de 1,53%. A diferença entre a comissão mais elevada e a mais baixa é de 2,8 pontos percentuais.
O valor desta comissão é de tal maneira elevada que os investidores mais pequenos não conseguem qualquer retorno dos dividendos, inteiramente comidos pelos custos. Para uma carteira de 2500 euros, o investidor ainda tem de pagar em todos os intermediários.
A média é negativa em 1,09%. Isto é, os dividendos são "comidos" pelos custos. Ter acções em carteira para receber dividendos só compensa a partir de um investimento de 5000 euros. Ainda assim o retorno deduzido dos custos é, em média, de apenas 0,78%. Num investimento de 10.000 euros, a média sobe para 1,67%. Mais uma vez, o Barclays é o mais caro e o Netinvest o mais barato.
Usando a mesma metodologia, o estudo da CMVM chega à conclusão que a média das comissões de custódia e pagamento de dividendos é mais elevada nos intermediários financeiros portugueses do que espanhóis.
Negociar acções estrangeiras a partir dos intermediários financeiros portugueses também só compensa para quem esperar retornos elevados. O custo médio é de 8,55% para um investimento de 2500 euros, e chega a ultrapassar os 14% no intermediário mais caro. Para 5.000 euros de investimento o custo médio é de 4,29%.
O estudo apresenta simulações para um pequeno investidor de retalho que invista 2.500, 5.000 e 10.000 euros. O investimento é feito na mesma proporção nos quatro títulos com maior peso no PSI-20 e maior liquidez: EDP, BCP, PT e Brisa. A compra é feita em 14 de Dezembro de 2005, para vender a 13 de Dezembro deste ano, não sendo consideradas potenciais mais valias ou menos valias durante este período.
As ordens são executadas ao melhor preço num única transacção. São contabilizados dividendos ilíquidos iguais aos distribuídos aos accionistas em 2005. Os preçários usados foram os vigentes entre 13 e 21 de Dezembro de 2005, nos 17 intermediários financeiros portugueses com recepção de ordens através da Internet. São consideradas as comissões de corretagem (oito transacções, duas por cada título), comissões de custódia, comissões de pagamento de dividendos e impostos.