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Quer trabalhar seis horas diárias? Mude-se para a Suécia

A correlação entre horários reduzidos de trabalho e maior produtividade não é nova. Nem sequer é inovadora a experiência que o governo sueco está a realizar com o horário laboral de 30 horas semanais em alguns dos seus serviços públicos. Mas e até agora, é apenas uma experiência que poderá abrir caminho para o aumento da produtividade, da satisfação e saúde dos trabalhadores e de maiores lucros empresariais. E sim, o sector privado sueco é o mais optimista nesta história, com várias empresas “aderentes” a confirmarem os seus benefícios

09 de Outubro de 2015 às 14:40
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Enquanto em Portugal ainda não se sabe bem quem ganhou ou quem perdeu as eleições, os líderes partidários se desdobram em reuniões, e pelo menos metade do país oferece bitaites no Facebook e seus congéneres sobre o estado do País – o governo da Suécia está a levar a cabo uma experiência que poderá mudar para sempre a equação "mais horas de trabalho, maior produtividade".A notícia saltou para as páginas dos jornais, foi partilhada nas redes sociais, e apresentada como uma espécie de "loucura sueca", apesar de, em alguns casos, muito descontextualizada. E porque as pessoas só lêem o que querem ler, de repente, toda a gente desatou a falar do alto da sua sapiência afirmando que a Suécia iria implementar uma jornada de trabalho de apenas seis horas diárias e que bom que era podermos fazer o mesmo. Mas não é bem assim. O que a Suécia está a fazer é uma experiência-piloto, exactamente denominada como a "experiência de Svartedalens", nome de um lar de idosos público, em Gotemburgo, a cidade escolhida, há cerca de um ano, pelo executivo sueco para testar este novo modelo enquanto um possível caminho para se aumentar a produtividade.


Como em qualquer outra experiência "laboratorial", existem dois grupos de controlo: um que continua a trabalhar as sete horas diárias – que são já uma realidade nos países escandinavos, conhecidos pelas suas políticas de conciliação família-trabalho e os que menos horas trabalham entre os países da OCDE – e um outro, em que lhes foi retirada uma hora ao seu horário normal, e para o qual existem já alguns benefícios comprovados, sendo que o salário permanece inalterado. Por outro lado, o município foi obrigado a contratar pessoal extra para este período experimental, o que também coloca um problema de custos acrescidos. Os resultados estão a ser devidamente monitorizados – a experiência só terminará em finais de 2016 – e a inspirar outros serviços a fazerem o mesmo, como por exemplo o de cirurgia ortopédica do hospital universitário de Sahlgrenska, também na cidade de Gotemburgo, e em outros departamentos de mais dois hospitais em Umeå. Citado pelo The Huffington Post, Mats Pilhelm, um vereador da cidade de Gotemburgo, está convicto que os funcionários públicos que pertencem ao grupo de teste das seis horas semanais irão tirar menos dias por doença, sentir-se melhor, física e mentalmente e, por conseguinte, serão mais produtivos. Na medida em que a turnos alargados, correspondem também mais pausas, o vereador explica: "cada vez que um trabalhador faz uma pausa, demora, em média, 15 minutos a ‘voltar ao trabalho’, dado que existe um tempo necessário para se "reencontrar o fio à meada", acrescenta ainda.

Para já, o que o governo quer saber é se esta redução de horário se traduz em maiores índices de produtividade e em menos dias de baixa por doença anuais, abrindo a possibilidade de, caso os resultados sejam positivos, estender o mesmo horário a outros sectores da função pública. Todavia, e porque a solução também apresenta custos adicionais, e não propriamente fáceis de avaliar, para além de não ser consensual por parte de todas as alas partidárias, o projecto poderá cair por terra na medida em que a coligação de centro-esquerda perdeu a sua maioria na cidade de Gotemburgo e os Conservadores e os Liberais opõem-se firmemente à redução do horário de trabalho.

A boa notícia é que a tendência está a disseminar-se, e com sucesso, no sector privado, o qual tem já experiências de vários anos – as seis horas de trabalho não são propriamente uma novidade na Suécia – que comprovam o aumento de produtividade, de satisfação dos trabalhadores e de maiores lucros empresariais. Mas também é verdade que esta jornada diária "ideal" não é assim tão linear quanto parece, sendo necessário analisá-la com o cuidado que merece.

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