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Arcus: "Pagar dividendos na Brisa é prioridade mas difícil nesta fase"

A Tagus, que junta o fundo Arcus e o Grupo Mello, só vai decidir o que fazer à Brisa quando a OPA acabar, a 8 de Agosto. Uma OPA potestativa e a retirada da Brisa de bolsa são mesmo opções em cima da mesa. Em relação à Abertis, Daniel Amaral destaca, em entrevista ao "Diário Económico" um ponto: "Espanta-me o método e a pressão que poderá ter sido colocada sobre a CMVM".

03 de Agosto de 2012 às 10:14
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“Pagar dividendos é uma prioridade, claramente, mas é difícil que isso possa ser feito nesta fase”. Quem o diz é Daniel Amaral, “partner” do fundo de investimento britânico Arcus, que lançou, juntamente com o Grupo José de Mello, uma oferta pública de aquisição sobre a Brisa.

Em entrevista ao “Diário Económico”, Daniel Amaral afirmou que se tem de “criar condições para assegurar que a Brisa possa pagar dividendos”. Contudo, salientou que é difícil, já que é um processo negocial que “tem de ser encetado com várias partes” e com as instituições financeiras. E isso é difícil neste momento, acrescentou.

A relação com a banca é, neste momento, “difícil”, porque a situação actual do mercado “não ajuda”. Ainda assim, o “partner” da Arcus diz que há uma “relação de confiança com a banca” e não acredita que haja razões para isso modificar.

A Arcus e o Grupo Mello chumbaram, no início de Abril, a distribuição de dividendos relativos a 2011, naquela que foi entendida como uma pressão para que os investidores vendessem na OPA. Isto porque o preço definido como contrapartida da OPA, na altura os 2,66 euros (depois revistos em alta para 2,76 euros) tinham incluídos o preço do dividendo. Quer isto dizer que, sem distribuição de dividendos, os accionistas só iriam ter direito àquela remuneração se vendessem na OPA, já que o valor incluía o dividendo.

OPA potestativa em cima da mesa

Relativamente à OPA, Daniel Amaral diz que a Arcus não considera desinvestir na Brisa no médio prazo, já que acredita que há condições para criação de valor. Neste momento, com a celebração do acordo, o veículo Tagus, que reúne as posições do fundo de investimento e do Grupo Mello, com direitos de voto de 53,7%, já há uma posição de controlo, pelo que não é definido nenhum mínimo para o sucesso do negócio.

Se ultrapassar os 90% dos direitos de voto da Brisa e os 90% dos direitos de voto abrangido pela oferta (que exclui as posições do Grupo José de Mello e da Arcus), a “Tagus pondera também proceder à aquisição potestativa das acções não vendidas em OPA”, ou seja, pretende obrigar os restantes accionistas a alienar, de modo a ficar com os 100% da concessionária.

Dependendo dos valores da oferta está, igualmente, o pedido de perda de sociedade aberta pela Brisa, o que estabelece a sua saída em bolsa. "Poderá vir a ser requerida a perda da qualidade de sociedade aberta pela Brisa", admitiu. “Não há decisões sobre a matéria”, acrescentou Amaral ao “Diário Económico”. Mas a verdade é que serão questões que vão ser ponderadas pela Tagus e não apenas formalidades inscritas no prospecto da operação.

“Vamos agir em função do nível de aceitação e dos níveis de liquidez da acção que forem conseguidos”, resumiu.

“Espanta-se o método e a pressão sobre a CMVM”

Ao mesmo tempo, Daniel Amaral defende que a posição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que atrasou o registo da OPA e que obrigou à revisão em alta da contrapartida, é legítima, mas mostrou-se espantado pelo “método e a pressão que poderá ter sido colocada sobre a CMVM”.

Essa pressão é atribuída à Abertis, a segunda maior accionista da Brisa que ainda não decidiu se vai vender na OPA, que sempre se mostrou desconfortável com o valor pago como contrapartida da OPA. A Abertis só decide a venda, ou compra, a 8 de Agosto, quando a oferta terminar. Se ficar, Daniel Amaral assegura que não há um "sentimento negativo" em relação à espanhola.
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