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Larry Fink: "É impossível saber se os mercados já bateram no fundo"

O CEO da BlackRock mantém um discurso de esperança, ainda que alerte para os desafios criados pelo surto da covid-19.

Stefan Wermuth/Bloomberg
31 de Março de 2020 às 12:53
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"Quando me sentei pela primeira vez para escrever esta carta, estava no meu escritório a pensar em como descrever os eventos de 2019. Hoje isso parece uma realidade distante". É assim que Larry Fink, CEO da BlackRock, começa a carta dirigida aos acionistas da maior gestora do mundo. Num tom cauteloso, mas de esperança, Fink afirma que o mundo vai conseguir superar esta crise, mas é impossível saber se os mercados já tocaram em mínimos.


2019 foi um ano histórico para os mercados, mas 2020 também o está a ser. E, ao contrário do que aconteceu no ano passado, este ano está a fazer-se história mas não é pelos melhores motivos. Ações e matérias-primas já viveram, desde o início do ano, as piores descidas de sempre, com a economia global a enfrentar uma situação sem precedentes devido ao surto do coronavírus. 


"Nos meus 44 anos de experiência nas finanças, nunca vivi nada assim", realça Larry Fink. O CEO da BlackRock, na sua tradicional carta dirigida a investidores, refere que "o surto [da covid-19] afetou os mercados financeiros com uma rapidez e ferocidade normalmente apenas vista numa crise financeira clássica", adiantando que "numa questão de semanas, os índices acionistas globais caíram de recordes para um ‘bear market’".


A escrever a partir de sua casa, assim como milhões de pessoas por todo o mundo, o líder da maior gestora do mundo destaca que "as implicações do surto do coronavírus para todos os países e para os nossos clientes, funcionários e acionistas são profundas e vão repercutir-se por vários anos". Fink nota ainda que "quando sairmos desta crise, o mundo vai ser diferente. A psicologia dos investidores vai mudar. O negócio vai mudar. O consumo vai mudar."


Mas, apesar dos desafios serem grandes, o CEO da BlackRock acredita que a ação de governos e bancos centrais vai ajudar a economia global a superar os problemas criados pela epidemia, adiantando que os programas de estímulo lançados nas últimas semanas deverão ser mais eficazes e rápidos que na crise financeira de 2008.


"Por mais dramático que tenha sido, acredito que a economia vai recuperar-se de forma firme, em parte porque esta situação não tem alguns dos obstáculos à recuperação de uma crise financeira típica", argumenta Fink.


Oportunidades de longo prazo, mas não sem risco


Em termos de investimento, o responsável nota que uma estratégia de longo prazo é mais necessária que nunca e o sell-off de 2020 criou oportunidades de investimento interessantes nas ações para alguns clientes mais agressivos. Mas estas oportunidades não vêm sem risco. Bem pelo contrário.


"É impossível saber" se os mercados já bateram no fundo, alerta Fink. O líder da BlackRock refere ainda que há "desafios significativos para negócios altamente endividados e, se os governos não forem cautelosos no desenho dos seus programas de estímulo, a dor económica do surto vai cair de forma desproporcional sobre os mais vulneráveis economicamente".


Larry Fink acredita, assim, que "empresas e investidores com uma forte abordagem e um forte sentido de longo prazo vão conseguir navegar melhor esta crise".

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