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Albuquerque abre a porta a "coligação de vontades" na UE para união do mercado de capitais
O ideal, diz a nova comissária europeia para os Serviços Financeiros, é que todos os Estados-membros se juntem, mas avançar com grupos mais pequenos é agora opção.
A união de mercados de capitais europeia pode avançar mesmo sem o acordo dos 27 Estados-membros. Quem o diz é a portuguesa Maria Luís Albuquerque, a nova comissária europeia para os Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento.
"O que estou a dizer é que pode haver associações entre diferentes Estados-membros. Podem agrupar-se e promover isto e encontrar as melhores soluções. Mas a questão é saber se vamos estar à espera que cada um desenvolva o seu próprio mercado de capitais? Isso ainda não aconteceu", disse Albuquerque à Bloomberg, na sua primeira entrevista como comissária, sublinhando que é preferível que todos países adiram à iniciativa, mas abrindo a possibilidade para outros cenários.
Nesta entrevista, a comissária disse não querer antecipar-se, mas indicou que esta "coligação de vontades" - nas palavras de Albuquerque - poderia incidir, por exemplo, sobre como crescer o mercado europeu de investimento em retalho ou em alinhar o tratamento fiscal a dar aos investimentos transfronteiriços.
Na última década, a União Europeia (UE) tem tentado chegar a um acordo para reduzir barreiras e criar um mercado de capitais mais forte na UE, mas os progressos têm sido lentos, com os países a manifestarem dúvidas sobre questões como a regulação ou impostos.
"Atualmente, temos cerca de 11 biliões de euros em contas bancárias. Mesmo que uma pequena parte desse montante possa ser aplicada nos mercados de capitais, nomeadamente em ações, isso faz uma enorme diferença para a para a capacidade de as nossas empresas obterem o capital de que necessitam", disse.
Bancos maiores vão ser "benéficos para todos os clientes"
Além do mercado de capitais, também a união bancária está a causar resistência, numa altura em que se verificam movimentações para criar gigantes na banca europeia. Maria Luís Albuquerque defende, no entanto, que há mais a ganhar do que a perder.
"É uma consequência natural da união bancária assistir a fusões transfronteiriças. Temos de compreender que os bancos maiores podem prestar melhores serviços a custos mais baixos. Se tivermos bancos maiores a operar a nível
transfronteiriço, isso será benéfico para todos os clientes", disse a comissária.
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